Chega à Academia Sergipana de Medicina nesta quarta-feira, dia 6 de dezembro, para tomar posse na cadeira 39 do sodalício, que tem como patrono o saudoso João Gilvan Rocha, o médico Marcos Aurélio Prado Dias, com uma larga folha de bons serviços prestados à comunidade sergipana. Chega com atraso.
Discorrer sobre a vida de uma personalidade notável, sem omitir ou exagerar as características que a compõem, não é tarefa fácil. Mais ainda quando se é irmão. “Cada objeto se projeta influenciado pela luz que o desenha. O meio o aclara ou sombreia. Nunca as linhas são as mesmas”, nas palavras de Agenor Porto.
Não houve planície em sua vida. Nela, tudo foi esforço, dedicação, luta e estoicismo, sempre com a cabeça erguida e o olhar firme, mas com generosidade e solidariedade, traços mais marcantes de sua personalidade. Os cargos que exerceu e as funções que desempenhou, chegaram-lhe por méritos pessoais.
Primeiro filho do jornalista Antonio Conde Dias, seu Tonico e Dona Natália Prado Dias, nasceu em 18 de outubro de 1944, em Aracaju. Fez o ensino fundamental no Grupo Escolar Felisbello Freite, em Itaporanga d’Ajuda, com a professora Raquel Rios de Lima, a professora Tinô, de quem todos os itaporanguenses daquela geração foram alunos. Depois, ainda jovem, veio para Aracaju onde manteve internato no Instituto Santo Antonio e depois no Colégio Jackson Figueiredo. Fez o antigo científico no Atheneu Sergipense. Formou-se na quarta turma da Faculdade de Medicina de Sergipe, em 1969.
A medicina, como a educação, têm sido os eixos norteadores da sua vida. Medicina como profissão, o magistério como primeira fonte de subsistência, a educação presente como professor e depois como gestor, que por duas ocasiões, à frente da Secretaria de Estado da Educação, soube honrá-la e dignificá-la.
Iniciou suas atividades profissionais no Hospital Santa Isabel como cirurgião geral e plantonista do Pronto-Socorro do Hospital de Cirurgia, permanecendo nesta unidade até 1974. A decisão pela coloproctologia veio no final dos anos 70, quando Alberto Bomfim se transferiu para outro Estado. Em 1971, fez Curso Integrado de Cirurgia e Gastroenterologia no Hospital dos Servidores do Estado de São Paulo, sob a coordenação da Professora Angelita Habr Gama, Fábio Goffi e Vicente Amato Neto. Em 1973 foi aprovado em Concurso de Títulos para Oficial Médico promovido pela Polícia Militar de Sergipe e Hospital da mesma corporação. Em 1975, recebeu o Título de Especialista em Colo-Proctologia outorgado pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia e Associação Médica Brasileira. Atuou como membro do Conselho Federal de Medicina, do qual foi conselheiro e secretário, de 1978 a 1988. Através convênio da UFS com a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, fez Curso de Especialização e Aperfeiçoamento em Cirurgia, no seu módulo abdominal, no anos de 1981-1982.
Uma faceta típica de nosso enfocado foi a sua predisposição em ajudar os colegas que lutavam por uma oportunidade de crescimento; talvez por recordar das dificuldades que passou durante a sua formação, abriu seu coração para os futuros médicos. Pelas suas mãos, galgaram degraus na vida os irmãos Roberto e Genival Ferreira, Sérgio Lopes, o futuro ortopedista José Alves Nascimento, João Cassimiro, Manoel Marcos e José Luiz Sandes. Mas ele não ficava somente na colaboração fria, formal, protocolar. Abria as portas de sua casa e o convívio de sua família para que essas pessoas tivessem o amplo apoio, a amizade e fraternidade.
Como médico engajado nas ações de saúde, coordenou o Setor de Perícias Médicas do INPS de 1974 a 1980. Dirigiu o Centro de Aperfeiçoamento das Equipes de Saúde do INAMPS – CEAPES, de 1981 a 1982 e o Posto de Assistencia Médica da Rua de Geru – o PAM 432, de 1985 a 1986.
Em 1991 fundou a Sociedade Sergipana de Coloproctologia, sendo seu primeiro presidente. No ano seguinte, assumiu a presidencia da Sociedade Norte Nordeste de Coloproctologia. Mais tarde foi aprovado como Mestre do Capítulo Sergipano do Colégio Brasileiro de Cirurgião, defendendo a monografia “Hemorroidectomias – estudo comparativo entre três técnicas – 5.000 casos”, apresentado na sede do CBC no Rio de Janeiro. Atualmente ocupa o cargo de vice-mestre do Capítulo Sergipano do CBC, com sede na SOMESE. Preside ainda a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores- Secção Sergipe e mantém atendimento regular na Clinica Diagnose e nos hospitais da cidade.
Teve importante participação na imprensa sergipana, publicando artigos nos jornais “Diário de Aracaju”, “Gazeta de Sergipe”, “Jornal da Cidade” e “Correio da Manhã”. Criou os suplementos semanais “Conheça Melhor o seu corpo” publicado nos jornais “A Estancia” e “A Cruzada”. Juntos fundamos o suplemento “PRESCREVER”, publicado por 3 anos nas edições dominicais do “Correio de Sergipe”. Coordenou a seção O BISTURI, no “Jornal da SOMESE”. Seguiu assim os passos do nosso pai, o jornalista Antonio Conde Dias, que por muitos anos colaborou com os principais jornais de Sergipe.
Pronto para servir ao povo de Sergipe, assumiu funções importantes no Governo do Estado: Secretário de Estado da Educação e Presidente da Fundação Hospitalar no governo de Antonio Carlos Valadares. Secretário de Estado da Administração e Presidente do Instituto Parreiras Horta no segundo mandato do engenheiro João Alves Filho e novamente Secretário de Estado da Educação no atual governo, com breve passagem na presidencia da Sergás. Presidiu o Instituto Tancredo Neves em Sergipe desde a sua fundação, transformando a entidade em referência nacional.
Em 1971 casou-se com Angela Monteiro de Almeida, médica e psicanalista e juntos tiveram três filhos. Luciana, casada com o Sr. Wolney Barroso e pais de Mariana, sua segunda neta, nascido neste ano. Fabíola, casada com o Dr. Francisco Alves Junior, que deram ao novo imortal o seu primeiro neto, Rafael, nascido em 11 de dezembro de 2002. E finalmente, Marcos Aurélio de Almeida Dias, o filho mais novo, universitário e ainda solteiro.
Poderia buscar mais realizações e histórias de vida desse ilustre cidadão sergipano, como músico, compositor (Tema de José), cineasta (A Morte do Templo, “To te ajeitando” ), pescador, professor (do Atheneu e da Faculdade de Medicina), escritor, político e líder de sua geração. A Academia estava necessitando de confrades entusiastas, envolvidos e afinados como ele, dispostos a sacudi-la e fazer manter a situação que conceitualmente lhe é requerida – a de liderança do pensamento médico aliado ao aprimoramento cultural. Por isso, seja bem vindo!