A voz das ruas

   Os médicos sergipanos voltam às ruas na próxima quarta-feira, 3 de julho, seguindo orientação das entidades médicas nacionais. Para isso, uma ampla programação está sendo anunciada e algumas atividades já estão definidas.
   Logo às 8 horas, no auditório do Cremese, os presidentes das entidades médicas locais (Somese, Cremese, Sindimed e Academia de Medicina) concederão entrevista coletiva à imprensa, explicando os principais pontos de reivindicação da categoria. Em seguida, sairão em passeata pelas ruas de Aracaju, em trajeto a ser confirmado, com paradas em frente a estabelecimentos ligados à saúde para manifestações. Durante todo o dia serão suspensos os atendimentos eletivos em todas as unidades do SUS do estado, excetuando-se os serviços de urgência e emergência.
     Somam-se assim os médicos ao conjunto da população brasileira, que encontrou nas ruas, a caixa de ressonância necessária para que os seus anseios pudessem ser ouvidos e atendidos, como aconteceu na semana passada com a derrubada da PEC 27, que acabava com o poder de investigação do Ministério Público. Sua aprovação seria um banquete para os políticos corruptos.                         
E afinal, o que queremos, os médicos?
    Todos sabem que o atual número de médicos existentes no Brasil poderia muito bem atender à demanda. Por falta de uma política adequada que propicie a interiorização da Medicina, o que se constata é a falta desses profissionais nos lugares mais longínquos, sem as mínimas condições de trabalho decente.
    Trazer médicos estrangeiros, sem revalidação de seu diploma, é medida temerária e não vai resolver o problema. Não somos contra a importação de médicos estrangeiros, eles são e serão sempre bem vindos. O que não pode é conceder-lhes o privilégio de poder atuar sem revalidação de seus diplomas com critérios claros e rigorosos, conforme a prática mundial e o previsto na legislação vigente. Por isso, defendemos o uso do Programa Revalida, do Governo Federal, em seus moldes atuais.
    Lutamos pela  aprovação da PEC 454, em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê uma carreira de Estado para o médico (semelhante ao que ocorre no Judiciário), único caminho para estimular a interiorização da assistência com a ida e fixação de médicos em áreas de difícil provimento.
     Depois de quase 12 anos tramitando no Congresso Nacional, a Lei do Ato Médico foi aprovada pelo Senado, como grande instrumento de defesa da sociedade. Contrariamente ao que vem sendo divulgado  por algumas profissões da área da saúde, a regulamentação da Medicina não suprime procedimentos para os quais elas estejam capacitadas e legalmente habilitadas. Como não existia até então uma definição clara de competências, por falta da regulamentação, alguns procedimentos vinham sendo executados por profissionais não médicos, sem a habilitação devida.
      Lutamos também por um SUS de qualidade e  para isso os recursos devem ser adequados. Nesse sentido, estamos promovendo a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para tornar viável a apresentação do Projeto de Lei de Iniciativa Popular Saúde + 10, que prevê mínimo de 10% da receita bruta da União em investimentos na saúde.
    Portanto, não  exigimos muito. Um SUS valorizado, com médicos valorizados, em benefício da população, é o que queremos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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