A morte da antropóloga Ruth Cardoso, uma unanimidade na história contemporânea do Brasil, marcou como um divisor de etapas da evolução da política nacional. Mais do que nunca, agora é possível afirmar que este país atingiu a plenitude democrática. Não se quer dizer que se vivia uma etapa de amadurecimento institucional que chegou ao ponto desejado exatamente no momento que todos pranteavam a mulher que não gostava de ser chamada de primeira-dama e que muitos diziam ser melhor intelectual do que o marido sociólogo. Mesmo porque ciclos históricos, assim como fusos, fronteiras e outros limites temporários ou geográficos são linhas imaginárias, convenções criadas pelo homem. Mas o que a democrática D. Ruth atraiu, mesmo na morte, mostra que os tempos são outros. E são melhores.
No belo salão do prédio sede da Orquestra Sinfônica de São Paulo, não por acaso local escolhido para o velório, um gesto simbólico carimbou esse novo tempo: o abraço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ex-presidente e agora viúvo Fernando Henrique Cardoso. Mais do que o abraço de velhos amigos, de companheiros, foi o abraço de adversários que se respeitam, que se reconhecem como personagens mais do que importantes, fundamentais, no estabelecimento da democracia brasileira.
O abraço entre eles não é exatamente uma novidade, mas conclui um clima de cordialidade democrática entre adversários políticos jamais vista em outro ciclo histórico nacional. A coexistência pacífica já havia sido demonstrada antes entre outros antagonistas, inclusive quando Lula visitou Antônio Carlos Magalhães quando esteve internado no Incor — gesto que ACM retribuiu dizendo que seria grato pelo resto da vida. Coisa inimaginável nos tempos da UDN e do PSD, quando os adversários andavam em calçadas diferentes para não se cruzarem.
LULA E FERNANDO HENRIQUE, O SINDICALISTA E O SOCIÓLOGO, foram companheiros no combate ao regime militar, fizeram panfletagem juntos, estavam do mesmo lado na campanha pelas Diretas Já. Fernando Henrique não o apoiou no segundo turno da eleição presidencial de 1989, quando o tucano Mário Covas já havia ficado no primeiro turno, porque o PT não quis. Naquela época o Partido dos Trabalhadores se julgava puro e não queria acordo com setores da “burguesia”.
Ambos afastaram-se com a criação do PSDB, nascido de uma costela do PMDB há 20 anos. Mas a separação definitiva entre o trabalhista e o social-democrata só aconteceria em 1993, quando FHC era ministro da Fazenda do governo Itamar Franco e um dos criadores do Plano Real. E se aprofundaria na eleição presidencial seguinte, de 1994, quando Lula foi derrotado pela primeira vez por FHC.
Desde então, em lados opostos, um mais à esquerda, outro mais à direita, tornaram-se os protagonistas da história, representantes maiores da redemocratização do Brasil. E eles se respeitam e se identificam assim. Ambos nascidos na esquerda, um no chão da fábrica, outro na academia, Lula e FHC voltaram à origem naquele abraço sincero diante da morte, despidos das vaidades e das diferenças, democraticamente cidadãos, simplesmente humanos.
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Você consegue entender isso?
| Vítimas da seca | Índios da Amazônia |
Quantos? | 10 milhões | 230 mil |
Sujeitos à fome? | Sim | Não |
Passam sede? | Sim | Não |
Subnutrição? | Sim | Não |
ONGs estrangeiras ajudando | Nenhuma | 350 |
Provável explicação
A Amazônia tem: ouro, nióbio, petróleo, as maiores jazidas de manganês e ferro do mundo, diamante, esmeraldas, rubis, cobre, zinco, prata, a maior biodiversidade do planeta (o que pode gerar grandes lucros aos laboratórios estrangeiros) e outras inúmeras riquezas que somam 14 trilhões de dólares. O Nordeste não tem tanta riqueza, por isso lá não há ONGs estrangeiras ajudando os famintos. Há mais ONGs estrangeiras indigenistas e ambientalistas na Amazônia brasileira do que em todo o continente africano, que sofre com a fome, a sede, as guerras civis, as epidemias de Aids e Ebola, os massacres e as minas terrestres. Agora uma pergunta: Você não acha isso, no mínimo, muito suspeito?