ÁGUA, JÓIA RARA E IMPRESCINDÍVEL

Os presidentes de quase todos os países do mundo, quando se reuniram na ECO 92, na cidade do Rio de Janeiro, concluíram que a água deveria ser valorizada como um metal precioso, pois apenas 0,007% de toda a água do planeta é acessível ao ser humano.

Segundo o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, presidente do Comitê Internacional para o Contrato Mundial da Água, a água não pode ser avaliada como simples mercadoria, mas deve ser encarada do ponto de vista humano. A água é um bem comum e deve estar à disposição de todos. Ele destacou que é impossível dissociar o tema de questões como o desenvolvimento sustentável, paz e democracia. “A água é patrimônio de humanidade e é indispensável como o ar que respiramos. É um direito à vida e o direito mais universal de todos os direitos humanos”.

Ele observou ainda que é preciso trabalhar para mobilizar as pessoas e campanhas sensibilizando sobre a importância da água. O Uruguai deu um passo singular no mundo ao aprovar uma reforma constitucional que define a água como um bem de domínio público e garante a participação da sociedade civil em todas as instâncias de gestão dos recursos hídricos do país.

Esta atitude, única no mundo, assentou “um precedente histórico na defesa da água, através de sua inclusão na Carta Magna de um país pela via democrática e direta”, afirmaram 127 organizações de 36 países.

Enquanto isto, em nosso país a sua utilização é como se fora um bem inesgotável. Quantos serão os brasileiros que tem esta preocupação ao tomarem seus banhos e ao utilizar a água na limpeza doméstica? Pelo que vemos, o que parece predominar na maioria dos brasileiros é um sentimento totalmente contrário à racionalização do uso da água, pois é muito comum vermos mangueiras ligadas para lavar carros, calçadas e pátios.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 40 litros de água são suficientes para o consumo diário de uma pessoa. O brasileiro, no entanto, de acordo com a ASFAMA (Associação dos Fabricantes de Materiais Sanitários) gasta em média 200 litros por dia, ou seja, cinco vezes mais que o suficiente.

Desperdício, também encontramos nas companhias estaduais de água e esgoto. Estudo efetuado, em 2002, por um órgão ligado à Presidência da República revelou que das 27 companhias, apenas uma tinha índice abaixo de 20%. Cinco delas estavam abaixo de 30% e três com índice acima de 70%. O índice médio de desperdício dessas companhias era 40%. Em Cingapura, o desperdício está em torno de 10%.

Ainda, no que se refere ao desperdício, diversos países já adotaram medidas de racionalização do uso da água. Nos Estados Unidos, as casas construídas a partir de 1995 são obrigadas a ter descargas com litros mais econômicas. Além disso, a venda de peças de descarga convencional está proibida e quem for flagrado com uma dessas peças pode até ser preso. No Japão, as residências possuem um segundo sistema hidráulico, que recolhe e trata a água para reutilização.

Como se trata de um aspecto de conscientização, não basta o aumento de tarifa para reduzir o consumo de água no país. Assim como ocorreu com a crise de energia elétrica em 2001, é preciso que todos se conscientizem de que a água potável pode acabar e com isto, espontaneamente, dêem a sua contribuição para economizar água e não poluir os rios; para revitalização das bacias hidrográficas; para a reutilização da água e para acelerar os estudos no sentido de verificar se é viável a transformação das águas dos mares em água potável.

Enfim, é preciso conscientizar a população sobre a necessidade premente de economia no consumo de água, energia elétrica, evitando-se o desperdício em todos os sentidos, inclusive no tocante à pratica comum de se jogar comida fora, ao invés de dar para os que estão morrendo de fome.

Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000
edmir@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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