Agamenon, para além de Agamenon

Quem não conhece a história de luta do Sintese nem os reais problemas da educação pública em Sergipe e vê Agamenon Sobral falar na tribuna da Câmara de Aracaju ou na imprensa sobre educação, sai com a impressão de que o vereador do PP é um especialista no assunto. Basta uma busca rápida no site da CMA, para perceber que “professores”, “Sintese” e “educação” são os temas mais abordados pelo parlamentar. É certo que nunca há muita novidade entre um discurso e outro de Agamenon. Mas talvez ele tenha adotado o mantra “a repetição gera a perfeição” e, assim, acredite que a sua insistência o tornará expert no tema.

Certamente, isso ele não conseguirá, afinal se sobram denúncias nas palavras de Agamenon, lhe faltam argumentos e comprovações. E denúncias sem argumentos e provas, são denúncias vazias e levianas que se transformam em ataques e agressões. Mas a insistência de Agamenon lhe conferiu, ao menos, um espaço de visibilidade na mídia. Sempre falando alto (gritando mesmo) e usando palavras de efeito, Agamenon tem se tornado figurinha carimbada nos programas matinais de rádio que promovem espetáculo disfarçado de jornalismo.

Esse é o Agamenon hoje já conhecido da população de Aracaju e de Sergipe. Mas a sua dedicação quase que exclusiva a proferir barbaridades contra a categoria do magistério e contra o Sintese me despertou curiosidades: qual a concepção de educação pública de Agamenon Sobral? O que, enquanto representante público municipal, ele faz para a educação pública de Aracaju? Quais as suas principais ações e projetos na área? Enfim, quem é Agamenon para além desse Agamenon quase que caricato?

Para encontrar as respostas ou caminhos para as respostas, fui ao site da Câmara de Aracaju. Até o momento, em sua primeira legislatura, Agamenon apresentou apenas 2 projetos de lei ordinária e 6 requerimentos, sendo um dos parlamentares com o menor número de proposições no Legislativo da nossa capital. E se engana quem pensa que essas proposições tratam de educação. Nenhum dos requerimentos nem dos projetos de lei dispõe sobre o tema que Agamenon mais aparenta entender. Pelo visto, apenas aparenta mesmo. Excluindo as indicações e a recente solicitação da relação dos médicos de Aracaju que fez à Secretaria Municipal de Saúde, o legado de Agamenon é composto apenas de votos de congratulações por passagens de aniversário e notas de pesar por falecimentos.

Querendo entender melhor onde se relacionam o discurso e a prática de Agamenon Sobral no que diz respeito à educação pública fui diretamente ao site do próprio vereador. Lá, Agamenon diz que o seu foco nos quatro anos de mandato é “manter o que eu sempre fiz durante esses 20 anos. Trabalhar, trabalhar e trabalhar em benefício do povo de Aracaju”. Quase 11 meses já se foram e esse “trabalhar, trabalhar, trabalhar” parece ter sido abandonado por um “discursar, esbravejar e atacar”.

Voltando à educação pública, ao abrir o site de Agamenon logo aparece um banner com os seguintes dizeres: “Seja o aluno mais exemplar de sua escola e concorra a vários prêmios”. É o que o vereador chama de “projeto de incentivo escolar”. Clicando nesse banner, dá para entender a concepção que Agamenon tem sobre a educação. Está lá: “os alunos das escolas estaduais e municipais do Bairro América que tiverem a melhor média de notas do ano, receberão uma premiação em dinheiro”. Sim, Agamenon concede “premiação” em dinheiro (que varia entre R$ 500 e R$ 1500) aos três estudantes que obtiverem as melhores notas. Há também a entrega de um tablet ao estudante que tiver a melhor nota e o menor número de faltas.

Ou seja, se o discurso é supostamente em defesa da educação pública, a prática de Agamenon é tratar a educação como mercadoria, é entender o processo ensino-apredizagem como uma competição, em que quem chega na frente deve ser premiado. O oposto do que precisa a educação pública. O oposto do que defende o Sintese.

Já afirmei em outro artigo nessa mesma coluna que faria bem se a disposição de Agamenon Sobral em atacar os profissionais de educação e o Sintese fosse revertida em propostas reais para a melhoria da educação pública. Quase 11 meses de legislatura, fazem-me acreditar que isso não seja mais possível. Agamenon já demonstrou qual é o seu papel exclusivo na CMA. Aí é que entram outras curiosidades: a serviço de quê ou de quem está Agamenon Sobral? As suas agressões ao Sintese estão relacionadas a algum projeto de grupos políticos do estado para as eleições de 2014?

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