Deu certo o Bolsa Família. Também dá voto. Muito voto. O presidente Lula da Silva talvez não tenha imaginado que o programa provocasse um retorno em curto prazo. As regiões mais pobres estão votando na reeleição do presidente Lula pelo estômago e melhor qualidade de vida. Apesar dos juros altos, das acusações de corrupção, da conivência com aliados que criaram um lamaçal em Brasília, o dinheirinho certo no final do mês é muito mais importante para uma camada que não tinha perspectiva de melhoria de vida. Não se pode dizer que Lula descobriu a pólvora, porque o auxílio vem do Governo Fernando Henrique Cardoso. Ele apenas o ampliou e o resultado está na popularidade que alcançou e que as pesquisas revelam. A “voz do estômago” elimina qualquer tipo de prurido. Principalmente o ideológico e, lamentavelmente, o moral. Eleição não se ganha pelo trabalho que se executa. E nem se perde pela corrupção que se pratica. Ela favorece a quem cuidou da barriga sem comida, ou quem ofereceu condições para um trabalhador comer um filé mignon, como contou o presidente Lula em seu programa de ontem. Para quem mora no interior brabo do Brasil e não tem condições para emprego, o Bolsa Família chega como uma “dádiva de Deus”. É uma migalha, lógico, mas o suficiente para uma feira legal, com ingredientes que jamais chegaram à casa do pobre. Quem imaginava ver um menino do campo se lambuzando com um iogurte de morango? Além disso, a facilidade ao crédito transformou casas, calçou e vestiu quem andava com farrapos e assistiu TV a cores, com oportunidade de acompanhar os jogos da Copa do Mundo – triste para a Seleção Brasileira – pela primeira vez. Agora Lula vai mais longe: quer que essa gente compre um carro, tire férias e faça viagem. Coincidentemente, também ontem, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marcos Aurélio de Melo, advertia aos eleitores que não se iludissem com propagandas enganosas dos candidatos: “claro que nós temos candidatos que exageram em termos de promessas, em termos de “dias melhores”, mas cumpre ao eleitor não se deixar enganar”, disse ele. Evidente que o Bolsa Família deu uma mexida na vida do brasileiro que vivia abaixo do nível da pobreza. Era necessário que se fizesse isso. Mas um naco na melhoria de vida, não poderia cegar ninguém. Evidente que a questão do “se dá bem” tem o apoio principalmente das classes “C” e “D”, mas é muito triste que essas camadas sociais não percebam a necessidade de tirar da vida pública quem patrocinou os maiores escândalos através do uso indevido do dinheiro público. Talvez esse imenso grupo beneficiado pela Bolsa Família foi a única coisa que o presidente conseguiu perceber a quilômetros de onde ele trabalha. Lamentavelmente ele não enxergou o que se passava um pouco acima, de lado, ou um pouco abaixo do seu gabinete, de onde saíram ordens para a execução de um projeto para assaltar o país. A campanha está correndo sem xingamento entre candidatos ao Planalto, mas os ilustres mensaleiros estão candidatos para retornar à política, exatamente ao lado do presidente, velhos amigos de atividades partidárias e companheiros no projeto de poder que se tentou arquitetar para o país. Lógico que a corrupção não foi “um privilégio do governo Lula”. É um cancro que corrói a dignidade desse país há muitos anos. Mas acontecia de forma extremamente discreta e difícil de detectar. No atual governo, ela aflorou através de uma simples reportagem de capa da revista “Veja”, que publicou a gravação de imagens de um simples funcionário de carreira dos Correios e Telégrafos recebendo uma propina irrisória de R$ 3 mil. Isso se transformou em milhões, demitiu ministros, cassou alguns deputados, absorveu a maioria e feriu gravemente as bravatas de mudança e seriedade da campanha do presidente Lula. Foi um período muito difícil para ele, a sociedade ficou estarrecida, mas Lula da Silva conseguiu superar tudo isso, apenas negando que sabia, via ou ouvia alguma coisa. O artifício deu certo nas camadas menos alfabetizadas, mas a classe média, que tem consciência do que aconteceu e não precisa de Bolsa Família, rejeita o presidente Lula e todos os seus companheiros que meteram as mãos no dinheiro público. RENUNCIA-1 Os deputados acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas têm até a meia-noite de segunda-feira para renunciar aos mandatos se quiserem escapar da cassação. Segundo apurou a Folha Online o Congresso Nacional espera por um pedido em massa de renúncia até o final do prazo. RENUNCIA-2 Nos bastidores do Congresso, a expectativa é que vários parlamentares apresentem as renúncias ao mesmo tempo na segunda-feira, para evitar desgastes isolados perante a opinião pública. HELENO A informação vem de Brasília: o deputado federal Heleno Silva (PL) pode ser um a renuncia ao mandato, para não perder seus direitos políticos. Heleno está se mantendo em silêncio e não dá informações, mas já está prevista sua ida a Brasília na próxima segunda-feira. GRAVAÇÃO Os candidatos à reeleição Ulices Andrade, Jorge Araújo, Luiz Mittidieri e o candidato a deputado José Teles de Mendonça, não vão aparecer no programa de televisão do PSDB. Os quatro não acompanham a coligação que tem à frente o candidato a governador João Alves Filho (PFL). Só gravam se integrar o bloco. REUNIÃO-1 Ontem pela manhã, Ulices, Jorge, Mittidieri e José Teles tiveram uma reunião com Albano Franco, exatamente para discutir a gravação na televisão. Albano foi objetivo: “todos têm direito à gravação, mas ao lado de João Alves, D. Maria e Geraldo Alckmin”. REUNIÃO-2 Os quatro não aceitaram aparecer desse tipo e Ulices Andrade disse a Albano que se for para fazer isso, “façam uso do meu tempo”. Ulices realmente abriu mão do tempo na televisão e acha que ele deve ser utilizado por Albano: “ele é meu amigo e isso não terá problema”. ANTERIOR Na eleição anterior aconteceu a mesma coisa com o candidato a vice-governador Fabiano Oliveira (PSDB), que à época era do PPS e ficou fora da coligação. Fabiano ficou todo o tempo de campanha fora da telinha e não insistiu na gravação, porque sentiu que essa era a regra do jogo. LULA O presidente Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, virá a Sergipe no dia 12 ou 19 de setembro. Não tem nada marcado, apenas compromisso assumido. O candidato do PT a governador, Marcelo Déda, disse que está priorizando o programa de televisão. Também cuida de problemas na garganta. SUKITA A situação do prefeito de Capela, Sukita, não é boa no Supremo. Ele já tem três votos favoráveis ao seu afastamento e não dá para reverter. Apesar do pedido de vistas do ministro Carlos Britto, basta mais um único voto acompanhando o relator que Sukita será afastado do cargo. REAÇÃO Caso seja confirmado o afastamento de Sukita da Prefeitura de Capela, pode não ser favorável para a oposição a ele naquele município. Sukita deve usar os palanques para se fazer de vítima e provocar a comoção popular. A população geralmente fica a favor da vítima. FÁBIO O vereador Fábio Henrique (PDT), que desistiu da candidatura a deputado estadual, apoia Celinha Franco (estadual) e Eduardo Amorim (federal). Para governador ele mantém o apoio a João Fontes (PDT) em todos os lugares que tem andado. Fábio não abandonou a campanha. FONTES O deputado federal João Fontes, candidato a governador pelo PDT, disse ontem que é preciso muita coragem para enfrentar a bipolarização. O candidato pedetista disse que sente dificuldade em penetrar nesse esquema político. Admite, entretanto, que o eleitorado sabe fazer a diferença. TAXISTA Um taxista revelou ontem que vai votar na reeleição do governador João Alves Filho (PFL). Revelou a razão de sua escolha: “A gente não agüenta mais o número de multas da SMTT, que persegue os taxistas”. Citou também como motivo a construção da ponte. Notas ADVERTE O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio, advertiu ao eleitor, no início desta noite, que não se deixe enganar pelas promessas dos candidatos. “Claro que nós temos candidatos que exageram em termos de promessas, em termos de “dias melhores”, mas cumpre ao eleitor não se deixar enganar”. Durante entrevista, o ministro ressaltou que o eleitor deve fazer um exame criterioso do que está sendo dito via propaganda eleitoral, sobretudo do perfil de cada candidato, “escolhendo aqueles que se mostrem mais dignos”. VOTO ABERTO-1 O líder da minoria deputado José Carlos Aleluia, defendeu ontem que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 349/01, do deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), que acaba com o voto secreto na Câmara e no Senado, seja colocada em votação imediatamente. “Nós, da oposição, queremos votar logo”, afirmou. “As experiências que tivemos com o julgamento dos deputados envolvidos com o mensalão foram desastrosas para a imagem da Câmara”, avaliou Aleluia. A Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto quer ver a emenda na próxima ordem do dia. VOTO ABERTO-2 A Câmara Federal retoma as votações no dia 4 de setembro, mas a PEC 349/01 não poderá ser analisada antes das 20 medidas provisórias que estarão trancando a pauta. Ontem, o presidente da Casa, Aldo Rebelo, afirmou que a PEC não será incluída na pauta se não houver acordo entre os líderes partidários. É fogo O deputado federal Mendonça Prado (PFL) está se relacionando bem com companheiros do orkut. Foi uma boa idéia. A deputada Susana Azevedo (PSC) continua trabalhando muito para manter o eleitorado e conquistar novos. Susana é uma máquina para trabalhar. O vereador Carlos Pinna Júnior (PV) está começando a trabalhar para um projeto político que vise o município de São Cristóvão. O ex-governador Albano Franco (PSDB), candidato a deputado federal, tem conversado muito com lideranças do interior. O homem de marketing Carlos Cauê está colocando toda sua experiência no programa do candidato do PT, Marcelo Déda. O candidato a governador João Fontes (PDT) diz que vai começar a mostrar quem faz a diferença e quem realmente pretende mudanças. Depois do programa eleitoral vários políticos se reuniram para trocar idéias em um restaurante localizado em um dos shoppings da capital. Os deputados Cleonâncio Fonseca (PP) e Heleno Silva (PL) têm até terça feira para renunciar, sem risco de perda dos direitos políticos. O prefeito de Glória, Zico, não ficará sem candidato a deputado federal. Para substituir Heleno Silva ele está conversando com Jorge Alberto (PMDB). Algumas obras realizadas elo ex-prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT) servirão de tiro ao alvo para seus adversários. O candidato a deputado federal Eduardo Amorim (PSC) levou bem sua mensagem no programa de televisão, na terça-feira.
O prazo foi definido pela Mesa Diretora da Câmara e horário foi estabelecido para garantir que as renúncias sejam publicadas no Diário Oficial do Congresso de terça-feira.
O líder da minoria atribuiu a demora para aprovar o fim do voto secreto às contradições do governo. Para ele, a posição da base aliada, quanto à matéria, “é a mais estranha possível”. “Se eles quisessem votar, a PEC já teria sido aprovada”, disse.
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