O Movimento dos Sem Terra (MST) é uma versão bem estruturada das chamadas Ligas Camponesas, criadas pelo ex-deputado federal Francisco Julião. Elas não ultrapassaram as fronteiras de Pernambuco e Paraíba. Surgiram nos grandes engenhos, nos latifúndios e na imensa plantação de abacaxi nos municípios de Sape e Mari, na Paraíba, onde foi assassinado um dos seus principais líderes, João Pedro. Sua morte comoveu os movimentos progressistas de toda a região e teve sua história contada através do filme “Um Homem Marcado para Morrer”. As Ligas camponesas não invadiam terras devolutas ou não. Lutavam por salário digno, assinatura de carteira e a profissionalização do homem do campo, embora já pregassem a Reforma Agrária. Não moravam em barracos e nem tinham veículos para promover deslocamentos organizados. Entretanto, fechavam rodovias, paravam produções e usavam como arma a enxada e a foice. Muitos atritos ocorreram com a Polícia e, com a ditadura, as Ligas Camponesas sucumbiram, inclusive pela prisão e exílio do seu líder, Francisco Julião. O Movimento Sem Terra virou uma entidade indiretamente vinculada ao Partido dos Trabalhadores, com o apoio da Central Única dos Trabalhadores. Tem sua bandeira, seu símbolo e atua com razão na invasão de terras improdutivas e, com ousadia, nas fazendas produtivas. Nos Governos anteriores agiu com menos freqüência e menor violência. Mas com o presidente Lula, que em sua época de sindicalista sempre se mostrou simpático aos movimentos sociais, o inconsciente coletivo dos integrantes do MST os levou a imaginar que tinham o apoio do Planalto, até para invadir terras produtivas. E os conflitos estão explodindo em vários Estados, inclusive em Sergipe, onde o Governo João Alves Filho teve que usar da ação policial para a desintegração de terras, obedecendo à determinação judicial. Evidente que é preciso que se abra um diálogo amplo, definitivo e realmente voltado para agricultores que não têm onde plantar e podem utilizar terras que estejam abandonadas propositadamente pelos seus proprietários, para serem desapropriadas pelo Governo. Isso está se tornando uma indústria. Mas o Governo Federal tem que promover a Reforma Agrária urgente, reduzindo os latifúndios e distribuindo terras para quem realmente precisa trabalhar na chamada agricultura de subsistência, até que se fundem cooperativas, criem-se escolas, postos médicos e ofereçam uma estrutura para o desenvolvimento de cada área assentada… Evidente que o Movimento Sem Terra exerce uma pressão importante para que o Governo tome consciência de que a Reforma Agrária é tão urgente quanto à da Previdência e Tributária. É importante, também, para acabar com focos de violências que se verificam em cada invasão, porque o pessoal não se comporta de forma pacífica nas fazendas: maltratam moradores, derrubam casas, matam rezes e promovem uma devastação. Em Alagoas, por exemplo, um grupo Sem Terra invadiu uma fazenda produtiva à beira do rio São Francisco. Praticamente arrasou a propriedade. Inclusive pertencia a pessoas simpáticas ao movimento, mas que hoje sentem arrepios e medo só em ouvir falar de sua aproximação. Reforma Agrária é uma atribuição do Governo Federal e como os demais presidentes não tinham compromissos com o social, espera-se que Lula da Silva não simplifique o seu apoio ao MST apenas colocando, simbolicamente, um boné na cabeça, mas fazendo a Reforma Agrária que o MST deseja, porque tanto os Governos estaduais como os próprios membros do movimento, estão cansados dos conflitos que geram violência e morte. Mas o Movimento Sem Terra precisa, também, fazer um cadastramento amplo do pessoal que está em busca de um pedaço de chão para a agricultura, pecuária e outras atividades rurais. Embora se trate de um Movimento muito bem estruturado, com recursos para movimentação de pessoas, confecção de roupas, bandeiras e até levantamento de barracos de plástico preto, há falhas na questão organizacional. Existem pessoas razoavelmente pagas, até por políticos, principalmente prefeitos e vereadores, para se infiltrarem entre os Sem Terra e invadam propriedades. No caso de desapropriação, à parte de terra que cabe a um desses infiltrados é repassada para os seus patrões. Em Nossa Senhora do Socorro, por exemplo, reside a mulher de um ex-prefeito de cidade no interior de Alagoas, que vive exclusivamente disso. Já tem dois lotes com alguns hectares de terras e cria rezes, negocia com frutas e legumes, e mantém uma vida classe média. Entretanto, um dos seus filhos e mais dois parentes estão nos acampamentos, invadindo propriedades para repassar à família. Tornou-se profissão, assim como acontece nos terrenos dos municípios, onde algumas pessoas levantam barracos de argila e vendem para cidadãos que constroem mansões. As invasões da Coroa do Meio tiveram esse objetivo… O Governo precisa assentar famílias que querem trabalhar a terra, mas o MST tem que se organizar, para evitar as infiltrações que servem de trampolim para atuações ilícitas desses profissionais da invasão. EXTERIOR Ao se encontrar com o secretário do Turismo, Pedrinho Valadares, o governador João Alves Filho brincou: “você por aqui? Pensei que estivesse no exterior”. Aconteceu na reinauguração do Centro de Convenções. Pedrinho sorriu, mas comunicou que no dia 8 de outubro estará em Portugal, num intercâmbio entre Sergipe e o país luso. DISPUTA As eleições para a Federação Sergipana de Futebol se transformaram em uma disputa ferrenha, idêntica a um pleito municipal. De um lado o governador João Alves Filho apoiando Genesson Silva e Sidrack Marinho, e de outro o grupo da oposição querendo manter Carisvaldo Silva na Presidência. TÁTICA Segundo uma fonte bem avisada do Governo, a tática é conquistar os times pequenos, principalmente do interior, que tem peso de voto igual aos grandes. Mas essa também é a estratégia do pessoal da oposição, que reúne o ex-governador Albano Franco e o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda. DESMENTE O governador Albano Franco se apressou em desmentir que tivesse fazendo campanha para reeleição de Carisvaldo Silva como presidente da FSF. Albano considera que Carisvaldo Silva “é um dos políticos mais decentes do Estado” e admitiu que ele “não sabe usar o prestígio que tem”. BOATOS Correram muitos boatos em relação às eleições de amanhã na Federação de Futebol. Um era que o Banese retiraria o apoio dos clubes que não votassem em Genesson. O outro era a participação da Petrobras, que passaria a apoiar os clubes que votassem em Carisvaldo Silva. Nada foi confirmado… ADIADO Em razão da viagem do prefeito de Propriá, Renato Brandão, ao encontro de Brasília, a reunião do grupo liderado por Leonor Franco com o Partido Liberal foi adiada. A reunião estava marcada para amanhã, quando poderia ser definida a filiação de Leonor Franco e seu grupo no Partido Liberal. FILIAÇÕES O ex-deputado federal Gilton Garcia está conseguindo nomes importantes para o PTN. Ontem, em Lagarto, o ex-prefeito José Raimundo Ribeiro assinou ficha de filiação. O PTN também está fortalecido em Itabaiana. O ex-deputado Chico de Miguel filiou-se é presidente o Diretório Municipal. Em Capela, o ex-deputado Hélio Dantas também ingressou no PTN. AUMENTO Já chegou nos gabinetes dos deputados o projeto para aumento de 15,45% para o Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público. Todos alegam que têm orçamento próprio e farão economia para pagar o reajuste, que entrará em vigor a partir de janeiro do próximo ano. AUXILIAR Com o pedido de aumento pelo Tribunal de Contas, é praticamente certo que o legislativo também fará o mesmo para o seu pessoal. Um parlamentar considera que, se um órgão auxiliar da Assembléia concede aumento, não se justifica que o legislativo também não o faça. EMPRÉSTIMO O Governo do Estado vai conseguir o empréstimo da Funarsep, para “pagamento de gratificação natalina dos servidores ativos do Estado”. Mesmo sem votar no pedido de empréstimo, um deputado da oposição sugeriu que retirasse a justificativa acima, porque o artigo 5º dos Estatutos da entidade não permite. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) disse ontem que seu voto contra a reforma tributária não teve nada com o governador João Alves Filho. “Votei pelo meu Estado e fui o único do Partido Liberal a tomar essa posição”, disse. Heleno ainda não sabe como o partido definirá o seu voto. GALINDO O procurador de Justiça Luís Melo deu parecer contrário ao pedido de prisão domiciliar para Genivaldo Galindo, feito à Justiça pelo seu advogado. Com a posição contrária do procurador de Justiça, dificilmente o Tribunal decidirá favorável ao pedido. CACHO O secretário da Justiça, Manuel Cacho, estava em São Paulo, ontem, trabalhando em favor da candidatura do advogado Luis Flávio D´Urso, a presidente da OAB-SP. Ontem pela manhã Cacho participou, no Rio de Janeiro, da organização da Passeata dos Cem Mil, pelo desarmamento. Acontecerá domingo, em Copacabana. Notas TRANSPOSIÇÃO O vice-presidente da República, José Alencar, mostrou a deputados da Comissão de Defesa do Consumidor e Minorias, o Plano São Francisco, que busca fechar, ainda este ano, um projeto final para a revitalização e transposição das águas do rio São Francisco. Alencar esteve acompanhado do ministro Ciro Gomes. Alencar reconhece o alto custo do Plano – US$ 6,5 bilhões – mas destacou que a sua realização pode representar 100 mil empregos diretos e indiretos na região do semi-árido brasileiro durante a obra dos eixos Norte Leste. INVASÃO Milhares de prefeitos, vereadores e deputados estaduais estão em Brasília e foram ao Congresso Nacional para protestar contra a reforma tributária, cujos destaques foram votados ontem. Eles já conseguiram aumentar a arrecadação com a reforma tributária em R$ 3,7 bilhões. Acham que o valor ainda é baixo. Os prefeitos pressionaram para aprovação de um destaque do PFL, que aumentaria a arrecadação dos municípios em, pelo menos, R$ 6,5 bilhões. A medida amplia a base de cálculos do FPM e define outras rendas. PESQUISA A pesquisa publicada pela Brasmarketing, no Jornal do Comércio, de Recife, sábado passado, que mostra o prefeito de Aracaju, Marcelo Déda (PT), em 24º lugar. Na realidade, segundo um aliado de Deda, o importante é que ele esteja em primeiro lugar na cidade que administra, onde todos reconhecem seu trabalho. Marcelo Déda lidera todas as pesquisas de intenção de votos em Aracaju para as eleições do próximo ano e é inegável que a sua administração tem aprovação e simpatia da sociedade: “Para o PT é isso que interessa”. É fogo O médico Ricardo Hangemberg será candidato à Prefeitura de Laranjeiras e já começou a trabalhar para isso. O Partido dos Trabalhadores pretende participar de chapas majoritárias na maioria das cidades do interior. O deputado estadual Antônio dos Santos (PDT) está reivindicando, junto ao Governo do Estado, que seja implantado um sistema de abastecimento de água potável no povoado Barriguda. Setores da esquerda estão pensando em uma chapa, para a Prefeitura de Aracaju, encabeçada por João Fontes, tendo como vice Antônio Samarone. Seria impossível, porque o deputado João Fontes não pretende disputar a Prefeitura e o vereador Samarone é do PDT, que terá candidato a prefeito. O secretário do Turismo, Pedrinho Valadares, continua sendo o nome que o PFL deseja para disputar a Prefeitura de Aracaju. O vice-prefeito de Nossa Senhora de Lourdes, Jailton da Silva Cruz, pediu garantia de vida à Secretaria de Segurança. Jailton disse que vem sendo ameaçado de morte, por telefone. A Polícia deve investigar para saber de onde partem as ameaças. O deputado estadual Gilmar Carvalho, candidato a prefeito pelo PV, garante uma festa de arromba na convenção para eleição da nova diretoria e filiações. A deputada estadual Maria Mendonça é o nome mais forte para disputar a Prefeitura de Itabaiana pelo PSDB. O grupo liderado pelo ex-deputado Chico de Miguel, também pensa no ex-deputado federal José Teles de Mendonça. O prefeito de Pirambu, André Moura, está liderando a movimentação dos municípios produtores de petróleo, para entrar com ação cobrando royalties atrasados. O ex-prefeito de Laranjeiras, José Sobral, não está afastado da política e deve participar das eleições municipais de 2004. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br