A imprensa evoluiu lentamente no Brasil, desde que começaram a circular entre os brasileiros os jornais, a começar pelo Correio Brasiliense, criado em Londres, na Inglaterra, por Hipólito da Costa, em 1808, com edição em língua portuguesa. Dom João VI deu os passos definitivos ao criar a Imprensa Régia, logo depois, abrindo caminho para que surgissem no Brasil, principalmente depois de proclamada a Independência de 1822, os jornais provinciais, dos quais apenas um ainda circula, que é o Diário de Pernambuco, o mais velho de toda a América Latina, editado no Recife desde 1826, ou há exatos 180 anos. Em Sergipe a imprensa de Silveira & C, em Estância, editou, em 1832, o Recopilador Sergipano, com o propósito de dar publicidade aos atos da administração provincial. Foi uma folha efêmera, como as demais que apareceram em Sergipe, antes do Correio Sergipense, que circulou em São Cristóvão de 1838 a 1855 e que acompanhou a mudança da capital, para Aracaju, e aqui manteve-se até 1866, sendo, pela sua longevidade de quase três décadas, o mais importante repositório de informações e de registros da vida sergipana. Na história da imprensa em Sergipe são muitos os jornais que alcançaram décadas de tiragem regular, como são em grande número aqueles órgãos que brilharam como meteoros e cedo desapareceram do cenário jornalístico. O século XX, por exemplo, contou com diversos jornais importantes, resistentes, como o Sergipe Jornal, Diário da Manhã, A Cruzada, Correio de Aracaju, Diário de Sergipe, O Nordeste, A República, antes do aparecimento das emissoras de rádio, entre o final dos anos de 1930 e começo dos anos de 1940, com a Rádio Difusora de Sergipe. Na década de 1950 surgiram as rádios Liberdade e Jornal, de orientação político-partidária, a primeira ligada diretamente a UDN, e asegunda ao PSD, e na década seguinte, a Rádio Cultura, de orientação católica, popularizando o bispado de Dom José Vicente Távora. Depois foram instaladas outras emissoras – Atalaia AM e FM, Liberdade FM, Delmar, todas na capital, disputando a audiência dos sergipanos. Na segunda metade do século XX Sergipe contou com poucos jornais, e viu desaparecer muitos deles, vendo surgir uns poucos, como a Gazeta Socialista, mais tarde mudada para Gazeta de Sergipe, que foi uma escola de jornalismo, formando profissionais marcados pelo compromisso com o Estado e com o povo sergipano. Cada jornal tem sua história própria, seu papel, suas circunstâncias, como tem figuras de jornalistas engajados, cumprindo diariamente com o fascinante trabalho de informar, e de contribuir para a melhor compreensão dos fatos cotidianos, formando uma opinião pública que, em última análise concorre para fazer melhor o Estado e a vida que nele há. O fechamento da Gazeta de Sergipe, em 2004, com quase 50 anos de intensa atividade, representou uma grande perda. Ao invés do espaço aberto das suas páginas, estabeleceu-se o silêncio e o vazio de sua falta, retirando do conjunto da sociedade um meio de participação no dia-a-dia de Sergipe e dos sergipanos. Os jornais que restam – Correio de Sergipe, Jornal da Cidade contam, há pouco tempo, com o reforço do Jornal do Dia, uma experiência que vem dando certo, graças ao esforço dos seus diretores, como o experiente Gilvan Manoel, que editou vários jornais, sempre com competência e sucesso. Está ocorrendo, atualmente, outro confronto de tecnologia. Depois do rádio e de algum modo da televisão, os jornais enfrentam a Internet, como seus provedores que oferecem, instantaneamente, em tempo real, farto volume de informações, comentários, e tudo o mais que antes era encontrado apenas nas páginas dos jornais. O efeito tem sido devastador. Nos grandes centros os jornais consolidados estão reduzindo o tamanho e o número de páginas, como é exemplo o Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, dentre tantos outros. É certo que há uma tendência, em várias partes do mundo, em favor do formato tablóide. Mas não é o caso do Brasil, onde o modelo standard generalizou-se, com a única exceção do Zero Hora, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Os jornais de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, que sempre circularam em Sergipe, eram de formato grande, deixando o formato nanico para os semanários. No caso sergipano os jornais que começaram a circular como tablóides passaram, logo que possível, ao formato Standard. Para piorar as coisas, houve uma diminuição drástica na circulação dos jornais do Rio e de São Paulo em Sergipe. O JB, a Folha de São Paulo, e outros jornais não são encontrados nas bancas de Aracaju. Resta apenas a assinatura, pelo correio. Isto tudo acende a peleja entre os jornais e a Internet. E por enquanto a Internet está levando vantagem.
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