A tal da polarização

Desde o segundo mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff  (PT), há no Brasil o uso constante da expressão polarização política. Em todas as eleições posteriores , o uso da palavra só aumentou e muitos grupos, sobretudo os que não se identificam como parte de um dos polos, acreditam que a polarização é algo incomum e extremamente negativo para o país. O que é pertinente destacar é que o significado do conceito polarização política, de maneira simplificada e bem resumida, nada mais é que a divisão de uma população em dois polos a respeito de um determinado tema.

No Brasil, se usa a polarização como disputa entre dois grupos, e supõe-se que ambos são fechados e não abertos ao diálogo. Se a gente defende e fala tanto em democracia, é importante refletir e reconhecer que dentro deste sistema sociopolítico deve haver o respeito entre adversários e o reconhecimento da legitimidade de ambos, ou seja, a disputa deve ser igualitária com tolerância e com diálogo entre as partes. A competição deve ser de ideias e não através de excessos, radicalismo e transgressão de regras.

Portanto, a polarização por aqui virou uma guerra de medidas extremas, em que o lado oposto é o inimigo perigoso, que é preciso ser eliminado, banido de qualquer jeito, até morto, ao invés de pensar no outro como apenas um oponente em debate de ideias e pensamentos. E quebrar as regras tem sido algo recorrente no Brasil, quando acontece do lado que é favorável ao que o eleitor pensa, não há problemas quebrar as regras, pedir sigilo de 100 anos, passar cheques para a esposa, comprar Viagra com dinheiro público, comprar imóveis com “dinheiro vivo”, afinal, faz parte do lado que a pessoa defende.

Mas, polarização só existe quando há igualdade entre os polos, mesmo sendo opostos, a disputa não pende somente para um lado. No caso do Brasil, na minha humilde opinião, não há polarização, já que o extremismo em termos de quebra de regras, violência, agressividade e total intransigência com quem não pensa igual ao bando parte somente de um lado. Percebe-se nessas eleições, por exemplo, que quem apoia o candidato Lula (PT) está com medo de sair às ruas com adesivos ou camisas alusivas ao partido, enquanto que o outro lado transita tranquilamente com suas bandeiras do Brasil e a famosa frase “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, pois sabe que não será agredido, já que muitas vezes pode ser o agressor.

Eu realmente espero que um dia as pessoas possam debater questões políticas de maneira divergente sem que alguém saque uma arma para calar aqueles que não pensam igual, sem que alguém ameace verbalmente, grite, com pessoas que pensam diferente, sem que haja tentativas de ofensa toda vez que você discordar de alguma ideia que represente uma vertente política de algum candidato. Que a democracia seja respeitada e que os ratos voltem aos seus porões, já que lhes faltam ouvidos para discordar sem ferir.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais