Andreza Maynard
Doutora em História
Pós-doutoranda em História pela UFRPE
Bolsista FAPITEC/CNPq em categoria DCR
Membro do GET/UFS/CNPq

Trabalho apoiado pelo projeto "Quando a Guerra chegou ao Brasil: Ataques submarinos e memórias nos mares de Sergipe e Bahia (1942-1945)", Edital Universal CNPq 2014.

A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) estabeleceu um marco no século XX. Este conflito impactou a História Mundial por várias razões. Uma delas foi justamente a quantidade de informações produzidas a respeito do enfrentamento bélico, bem como a rapidez com que eram propagadas as notícias. Várias agências de informação se incumbiram de transmitir os últimos acontecimentos nos campos de batalha e a movimentação política das grandes potências. A agência Reuters se destacou nesta seara.

No Brasil, jornais impressos de vários estados recorreram às informações transmitidas pela Reuters. A agência funcionava como um centro de captação de distribuição de informações. Durante a Segunda Guerra Mundial, as notícias eram transmitidas mais frequentemente via rádio e telégrafo. Com isso, as informações poderiam chegar ao mesmo tempo nas grandes e pequenas cidades. Periódicos como o “Diário da Manhã” (Recife) e “Folha da Manhã” (São Paulo), por exemplo, transcreviam notícias enviadas originalmente de Londres pela Reuters.

É preciso lembrar que a Guerra ocorreu em plena vigência do Estado Novo, cuja máquina tentava controlar a circulação de notícias pelo Brasil. Qualquer agência de notícias que desejasse operar no país nesse período, deveria ser confiável, rápida e o mais importante, não poderia interferir nos interesses da ditadura brasileira. Justamente por isso, muitas notícias eram recebidas pelas agências de informação internacionais, como a Reuters, passando a ser divulgado depois de editadas pela Agência Nacional Brasil (A.N.B.).

A eficiência na transmissão das notícias dependeu do desenvolvimento de meios de comunicação. Na segunda metade do século XIX, houve uma série de invenções que possibilitaram a comunicação rápida. Na obra “A Era do Capital”, o historiador Eric Hobsbawm destaca a relevância da fundação da agência telegráfica de Paul Julius Reuter (1816-1899). De acordo com Hobsbawm “Do ponto de vista jornalístico, a Idade Média terminou em 1860, quando as notícias internacionais passaram a ser enviadas livremente de um número suficientemente grande de lugares no mundo para atingir a mesa do café da manhã no dia seguinte”. As notícias que antes eram dadas em dias, semanas ou meses, passaram a ser transmitidas em horas, até em minutos.

A Reuters, que começou a funcionar em Londres, em 1851, combinava a utilização de cabos telegráficos e uma frota de pombos-correio (chegando a mais de 200 animais). A ocorrência da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) aperfeiçoou a atividade jornalística, fazendo com que os profissionais se especializassem nesse tipo de cobertura. Em 1923 a Reuters utiliza o rádio para transmitir informações. A eclosão da Segunda Guerra Mundial na Europa ofereceu um amontoado de trabalho para a agência londrina.

A Reuters continua a existir. A agência incorporou outras mídias e hoje é possível encontrar referências à Reuters na internet (na UOL  http://www.uol.com.br/ e na própria Reuters Brasil http://br.reuters.com/) e em canais de televisão (CNN e BBC).