Abelardo Romero

Abelardo Romero
Abelardo Romero é um sergipano dos maiores do seu tempo, com uma biografia intelectualmente revolucionária, honrando o sobrenome familiar que herdou do tio-avô Silvio Romero. Viveu, principalmente, entre Aracaju, Estância, Rio de Janeiro e Lagarto no batente do jornal, conciliando a dinâmica impositiva das redações com a poesia e com a prosa como expressões do seu talento e da sua consciência crítica. As novas formas estéticas da poesia, desde o futurismo de Marineti, atraíram o escritor sergipano, um dos idealizadores da Noite da Poesia Sergipana, vivida, em 1928, no palco do Cinema Guarani, em Aracaju, com as cortinas fechadas, ao lado de José Maria Fontes, outro intelectual que juntou os poemas com as colaborações dos jornais. Abelardo Romero colaborou em jornais de Aracaju e de Estância, mudando-se para o Rio de Janeiro, onde publicou Trem Noturno, em 1931, conquistando aplausos da crítica.

 

Integrante da equipe redacional de O Jornal, órgão dos Diários Associados, Abelardo Romero alternou trabalho, estudos e produção intelectual, publicando outros livros, como: Vozes da América, em 1941, A musa armada, em 1953, Exílio em casa, em 1955, O alegre cativo, em 1959, O passado adiante, em 1969, e Visita ao Rio, últimos dos seus livros de poesia, já no seu retorno a Sergipe.

Escreveu, em prosa, Silvio Romero em família, Origem da imoralidade do Brasil, Heróis de batina, Chatô, a verdade como anedota. Escreveu, ainda, Emanuel, texto para teatro, e colaborou com seu filho Ângelo Romero, em outros textos teatrais. Abelardo Romero deixou alguns inéditos, destacando-se Limites democráticos do Brasil, conservado com sua filha Patrícia Dantas, filho do segundo casamento do escritor.

 

Nascido em Lagarto, em 13 de junho de 1907, Abelardo Romero Dantas completaria, se vivo fosse, 100 anos. Um século que está sendo lembrado em Lagarto, através de uma exposição montada na escola que leva o seu nome. Abelardo Romero viveu na sua terra, nos primeiros anos de vida, mas foi no Rio de Janeiro que centrou as suas atividades, projetando seu nome no cenário intelectual brasileiro. Maduro, afastado dos jornais, dedicado às atividades de escritor, voltou a Lagarto e fez do seu sítio na Catita (atual Cidade Nova) um refúgio para suas leituras e reflexões.

 

A obra e a fama de Abelardo Romero o levou a ocupar, na Academia Sergipana de Letras, a Cadeira vaga, desde 1975, com a morte de Exupero Monteiro. Sua posse, no Teatro Tiradentes, foi apoteótica, uma consagração justa, a um intelectual raro, entre os maiores de Sergipe. Com sua morte, em 17 de março de 1979, a vaga da Cadeira 16, um assento de poetas, desde o Patrono – Pedro Calasans -, o primeiro ocupante – Hermes-Fontes -, e aquele a quem sucedeu – Exupero Monteiro, passou a ser ocupada pela professora Ofenísia Soares Freire.

 

Lamentavelmente, Abelardo Romero é pouco conhecido em Sergipe. As novas gerações não conheceram seu talento, sua cultura, sua capacidade com vários idiomas, sua obra, enfim, que em conjunto representa uma contribuição singular, que eleva ainda mais alto o apreço que o Brasil tem pelo genialidade intelectual dos sergipanos.

 

Além dos filhos Ângelo e Patrícia, Abelardo e Leonila, Abelardo Romero deixou viúva Maria Amélia Dantas, sua conterrânea, prima, amiga, que conheceu no Rio de Janeiro, e que foi companheira de todas as horas, até o último suspiro do poeta.

Cordial, de boa conversa, Abelardo Romero era um homem doce para os seus amigos, e nem no abatimento da doença que minou seu organismo perdeu a elegância, a verve, a busca pela atualização, a visão crítica da arte, especialmente da poesia, e da história.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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