A Rede Globo de Televisão promoveu, nesta terça-feira, debates entre candidatos a governadores de todos os estados brasileiros. A emissora gaba-se de dar oportunidade aos eleitores de fazer opção por quem tiver melhor projeto de governo e por aquele que oferecer propostas que vá de encontro aos anseios da sociedade. Gaba-se também de promover uma discussão que favorece à democracia. Os debates promovidos pela Rede Globo, e já realizados por outras emissoras de televisão, não ajudaram em nada aos candidatos a conquistar eleitores, através de suas idéias e programas. As próprias regras dos debates não são democráticas, porque dão limitações aos candidatos e restringem ao que interessa à emissora que promove o confronto. Em São Paulo, por exemplo, assim como em Aracaju, os jornais noticiaram os debates sem muito destaque e os consideraram frios. Muito frios. E o são. Como imaginar que qualquer cidadão, por mais inteligência e discernimento que tenha, possa falar sobre um programa para resolver os problemas da Educação de seus estados, em apenas dois minutos? E uma réplica em um minuto? A Educação pública, em qualquer município de apenas 20 mil habitantes, um projeto para o setor levaria, no mínimo, uma semana. A Rede Globo impõe que se reduza isso a 120 segundos. É impossível alguém tratar de qualquer direito básico do cidadão em tão pequeno espaço de tempo. Debater é discutir idéias. É expor opiniões e ouvir observações críticas boas ou contraditórias. Qual a discussão de um tema como “Estradas”, posto ontem no debate da Rede Globo, em Sergipe, se ela começa com uma pergunta de adversários, geralmente embaraçosa? Por exemplo, esse item foi sorteado para o candidato do PDT, João Fontes, perguntar ao seu adversário do PT, Marcelo Déda. Fontes aproveitou para fazer uma indagação que parecia mais uma “pegadinha”: qual a razão de sua omissão à construção da BR-101. Déda deu a resposta que pode em dois minutos e João Fontes fez a réplica em 60 segundos. Tudo bem: mas qual o programa de Déda para esse setor? Primeiro, o tempo não era suficiente para mostrar um projeto amplo que favorecesse à economia do estado. Segundo, o ex-prefeito não podia expor nada, tinha que responder. E só responder. Outro erro grave: o debate não dá oportunidade ao candidato que pergunta, de também revelar um programa sobre estradas, para – aí sim – o eleitor ter condições de fazer avaliação do qual é melhor. A lógica desse tipo de debate seria que todos os candidatos tivessem maior tempo para expor aos eleitores todos os temas sugeridos, como educação, estradas, saúde, corrupção, investimentos e agricultura. Evidentemente que entre essas questões não poderia estar a corrupção, porque nenhum candidato tem projeto para ela. Se era para discutir programas, porque colocar um tema como a corrupção? As outras questões teriam que ser obrigatoriamente apresentadas por todos aqueles que foram à televisão para conquistar votos ao tentar convencer aos eleitores que o seu projeto é o melhor, o mais eficiente e que merece a sua confiança para administrar o estado. Depois que cada candidato apresentasse programas aos eleitores, é que se podia abrir o debate, através de perguntas, sobre os temas tratados por todos. Daí então se entraria no embate, mas sempre dentro de uma discussão educada, produtiva, que mexesse com o sentimento do eleitorado e conquistasse o seu voto. O maior problema desses debates é exatamente o engessamento de quem precisa falar, mas as regras o fazem calar, ou engolir, ou sequer ter tempo de abordar. Dentro desse raciocínio, não dá para dizer quem é o vencedor de qualquer confronto, até mesmo porque a discussão de idéias – o que não acontece nessas disputas – não é uma luta de boxe, onde um pugilista precisa massacrar o outro para ganhar por pontos ou nocaute. Há necessidade de repensar as regras dos debates, para que eles não sejam uma troca de perguntinhas incômodas para colocar adversários na parede. Se é para colaborar com a democracia e ajudar o eleitor a escolher o melhor candidato, sinceramente os debates não estão alcançando esse objetivo. ASFALTO A Petrobras, vencedora da licitação para fornecer asfalto à Secretaria da Infra-Estrutura, não entregou o produto na conclusão da ponte Aracaju-Barra. A empresa está alegando problemas na refinaria Landulfo Alves, na Bahia, que fornece o produto, para justificar a falha. COINCIDÊNCIA Aliados do governador João Alves Filho vêem muita coincidência. A secretaria, sem o asfalto prometido, se viu obrigada a colocar uma camada fina na ponte. E está conseguindo, com muito custo, fazer o recapeamento de rodovias. Depois colocará a segunda parte. A Petrobras venceu uma licitação estadual para fornecimento de asfalto. CANSADO-1 O governador João Alves Filho (PFL), candidato à reeleição, estava visivelmente cansado no debate do qual participou na TV-Sergipe. João não tem parado em todo esse período de campanha e dorme no máximo 5 horas por dia. De hoje até domingo a correria será grande. CANSADO-2 O ex-prefeito Marcelo Déda, candidato a governador pelo PT, também se mostrou no limite da resistência e extremamente magro. Déda já estragou alguns pares de tênis em suas caminhadas, além das carreatas, comícios e visitas ao interior. A campanha é muito dura. TOETA O candidato a deputado estadual Nelson Araújo (PMDB) disse que o candidato do PSTU, Toeta, saiu-se melhor: “ele deu o seu recado à sociedade”. Segundo Nelson, “o governador João Alves Filho estava tranqüilo”. Admitiu que João Fontes teve uma atuação exagerada. SERVIÇO Um aliado recente do ex-prefeito Marcelo Déda considerou ontem o debate sem novidades e culpou as regras de impedir uma maior desenvoltura dos candidatos. Pediu omissão do nome e considerou que o candidato do PDT, João Fontes, estava a serviço do candidato João Alves Filho (PFL). RESPOSTA O deputado federal João Fontes diz que não está preocupado que alguém pense assim: “o importante é que o eleitor tenha conhecimento em quem está votando”. Ontem à tarde estava fazendo uma caminhada pelo centro da cidade. Lembrou que todas as noite reza: “livrai-me do PT, amem, e do PFL também”. FITA A fita que o candidato do PDT, João Fontes, exibiu como documento de desavenças anteriores entre aliados da coligação que apóia Déda é de 1988. Ela contém muitos insultos e acusações graves que, à época, comprometiam moralmente muita gente que hoje está se portando como arauto da moralidade. COMPRA Está havendo compra de títulos, junto com carteiras de identidade, na periferia de Aracaju e na zona rural de cidades do interior. Um cabo eleitoral tem comprado esses documentos por até R$ 20,00 com a promessa de devolvê-los segunda-feira. PESQUISA O Ibope requereu um registro para realização de pesquisa, junto ao TRE de Sergipe no dia 23 e está ouvindo eleitores desde terça feira e termina amanhã. O resultado dessa pesquisa deve ser publicado nesta sexta-feira durante o SE-Notícias, da TV-Sergipe. Será a última pesquisa deste primeiro turno. DESPEDIDA Os candidatos majoritários fizeram ontem seus últimos programas. Agradeceram pelo tempo que ocuparam o horário na TV e pediram o voto. João Alves e Maria do Carmo apareceram juntos e trocaram beijos na face. Marcelo Déda manteve programas e convidou os sergipanos à vitória. PROIBIDO O governador João Alves Filho (PFL), candidato à reeleição, ainda não pode atravessar a ponte que leva o nome do seu pai e liga Aracaju à Barra dos Coqueiros. Ontem uma passeata que reuniu milhares de pessoas não teve permissão de atravessar a ponte. O pessoal passou próximo e foi para a praça Fausto Cardoso. CAMINHADA Quem faz uma caminhada hoje é o candidato do PT, ex-prefeito Marcelo Déda, que terá início na igreja do Espírito Santo. Do bairro de Santo Antônio percorre várias ruas e avenidas, com uma concentração final na praça Fausto Cardoso. Notas NEPOTISMO Está pronta para ser votada no plenário a PEC, do ex-deputado Aldo Arantes, que acaba com o nepotismo nos três Poderes. A proposta original proibia a contratação, para cargos em comissão ou de confiança, de familiares de autoridades até o segundo grau – o que inclui filhos até enteados. Aprovado em comissão especial em 13 de setembro do ano passado, o substitutivo do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), estende a proibição para a contratação de familiares até o terceiro grau. VALADARES Tramita na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) projeto do senador Antônio Carlos Valadares (PSB) com o objetivo de restringir a venda de álcool etílico hidratado e anidro na forma líquida. “É uma prática comercial arcaica, banida na grande maioria dos países”, afirmou Valadares, ao justificar a proposta. O projeto também pretende reforçar o poder regulatório da Anvisa sobre a distribuição e venda do produto. Valadares afirmou que as restrições provocaram redução no número de acidentes por queimaduras em todo o Brasil. RESULTADO O Brasil começará a conhecer os resultados das eleições presidenciais a partir das 19 horas do dia 1º de outubro, duas horas depois do encerramento das votações em todo o país, isso foi o que afirmou ontem o diretor-geral do TSE, Athayde Fontoura Filho. Nesse horário, 30% dos votos de cada estado estarão apurados. De acordo com Fontoura, às 22h de domingo boa parte dos estados já estará com os dados 100% apurados. A perspectiva em Sergipe é que se conheça o resultado das eleições para governador também às 22 horas. É fogo A família de um rapaz enterrado na Barra dos Coqueiros não teria aprovado o discurso de um candidato no sepultamento. O momento não era apropriado. Os candidatos a governador Marcelo Déda e João Alves Filho se cumprimentaram formalmente quando chegaram na TV-Sergipe. O candidato do PSDC, Adelson Alves, estava visivelmente nervoso para responder às perguntas durante o debate. Quem mais mostrou coerência ideológica foi o candidato do PSTU, Toeta. Ele manteve a posição de defender os trabalhadores e considerou os demais partidos iguais. O PSTU, através de Toeta, levou a sua mensagem de suspender o pagamento das dividas externa e interna. Não se faz um país dando calote. O prefeito de Estância, Ivan Leite (PSDB), acha que o seu candidato a presidente da República, Geraldo Alckmin, vai para o segundo turno. O debate realizado pela TV-Sergipe teve uma audiência muito acima da esperada pela própria emissora. O estado dormiu mais tarde para assistir o debate. A idéia de levar São Jorge para proteger Adelson Alves foi da coordenação. O santo representava o guerreiro que o candidato se classifica na televisão. Adelson Alves perguntou a Toeta, durante o debate, o que ele achava da corrupção. A resposta já estava grafada na camisa do candidato com a frase: “Abaixo a corrupção”. João Fontes culpou a omissão de Marcelo Déda pela omissão na recuperação da BR-101. O ex-prefeito foi rápido: “não sou presidente, sou candidato a governador”. brayner@infonet.com.br
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