A questão do vice

Os comentários sobre sucessão municipal não têm agradado ao prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT). Primeiro porque ele ainda não avisou que seria candidato à reeleição. Segundo, porque sua candidatura depende de uma conversa que terá com a militância, que é quem dá a palavra final sobre a disputa. Marcelo Déda tem se mostrado incomodado com declarações sobre a indicação do seu vice na chapa majoritária. Sente que tem gente de olho apenas na possibilidade de assumir a Prefeitura, caso ele dispute o Governo do Estado em 2006. Essa história de puro sangue ou não é uma discussão estéril, porque se for uma decisão da cúpula que comanda o grupo de oposição, o vice também pode ser do PT. Evidente que nada disso está definido, nem mesmo a candidatura de Déda à reeleição e muito menos ao Governo do Estado. Estão procurando antecipar muito as coisas e isso não é bom para um partido que tem projeto bem delineado. Segundo um assessor do prefeito, ele deixa bem claro que a eleição deste ano nada tem a ver com 2006. O objetivo é 2008, porque o desejo é cumprir o mandato e não apenas fazer trampolim para tentar o Governo. Uma das coisas que o prefeito Marcelo Déda deseja é que os partidos que integram o bloco da oposição em Sergipe, quando tiverem à mesa da discussão, lembrem que o candidato a vice precisa ter um sangue bom. O prefeito chama de sangue bom, o candidato que tenha liderança, que esteja bem entrosado em todos os segmentos da sociedade e seja de consenso. Reconhece que cada partido gostaria de participar da chapa majoritária, mas a maioria terá que ficar de fora, porque não se está disputando cargos, mas desejando um projeto sólido de mudança política para a Capital e para o Estado. Evidente que a discussão sobre indicação do vice-prefeito vai provocar alguns dissabores, mas a briga acirrada demonstra que o objetivo do grupo não é mudar, mas ocupar espaços políticos e desvirtuar o projeto. O Partido dos Trabalhadores tem convicção de que uma mudança nos rumos de um projeto viciado, só ocorrerá com a participação de todos, onde também se insere renuncia às ambições. Evidente que não interessa ao Partido dos Trabalhadores perder uma Prefeitura, que já está na mão, por uma possibilidade de chegar ao Governo. Dentro desse raciocínio, tudo indica que a chapa será mesmo puro sangue. Até porque os demais partidos que integram o bloco de oposição não prepararam um nome para disputar a Prefeitura, mas para ser o vice. O PT sabe disso e vai ficar à vontade para receber o apoio de quem quiser continuar participando de uma composição que visa chegar ao Governo do Estado. Mas, o fato é que Aracaju já vive o clima de sucessão eleitoral e, aparentemente, de insatisfações, exatamente com esta conversa do prefeito Marcelo Déda, de não querer falar sobre sucessão estadual e nem anunciar a sua candidatura à reeleição. Isso está começando a provocar irritações e desconfortos entre seus aliados – exceto ao senador Antônio Carlos Valadares (PSB) – que querem falar sobre o assunto e sabem que esse jeito de empurrar com a barriga termina provocando cisões que não interessam a ninguém. Embora demonstre indiferença no trato da questão sucessória, Marcelo Déda pode ter certeza que a unidade do grupo só acontecerá se abrir mão da chapa puro sangue. O deputado federal Jackson Barreto (PTB), por exemplo, já deu uma entrevista clara sobre o assunto e se posicionou em relação à chapa majoritária, que vai disputar a Prefeitura de Aracaju. Jackson quer ser ouvido e declarou que fará parte de um grupo que vai brigar para indicar o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Marcelo Déda ou qualquer outro nome do PT. Ainda no ano passado, o deputado estadual Fabiano Oliveira (PTB) falou sobre o assunto: “acho que o nosso partido não deve entrar apenas com o voto”. De qualquer forma, a questão está aberta e se Marcelo Déda começar a dizer que 2006 não acontecerá deixando de lado 2004 e insinuando que ficará até o final do mandato, é porque deseja apagar o fogo dos que estão na briga pela vice. No mínimo é um recado de que a chapa será puro sangue… MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) ficou indignado com a MP-163, do Governo Federal, que cria 2.800 cargos em comissão e função gratificada. Tudo sem concurso público… O parlamentar acrescenta que os cargos serão distribuídos por pessoas sem a menor qualificação: “foi petista será nomeado”. CONVOCAÇÃO José Carlos Machado participou da reunião da Executiva do PFL. Chegou-se à conclusão que a convocação extraordinária foi só para aprovar a MP que reestrutura o setor elétrico. Machado disse que o Palácio do Planalto está jogando duro: “muito pior do que a pressão para as reformas da previdência e tributária”. JUNTA Uma vaga de vogal na Junta Comercial de Sergipe sempre foi indicada pelo governador do Estado e nomeada pelo ministro da Indústria e Comércio. O governador João Alves Filho indicou o ex-secretário José Figueiredo, mas o ministro não levou em conta e nomeou um ex-sindicalista da Petrobrás. JOALDO Terça-feira foi celebrada missa de um ano do assassinato de Joaldo Barbosa. O crime foi desvendado e algumas prisões feitas. Entretanto, continuam soltos o acusado de ser o mandante, Antônio Francisco, e o jeitoso Floro Calheiros, que está livre, leve e solto em seus negócios. POLÍCIA Pela tranqüilidade da Secretaria de Segurança, a impressão é que o assunto foi resolvido e tudo ficará do jeito que está. Desconfia-se que gente poderosa ampara Antônio Francisco e que a Polícia teme prender Floro Calheiros. Aliás, tem gente lá dentro que sabe onde ele está. VALADARES O senador Antônio Carlos Valadares (PSB), em debate na Comissão de Assuntos Econômicos, argumentou e convenceu o seu ponto de vista em relação à Lei das Falências. A argumentação já foi transformada em emenda e, em caso de Falência, os trabalhadores é que receberão primeiro os seus direitos, com a venda dos bens. ABERRAÇÃO A Lei das Falências, aprovada na Câmara Federal, dizia que os bens ativos das empresas seriam vendidos para primeiro pagar aos bancos e outros credores. Deixava por último os empregados o que se constituía uma aberração. Sensível ao problema e em defesa do trabalhador, o emenda de Valadares vai inverter as prioridades. DESMENTE O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) nega que o seu partido esteja negociando uma secretaria municipal, com o prefeito Marcelo Déda. Segundo o parlamentar, jamais aconteceu qualquer tipo de entendimento e o prefeito Marcelo Déda nunca fez essa proposta a Belivaldo. PROPOSTA Quanto à escolha do vice na chapa da oposição, o PSB propõe que seja escolhido. pelo prefeito Marcelo Déda, um nome que integre os partidos aliados. O PSB não fará pressão e considera que Déda é quem deve indicar o seu vice. O partido acha que deve ser um bom nome, que tenha liderança e livre trânsito entre os partidos. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) pediu, ontem, ao chefe da Casa Civil, José Dirceu, que faça o Governo andar. As ações não estão saindo dos gabinetes. Heleno também quer que o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS), sobrevoe a região e adote providências imediatas. ESCRITURA Para ter uma idéia da dificuldade que se enfrenta no Governo Federal, o secretário da Defesa Civil Nacional, coronel Pimentel, está pedindo escrituras das casas destruídas. Heleno Silva acha que é complicado exigir esse documento, porque a maioria das casas não tem escritura. A exigência é para complicar. ALIMENTOS A Petrobrás não vai mandar dinheiro para as cidades atingidas pelas enchentes. Vai gastar R$ 150 mil em alimentos, água e leite em Poço Redondo, Porto da Folha e Monte Alegre. A medida foi aprovada no final da sexta-feira passada, o que retifica a informação da liberação de R$ 150 mil para cada cidade. CARANGUEJO O bloco Caranguejo Elétrico vai para o espaço do Pré-Caju em parceria com o Ibama, lançando a campanha em defesa dos mangues. O bloco já está distribuindo convites a todos os políticos, independente de partidos e ideologias. O objetivo é brincar. Notas ATUAÇÃO O assessor do Planalto Silvio Santos (PT) enviou e-mail a coluna, explicando as providências adotadas pelo Governo Federal em relação às enchentes em Sergipe. Disse que ao assistir o drama no sertão sergipano, telefonou para o prefeito de Poço Redondo, frei Enoque, para “me inteirar da situação”. Disse que se colocou à disposição para fazer os contatos e ações que os prefeitos das cidades atingidas julgassem necessárias. Disse que também falou com o coordenador da Defesa Civil, Adalberto Figueiredo. CHESF Silvio Santos disse que contatou com dirigentes da Chesf e com o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT), que imediatamente autorizou a unidade da estatal em Sergipe a providenciar o helicóptero que foi a Poço Redondo, levando médicos da Samu e medicamentos para distribuir com a população. Enquanto isso, segundo Sílvio Santos, a Casa Civil, através da Secretaria de Assuntos Federativos, articulava a Defesa Civil Nacional e disponibilizava recursos através do Ministério da Integração. POLEMIZAR Silvio Santos deixa claro que o seu objetivo não é polemizar com “aqueles que utilizam da tragédia do povo sertanejo para fazer luta política, mas esclarecer à sociedade sergipana de ação do Governo Federal nesses acontecimentos que atingiram o alto sertão e que contou com o meu testemunho e a minha participação”. Apesar dos esclarecimentos de Silvio Santos, o prefeito de Poço Redondo, frei Enoque, tem concedido entrevistas dizendo que até o momento não recebeu qualquer tipo de ajuda do Governo Federal. É fogo O deputado federal João Fontes (sem partido) foi um dos novos parlamentes que o Deap indicou entre os 30 que se destacaram na Câmara. João Fontes soube do resultado ontem pela manhã, quando retornou da viagem que fez à Índia, como representante da Câmara Federal. A deputada Ana Lúcia (PT) desligou o telefone quando discutia com o secretário Ivan Paixão, da Administração, sobre o piso de R$ 250,00 para o servidor público. A viúva do ex-deputado Joaldo Barbosa, Edla Amaral, disse que “quer justiça. A minha família está incompleta a um ano”. O senador José Almeida Lima (PDT) diz que o Governo Federal não agiu em Sergipe, para ajudar aos municípios que sofrem problemas com a cheia. O deputado Antônio dos Santos (PSC) acha que estabelecer 30% de vagas para os negros ingressarem no vestibular, é discriminação. Antônio Santos quer que se estabeleça escola pública de boa qualidade, para que as chances sejam iguais. O governador João Alves Filho retorna hoje da viagem que fez à Madrid e amanhã terá audiência com o presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra. Luiz Fonseca (PP) é candidato a reeleição em Boquim.Aposta no trabalho social que vem realizando para continuar à frente da Prefeitura. Servidores públicos estaduais da área da Saúde começam a se mobilizar para não perder a gratificação de desempenho. O novo jornal que será lançado em Sergipe, que terá como superintendente Ricardo Franco, vai começar semanário e se transformar em diário. Gilmar Oliveira deve ser o candidato do Partido Liberal na sucessão de Gilson dos Santos, na Barra dos Coqueiros. Heleno Silva mantém a informação de que o Partido Liberal não vai pressionar o prefeito Marcelo Déda pela indicação do vice. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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