Em entrevista especial à Revista de Domingo, o candidato ao governo Marcelo Déda Chagas fez uma observação a respeito do Partido dos Trabalhadores que considero merecedora de uma reflexão: “O PT não é um partido de corruptos”.
Essa afirmação de Déda pode ser considerada natural se levarmos em conta que toda regra tem exceção. O que é uma grande verdade. Toda regra sempre conta com honrosas – ou não tão honrosas – exceções. Só que no caso do PT, pelo que se assistiu no país ao longo dos últimos meses, houve uma inversão de valores nessa teoria a partir do momento em que os corruptos, que deveriam ser considerados exceção à regra, passaram para a população uma nítida impressão de serem maioria dentro do partido, diante do peso de nomes como Zé Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares, Silvio Pereira, Luiz Gushiken, envolvidos em prática de corrupção ativa e passiva dentro do governo petista. Nomes que eram, até então, a “cara” do partido, por serem fundadores e dirigentes máximos da legenda.
Como seria possível, agora, dissociar a imagem de corrupção, atrelada ao partido já a partir de 2004, com o caso Valdomiro Diniz, ex-assessor de Dirceu pego em maracutaia no Congresso? Ou, mais recentemente, com os sucessivos escândalos promovidos pelo chamado Valerioduto?
A resposta é simples: não dá mais. O PT terá, sim, que conviver por um bom tempo com essa pecha de partido de corruptos, que tanto tentou imputar aos outros. E, quem sabe, num futuro não tão próximo, possa ser reciclado com o retorno de valorosos companheiros ideológicos de outrora, obrigados a abandonar, cabisbaixos, uma militância de 25 anos.
O próprio presidente Lula da Silva dá o exemplo da mais pura “repugnância” ao PT ao não querer seu nome vinculado ao partido como antigamente. Tanto é assim que os “petistas” de ontem deram lugar aos “lulistas” de hoje, nesta eleição.
Portanto, sou obrigado a discordar, em parte, com o candidato Marcelo Déda quando ele diz que o PT não é um partido de corruptos. A pecha ficou.