Dos navios negreiros para os insalubres presídios

O nosso processo criminal tem cor. Essa triste constatação é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o levantamento, no ano passado, 69,1% das pessoas encarceradas no Brasil eram negras. Para se ter uma ideia, do total condenados por tráfico de drogas, 68% são homens negros, 72% têm menos de 30 anos e 67% possuem baixa escolaridade. Com o título Sistema Prisional Brasileiro e o permanente mercado das carnes mais baratas, o trecho do Anuário faz um apanhado dessa realidade desde as embarcações que transportavam pessoas sequestradas no continente africano para escravização no Brasil. O documento cita a descrição do verbete ‘navio negreiro’: “Assim como nas prisões da atualidade, a realidade era de superlotação. Em espécies de prateleiras de menos de um metro de altura, os escravizados amontoavam-se nos porões dos navios. E era ali, deitados lado a lado, nus e acorrentados, que recebiam a parca alimentação e satisfaziam as necessidades fisiológicas. As condições e dados observados hoje em dia nos presídios comprovam que a brutalidade imposta às pessoas negras no Brasil não foi superada com o tempo”, conclui. Urge, portanto, mudar essa horrenda semelhança do inferno no mar com as desumanas penitenciárias brasileiras. Só Jesus na causa!

Volta ao passado

Após inaugurar, esta semana, um luxuoso escritório de Sergipe em São Paulo, o governador Fábio Mitidieri (PSD) disse que o estado nunca teve uma sucursal na capital paulista com o objetivo de atrair empresas interessadas em investir aqui na terrinha. O experiente jornalista Luiz Eduardo Costa, porém, restabelece a verdade ao informar que, no distante 1972, o então governador Paulo Barreto de Menezes instalou um escritório de Sergipe em São Paulo. Desfeita a equivocada informação, espera-se que essa nova representação sergipana na terra da garoa seja mais promissora do que a inaugurada no século passado. Marminino!

Eleitor sem cor

Nove em cada 10 eleitores não informaram seu gênero e cor. De acordo a Justiça Eleitoral, ausência desses dados pode ter uma explicação: a possibilidade de informar cor, raça, gênero e etnia ao fazer o título de eleitor só começou em 2022. Os eleitores que não informaram sua cor ou raça representam 89,88% do total da população apta a votar nas eleições de outubro. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, um quarto das pessoas aptas para votar tem entre 45 e 59 anos. Ademais, o eleitorado feminino é superior ao masculino: são 52% de mulheres e 48% de homens. Aff Maria

Recesso menor

Os deputados estaduais estão em recesso parlamentar desde ontem. Diferente do que ocorrida até 2019, quando as sessões plenárias da Assembleia eram suspensas por três meses durante o ano, agora o recesso anual é de 55 dias. A Proposta de Emenda Constitucional aprovada há cinco anos, estabelece que os deputados devem se reunir em sessões ordinárias de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. O recesso deste meio de ano será usado pelos parlamentares para percorrer a capital e o interior de Sergipe visando apoiar os pré-candidatos a prefeito e vereador. Então, tá!

Notícia velha

O governo de Sergipe promove, hoje, mais um mutirão no interior do estado. O oba, oba oficial acontece em Umbaúba. Repaginado com o nome de “Sergipe é Aqui”, o evento oferece à população carente ações simples, como medição de pressão arterial e da glicemia, consultas médicas, palestras diversas, jogos de futebol para a meninada, manicure e pedicure para as mulheres, corte de cabelo para os homens, etcétera e tal. Verdadeira “operação esparadrapo”, o mutirão também permite que os políticos governistas visitem os donos dos currais eleitorais, enquanto assistem, à sombra, os miseráveis disputando serviços que deveriam ser oferecidos pelo estado sem estardalhaço e de forma rotineira. Crendeuspai!

Vira casaca

O ex-governador de Sergipe, Jackson Barreto (MDB), trocou a camisa vermelha, usada em 2022 no palanque do PT, por uma azul céu, a cor da campanha do pré-candidato a prefeito de Aracaju, Luiz Roberto (PDT). A mudança não deve ter sido difícil para um político que já esteve em praticamente todos os palanques montados em Sergipe. Desde que se elegeu prefeito da capital sergipana, em 1985, JB já pediu votos para políticos das mais variadas matizes. Para se ter uma ideia, após ser derrotado por Albano Franco (PSDB) nas eleições de 1994, quatro anos depois Jackson apoiou alegremente a reeleição do governador tucano. Portanto, a cor da camisa não tem importância para quem passou a vida entre tapas e beijos com aliados e adversários. Arre égua!

Claque de puxa-sacos

O governo de Sergipe ainda tenta estimular a iniciativa privada a gerar os milhares de empregos prometidos na última campanha eleitoral. Existe, porém um setor que segue empregando a todo vapor: o próprio Estado. Nada demais, não fosse a diferença entre os prometidos empregos gerados pelas empresas e as sinecuras oficiais. Os primeiros são preenchidos levando em conta a competência do candidato, enquanto os cargos comissionados, com raras exceções, são ocupados com base no QI de quem indica. O pior nisso tudo é que sobra para o contribuinte custear uma vergonhosa claque de puxa-sacos, contratada para proteger currais eleitorais e aplaudir o governador de plantão. Assim também já é demais também!

Empurra com a barriga

É bom a classe política sergipana se unir em torno do Projeto Sergipe Águas Profundas, pois, ao que parece, ele nunca foi uma prioridade da Petrobras. Originalmente previsto para começar a produzir em 2026, o mega projeto no litoral sergipano vem sendo empurrado com a barriga pela petrolífera. Tanto isso é fato que já se especulou a possibilidade de a produção de gás e óleo só começar lá para o distante 2032. Esta semana, o governador Fábio Mitidieri (PSD) esteve na presidência da estatal, porém saiu da audiência sem a certeza sobre quando se iniciará a produção dos 18 milhões de m³ de gás/dia e 240 mil barris de petróleo/dia. Portanto, é fundamental ficar de butuca nesse mega investimento de 5 bilhões de dólares. Quem avisa, amigo é!

Faroeste caboclo

Itabaiana é o quinto do Brasil com maior taxa de letalidade policial, registrando no ano passado 28 mortes por 100 mil habitantes. No município sergipano 63% das mortes violentas se devem à ação de policiais. A informação é do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Itabaiana fica atrás apenas de Jequié (BA), com 46,6 mortes, Angra dos Reis (RJ), com 42,4; Macapá (AP), com 29,1; e Eunápolis (BA). Grave também é a situação de Lagarto. Este município aparece na nona posição do Brasil em letalidade policial com 54,3 mortes por 100 mil habitantes. Sergipe teve 229 mortos pelas forças de segurança, ficando na terceira posição da lista de policias mais letais. Home vôte!

Professores entrincheirados

Os professores da rede estadual de ensino realizam assembleia geral no próximo dia 30. Sem sucesso na tentativa de retomar as negociações salariais com o governo de Sergipe, os educadores vão discutir novas formas para enfrentar a falta de diálogo imposta pelo Executivo. Além deste ponto, a pauta da assembleia vai discutir reivindicações como o descongelamento da Gratificação de Tempo Integral, do triênio e de gratificações fixas reajustáveis; a garantia da recuperação do poder aquisitivo do magistério público; melhorias nas condições de trabalho e nas estruturas físicas das escolas; retorno dos auxílios internet e tecnológico; convocação de concurso público e otras cositas más. Misericórdia!

Defesa da Deso

O vereador aracajuano Camilo Daniel (PT) protocolou uma Ação Popular contra o edital de concorrência pública prevendo a venda dos serviços prestados hoje pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). De acordo com o parlamentar, o edital desrespeitou uma resolução do Tribunal de Contas do Estado que exige a realização prévia de mesas técnicas de trabalho para projetos de privatização. Camilo afirma que a Ação Popular visa proteger o consumidor e os empregos dos trabalhadores da Deso, “ameaçados pela precarização do projeto privatista”, discursa. Danôsse!

Recorte de jornal

Publicado no jornal aracajuano O Imparcial, em 26 de junho de 1919
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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