Luiz Antonio Barreto
A Ponte |
A Ponte do Desembarque transformou-se, no tempo, em Ponte do Imperador, passou a ser o maior dos ícones da cidade e capital de Sergipe. Ainda que sua denominação suscite discussão, se ancoradouro ou atracadouro, ou ponte, não resta dúvida quanto ao símbolo que passou a ser, depois da visita imperial. É que antes de ser construída, as pessoas que chegavam a Aracaju desciam dos navios para pequenos barcos e destes chegavam em terra firme nas costas dos estivadores, naquela época escravos, em sua maioria. Não ficava bem que o Imperador Pedro II, sua mulher Tereza Cristina Maria de Bourbon e todos os ilustres integrantes da comitiva imperial tivessem que descer, um por um, nas costas dos trabalhadores do cais. Durante décadas, a Ponte do Imperador serviu mesmo de atracadouro, utilizando-se das laterais para receber os barcos de pequeno e de médio porte, que entravam no estuário do rio Sergipe. Ainda hoje, vez por outra, um vaso de guerra da Marinha brasileira ancora na velha Ponte do Imperador.
Com a resistência de um jovem, contava 34 anos quando esteve em Aracaju, o Imperador Pedro II desceu fogoso do vapor e entrou na praça, misturando-se com o povo para cumprir uma programação que, durante dez dias, mostrou a Província – Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Maroim, Estância, o canal do Pomonga, o engenho Escurial – complementando a visão que ele teve de outros pontos de Sergipe, principalmente Vila Nova (Neópolis) e Propriá, quando navegou pelo rio São Francisco, para visitar, em outubro de 1859, a Cachoeira de Paulo Afonso. Seu programa diário de visita em Aracaju significou uma vistoria das obras que estavam em curso na cidade, desde a mudança da capital, em 17 de março de 1855. Um relato completo da visita foi feito por Luiz Álvares dos Santos, médico, professor e jornalista baiano, atendendo ao Presidente da Província Manoel da Cunha Galvão, e publicado na Bahia, pela Tipografia do Diário, em 1860.
A Casa de Oração |
A comitiva imperial foi hospedada no Palácio Provisório, mandado construir também no tempo de Inácio Barbosa, na praça do Palácio, esquina com a rua da Aurora. O prédio passou por uma adaptação, com acréscimos, e uma decoração especial para aqueles dez dias de delírio da nascente sociedade aracajuana. Pinturas, quadros, móveis, objetos de decoração, quase todos fornecidos pelo comerciante argelino José Narboni, fizeram do improvisado Paço Imperial um símbolo de luxo, digno da nobreza brasileira e naqueles dias um centro de manifestações festivas.
O Paço |