A Separação e o Cachorro!

Quando um casal se separa quem sofre mais: a esposa, o esposo, as crianças ou o cachorro? Acertou quem respondeu a última opção.  O fato é que entre os envolvidos, a maioria possui o dom da palavra e assim pode expressar sentimentos, procurar analistas ou até se entregar a um estranho qualquer, para aliviar a frustração do rompimento. Mas para o pobre animal, tão companheiro e correto, o que sobra?

Nos últimos dias tenho ouvido muito se falar sobre a melhor opção pra os envolvidos, quando o assunto põe na linha divisória um pet. Claro que seria preferível que o casal tivesse criado um gato, pois para os felinos pouco importa se você acabou de cometer uma chacina ou uma ação de caridade, contanto que a comida seja servida no lugar e horário de sempre fica tudo bem, obrigado. Mas com a cachorrada o assunto é mais complexo!

Um amigo passou por alguns apuros nas últimas semanas. Quando ele conheceu a (atual) ex-esposa tinha acabado de comprar uma pit bull mansinha, com poucos dias de nascida. O namoro durou poucos meses e então resolveram se casar – porque o amor não põe em cheque questões menores – tudo é urgente pra quem está apaixonado e não vai ser o futuro de um cachorro que vai definir o tempo da relação. Engano do casal…

A pit bull cresceu cercada de amor por todos os lados. Nos fins de semana era levada ao parque pra interagir com a população, assustar as crianças com seus dentes fortes e sua cara de perversa, tudo fake porque “ela é um amor”, um “doce de cachorra”, super educadíssima, só fazia suas necessidades em casa, sobre jornais antigos…tudo clássico, do jeito que a vida e os bons costumes ditam. Veterinário era tarefa do meu amigo. As melhores comidinhas era uma atividade da esposa (agora ex). Tudo dividido, como faz todo casal em início de relacionamento. O casamento durou dois anos e meio. Eles não tiveram tempo pra filhos, pois “a dog” era a filha sem palavras que eles paparicavam soberbamente.

Depois da relação relâmpago – onde as prestações da casa mal foram pagas – eles decidiram colocar um ponto final no amor. Só não contavam que a pit bull transformasse a coisa toda num inferno. Sim, meu amigo traiu a esposa e daí? Todo mundo faz isso, principalmente depois das redes sociais. Sim, a esposa-traída descobriu a escapada de apenas uma noite e resolveu jogar na cara dele que também já não sentia atração pela cama do mesmo. Claro que estou minimizando os fatos, porque não carece intromissão tão profunda na vida do ex-casal. Mas como explicar para a cachorra que “papai” traiu “mamãe” numa festa e que por isso eles não irão dividir mais o mesmo espaço físico? Já tentou explicar algo para um pit Bull mimado? Tente e me conte o quanto é complicado!

Quando ele saiu da casa levando três malas (e a cachorra) deixou pra trás um armário vazio, uma pilha de jornais antigos e uma ex-revoltada pela saudade da pit bull. Em seu discurso: “Levei a pit bull, porque a comprei”. Além da tristeza da casa sem latidos, nada de pelos, cheiro de urina, a solidão acabou transformando a ex-traída numa mãe louca pra reaver sua cria (a dog). Uma separação simples se transformou num canil com direito a processo judicial, para ver que ficaria com a guarda do animal. A cachorra, é claro, estranhou tudo: da nova casa à solidão de ter apenas um dono temporário. Resultado: emagrecimento, estresse, mordidas nas patas e até mordidas bem-merecidas-nos-donos, rosnado de tristeza, móveis ruídos e toda uma confusão-depressiva-não-medicada.

Se ela cresceu com os dois, alimentada e saudável, deveria ficar com o mais cuidadoso. Nestes casos, a justiça compensa quase sempre a mulher dando a guarda da coisa em si, porque o sentimento maternal vale ouro. Porém meu amigo jamais admitiria perder o amor da cachorra também e optou pela guarda compartilhada, ganhando da justiça o direito de ser dono da cachorra (durante os fins de semana). Consequência: terão que se encontrar semanalmente, querendo ou não!

A cachorra voltou a reagir melhor, mas até quando isso vai acontecer fica impossível dizer, uma vez que mais cedo ou mais tarde o ex-casal deverá encontrar novos parceiros, cabendo a pit bull reagir bem ou mal com mais essa inevitável novidade.

Moral da história: é preferível ter uma dúzia de filhos (pois após a separação você compra um brinquedo da moda ou um tablet e resolve o problema) do que criar um cachorro. Aconselho aos casais mais instáveis optarem por um peixe (que tem vida curta), porém vale lembrar que algumas espécies possuem vida mais longa que muitos casamentos de hoje em dia. Então é melhor pesquisar antes também!

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O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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