É absolutamente normal que se crie uma expectativa diferente, quando um secretário da Fazenda – de qualquer Estado – pede exoneração do cargo. Embora, teoricamente, não exista hierarquia em uma equipe de governo, está claro que o homem que cuida das finanças do Estado naturalmente se distingue da equipe, porque é quem mexe com o dinheiro de toda uma estrutura administrativa. Não foi um simples auxiliar que pediu para sair de forma irredutível. Foi o homem que tem a chave do Tesouro Estadual. As especulações se tornam maior quando se trata de um secretário como Max Andrade, que sempre mereceu os melhores elogios do governador João Alves Filho, principalmente pela sua capacidade de arrecadar. Em alguns meses, através do auxiliar que deixa o cargo, Sergipe superou, com a sua arrecadação do ICMS, os recursos do Fundo de Participação Estadual – FPE -, o que não era fácil.
Mas, além de ser um secretário de primeira linha, o empresário Max Andrade é senador suplente, integra os quadros do PFL e já disputou as eleições municipais de Aracaju como candidato a vice-prefeito, numa chapa liderada pelo senador Antônio Carlos Valadares, em 2000. Trata-se de uma liderança política em formação, dentro de um bloco classista que tende a crescer. Hoje é uma realidade que os empresários do comércio estão querendo participar mais ativamente das atividades políticas, com mandatos proporcionais e majoritários, porque precisam de uma representatividade nas decisões do Estado e do país. Pode-se repetir que, assim como vem acontecendo com os evangélicos, os comerciantes descobriram o caminho da política, como forma de unir a classe e fazer valer a sua força dentro de um contexto eleitoral. Com certeza, 2006 contará com um novo agrupamento político, que se estende por todas as cidades do interior e concentra suas potencialidades na capital. Essa classe unida tem condições de estar presente nas Câmaras Municipais, na Assembléia e no Congresso Nacional, além de contribuir para eleger o Governo do Estado.
Evidente que a mudança realizada no Estado, principalmente pela exoneração a pedido do secretário da Fazenda, provoca uma série de especulações felizes e infelizes, que as vezes tumultuam o processo. Analisando bem, não ocorreram grandes modificações e apenas um cidadão desfalcou a equipe. Mas não chega a ser motivo para pânico ou para deduções estapafúrdias, porque não se institucionalizou a crise. É verdade que existe os incendiários, como também aqueles que aproveitam a situação para tentar se exceder na amostragem de serviços, inclusive em busca de um lugar ao sol. Mas ainda se enxerga luzes no percurso do túnel, sem grandes problemas para a continuidade de um trabalho que, se reconhece, precisa ser reformado para não correr riscos de não cumprir os seus objetivos. É quase certo que algumas mudanças ocorrerão na equipe de Governo, mas com o objetivo de ajuste da máquina, para se estabelecer um avanço no estilo político-administrativo que vem cometendo alguns equívocos sanáveis.
Pode-se analisar também que vem saindo das entranhas do governo uma nova tendência política, que inicia uma corrida paralela aos objetivos do grupo que está no poder e tem projetos para continuar nele por mais alguns anos. Não se trata de especulação a informação de que há um movimento para a criação de uma nova opção eleitoral, que não seja apenas o partido de esquerda que vem sendo formado em Sergipe pelo deputado federal João Fontes. O senador Almeida Lima está começando a aproveitar o espaço dos desgostosos de um lado e de outro, para trabalhar uma composição política que ponha um pouco de areia na pretensão da polarização. E começa a contar, de fato, com esse pessoal das Câmaras Lojistas, que já elegeram Max Andrade como uma das lideranças do movimento. Não há nada contra ninguém de forma determinada, mas se define um posicionamento que ofereça uma nova opção ao eleitorado sergipano.
Evidente que o governador João Alves Filho ainda não está pensando em 2006, mas a partir do carnaval, quando se entrar nos festejos juninos de 2005, se perceberá nitidamente que todos os segmentos estão decisivamente buscando forças para a disputa eleitoral que definirá a administração estadual por mais quatro anos. Muita coisa vai correr por baixo da ponte, mas já se dá para perceber que o PFL precisa procurar novos parceiros e fortalecer os vínculos com os que tem, porque vem ficando um pouco sozinho. A oposição está se mantendo coesa e animada com a vitória esplendorosa do prefeito Marcelo Déda. Uma nova opção se cria com o segmento forte do comércio, que está saindo do bloco governista. Se não houver uma reação, fica difícil buscar novos parceiros para fortalecer uma composição visando o pleito difícil de 2006. As coisas não estão acontecendo mais como em pleitos anteriores, porque há mudanças de mentalidades dentro da própria base governista e é preciso agir já, caso seja pensamento do grupo disputar a reeleição.
REQUERIMENTO
Os deputados federais João Fontes (PSol) e José Carlos Machado (PFL) preparam requerimento sobre a transposição do rio São Francisco.
Solicitam ao presidente da Câmara, João Paulo (PT), a criação de uma Comissão Externa da Casa, para acompanhar o processo de transposição do rio.
CIRO
O ministro do Desenvolvimento Nacional, Ciro Gomes, vai à Câmara dos Deputados falar sobre a transposição do rio São Francisco.
Também participa da sessão o sergipano Luiz Carlos Fontes, que é o secretário geral do Comitê da Bacia do rio São Francisco.
REVITALIZAÇÃO
João Fontes diz que se o Governo se comprometer em gastar 50% (R$ 3 bilhões) com a revitalização do rio, se dá por satisfeito.
Acrescenta que não existe projeto para revitalização, que deve ser feita agora, para que se faça uma análise, dentro de cinco anos, sobre a transposição do rio.
CONSELHO
Há três anos atrás, durante um almoço em um restaurante do centro, o empresário Max Andrade ouviu de um político conselhos sobre a formação de um bloco coeso.
Foi bem claro: “você precisa ter um núcleo político dentro do CDL, para ter uma representação na Assembléia e Congresso”.
AFINIDADE
Existe hoje uma grande afinidade política entre o senador José Almeida Lima (PDT) e o ex-secretário da Fazenda, Max Andrade (PFL).
A afinidade é tanta que o senador afirmou que sabia das razões do pedido de demissão, as compreendeu e aprovou o gesto de Max deixar o governo.
JANTAR
Membros do Sindifisco e auditores da Fazenda ofereceram um jantar, segunda-feira, ao ex-secretário Max Andrade, em um restaurante da orla de Atalaia.
O pessoal fez questão de ressaltar a forma democrática com que Max Andrade atuou no período que esteve à frente da Fazenda. O jantar foi de adesão.
DISCURSO
O deputado federal José Carlos Machado (PFL) fez discurso, ontem, na Câmara, enaltecendo a passagem do empresário Max Andrade pela Secretaria da Fazenda.
Machado considerou que Max Andrade tem que retornar à vida pública, porque se trata de um dos melhores quadros do PFL.
ENTREVISTA
O senador Almeida Lima disse que gostou muito da entrevista que o deputado federal Jackson Barreto (PTB) concedeu ao radialista Fábio Henrique, nesta segunda-feira.
Também aplaudiu a resposta que foi dada pelo deputado federal Mendonça Prado (PFL). “As duas foram excessivamente reveladoras”, disse.
GARIBALDE
O deputado estadual Luiz Garibalde (PDT) disse que a relação com o Governo continuará como está, até o governador João Alves Filho retornar da França.
O chefe da Casa Civil, Flávio Conceição, disse ao deputado que o governador gostaria de conversar com ele: “vamos ver se João quer a gente como aliado ou não”, disse Garibalde.
MUDANÇA
Antes de viajar à Europa, o governador João Alves Filho (PFL) revelou a um dos seus auxiliares que faria mudanças importantes em sua equipe de Governo.
João Alves revelou que pretende montar uma equipe mais dinâmica, que siga o seu estilo de otimismo com a administração.Existe falha na assessoria política do governador.
LICENÇA
O prefeito Marcelo Déda (PT) comunica hoje, à Câmara, que vai se afastar do cargo por uma semana, sem remuneração. Assume o vice-prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB).
Déda vai se dedicar às campanhas dos candidatos do PT e de partidos aliados que disputam o segundo turno em São Paulo, Goiânia, Cuiabá, Fortaleza, Natal e Maceió.
GILMAR
O deputado Gilmar Carvalho disse, ontem, que não vai jogar o PV às traças. Primeiro cuidará do partido e depois dele.
Gilmar Carvalho tem convicção de que filiado ao Partido Liberal ele não se reelege, em razão do quociente eleitoral.
RÁDIO
Sobre as conversas em relação à radio Jornal, Gilmar Carvalho diz que tem “muita consideração pelo empresário João Alves Neto”.
Deixa claro que isso leva a não confundir sua posição política com as atividades profissionais. Sabe distinguir as duas coisas.
LINDBERG
O secretário da Educação, Lindberg Lucena, participou de uma reunião, ontem, com o Síntese, que durou mais de três horas.
Uma das primeiras medidas de Lindberg, ao assumir a Educação, foi manter contato com o sindicato da classe. Da reunião também participou o vereador eleito Iran Barbosa.
Notas
PAVIMENTAÇÃO
O deputado estadual Luiz Garibalde (PDT) está pedindo que o Governo do Estado pavimente o acesso da BR-101 até a Agrotécnica Federal de São Cristóvão, para melhorar as condições de tráfego, beneficiando estudantes, professores e funcionários. Acha que o trecho é curto e dá para o estado arcar com as despesas.
Segundo Garibalde, o governador João Alves Filho já se prontificou em ajudar os estudantes e demais usuários da estrada. O deputado enalteceu o trabalho do diretor da escola, professor Alberto Acioli.
CÂMARA
Mesmo sem ainda ser diplomado, o grupo de vereadores eleitos já está começando a discutir as eleições para presidente da Câmara Municipal de Aracaju. O atual presidente Sérgio Góes, que já foi reeleito, tentará pela terceira vez o cargo, mas há um grupo que trabalha por uma mudança.
Os novos vereadores eleitos não estão aceitando essa continuidade administrativa dentro da Câmara e pregam uma renovação. Ninguém ainda colocou a cabeça, mas é nítida a tendência para que a Câmara mude de comando.
SUGESTÃO
Um influente membro do PFL acha que o governador João Alves Filho deve reiniciar um período de atenção à legenda. Lembra que, quando João Alves não era governador, o partido promovia reuniões todas as segundas-feiras, para analisar os acontecimentos da semana e adotar posições em relação aos fatos.
Os deputados eram orientados e o partido mantinha uma unidade invejável. O Instituto Tancredo Neves também funcionava bem e havia uma certa organização partidária: “isso precisa retornar imediatamente”, disse ele.
É fogo
Há um estardalhaço muito grande em torno da mudança de secretário no Estado, quando isso é uma coisa absolutamente normal.
O ex-secretário da Fazenda, Max Andrade, já tinha mesmo esboçado vontade de deixar o cargo, para retomar as suas atividades empresariais.
O empresário Max Andrade também mantinha uma posição de muito equilíbrio na administração e não permitia ingerência na secretaria que administrava.
O novo secretário da Fazenda, Gilmar Mendes, está começando a colocar pessoas de sua confiança no gabinete, para iniciar o seu esquema de trabalho.
Quem estava habituado com o estilo contemplativo e político de Max Andrade, terá que se acostumar com ações absolutamente técnicas de Gilmar Mendes.
O surgimento de vários candidatos no bairro fez com que o Santos Dumont perdesse sua representação na Câmara Municipal de Aracaju.
Para Lindberg Lucena, novo secretário da Educação, o fato de não ser professor não altera nada: “o mais importante é a qualidade dos auxiliares que cercam um secretário”.
O deputado suplente Jorge Araújo (PSDB) distribuiu outdoor anunciando o retorno para a Assembléia e, sem ser pretensioso, diz que todo Sergipe está feliz.
Os terapeutas estão contra projeto que circula no Senado, que prevê a hierarquização entre a Medicina e as demais profissões da área de saúde.
A posse dos secretários Gilmar Mendes (Fazenda) e Lindberg Lucena (Educação) esvaziaram a sessão plenária da Assembléia Legislativa.
O Banco do Brasil conseguiu restabelecer os serviços eletrônicos prestados pelas agências, caixas eletrônicos e Internet banking em todo o país.
O faturamento de empresas de pequeno e médio porte cresceu em média 49,5% de 1994 a 2003, segundo estudos realizados pelo Serasa.