“Aí num podi, ‘soshoku-kei danshi’”!

Leio na Uol que é cada vez maior o número de japoneses que não praticam sexo, um problema que vem piorando a taxa de natalidade daquele país, emurchecendo o seu próprio futuro.

De baixa natalidade padecem as civilizações mais avançadas em tecnologia e conforto, sobremodo após o advento da pílula anticoncepcional que liberou os casais para o gozo do sexo, entre tantos prazeres da vida, sem o ônus da gravidez impensada e indesejada.

Infelizmente o sexo ainda vem sendo motivo de danações e condenações, cada um querendo ditar o seu modo de viver ao vizinho.

Neste particular, a despeito do Papa Francisco ter recomendado ao seu pastorado a “não se reproduzir como coelhos”, a Igreja ainda condena o uso da Química e da Física, no processo de contracepção.

Segundo alguns pastores, vive-se em pecado, quem utiliza a Química mediante geleias espermicidas, hoje fora de moda, e até quem adote a pílula anticoncepcional, uma condenação que tergiversa a falta, agravando a Eva mulher pelo erro, e permitindo ao homem eximir-se de dolo ou culpa, invocando engano e ilusão, em mea-culpa de Adão.

Na verdade, o pecado vem sempre colocado na lista contábil da mulher em geral, sobretudo quando ela emprega a Física para realizar o sexo evitando a gravidez.

Um pecado, diga-se em acréscimo, que lhe é imputado mais fortemente se ousar utilizar os dispositivos intrauterinos, conhecidos como DIUs, ou fizer ligadura de trompas, quando aí a iniquidade deixa de ser temporária e se faz permanente, tornando tão difícil quanto impossível um real arrependimento visando a absolvição confessional, a menos que haja uma abstinência monacal.

Ou seja, a mulher é obrigada a ser um monja, sexualmente falando, não inserida num claustro em proteção e isolamento, mas mergulhada no mundo, ao desabrigo plaustro perante a difusa cobiça e a medusa cupidez.

Maldições abstrusas que assestam até o usuário do Condon, as camisas de vênus, que alguns chamavam de vento, hoje bem populares camisinhas, prescritas, até por higiene, assepsia e segurança infecto-contagiante.

Para tais religiosos, as camisinhas continuam a ser amaldiçoadas como estimulantes da luxúria, um dos sete pecados capitais do catecismo.

Não interessa sua indiscutível eficiência, custo e praticidade, enquanto preceito medico-científico evitando as modernosas DSTs, doenças sexualmente transmissíveis. A proibição é igual: condena-se tanto o homem por vestir o que não devia, e a mulher mesmo que ela não se desnude como deveria.

Ou seja, nesta questão de sexo, muita gente se mete mais do que devia. Um sinal de que sempre foi uma coisa boa. E agora não o é tanto assim, a julgar pelo noticiário do Japão onde é cada vez maior o número de indivíduos, homem e mulher, que estão optando por completa abstinência sexual, sem ser monge, eremita ou professar qualquer tipo de ascetismo religioso.

Contingente tão notável de optantes celibatários que já constitui quantidade distinguida da sociedade japonesa, sendo chamados de "soshoku-kei danshi", ou "herbívoros", em tradução livre.

Uma versão herbívora que não chega a ser tão herbivoraz, fitófaga ou vegetariana, como se podia pensar dos que abominam a ingestão de carnes. Mas uma variação colada em contraposição ao carnívoro, enquanto libido da carne, para definir um conjunto de "jovens que não têm uma atitude positiva para o amor e o sexo", na conceituação de Masahiro Morioka, citado pela reportagem da Folha de São Paulo e na UOL.

Observe-se que o tema japonês não se refere ao modismo homo afetivo atual, que procura entronizar suas práticas, na lei e na marra, como supremo festejo da espécie humana.

Trata-se de um opção pela abstinência pura e simples dos prazeres relativos ao sexo, averiguada por pesquisa realizada  pela Associação Japonesa de Planejamento Familiar (JFPA) que entrevistou  3.000 pessoas, entre jovens casais, constatando que 48,1% dos homens e 50,1% das mulheres não haviam tido relações sexuais no último mês.

Note-se que a enquete não foi realizada com idosos, indivíduos no ocaso de fertilidade, muito menos com brasileiros.

Friso este detalhe porque estou a lembrar o meu tempo de adolescência, ouvindo as glórias de meu amigo Venâncio, mecânico já bem vivido, um quase setentão, que afirmava “bater alavanca” todos os dias.

Alavancada que agora não foi constatada no Japão, afinal na recente pesquisa houve um acréscimo de 5% em relação àquela do ano anterior, “uma tendência que ameaça jogar por terra os esforços do governo japonês para aumentar a taxa de natalidade”.

Na oitiva dos homens casados, um em cinco (cerca de 20%) declarou-se "cansado demais" para ter relações sexuais após o trabalho, e quase 16% tinham se tornado sexualmente inativos depois que sua parceira tinha dado à luz.

Jé entre as mulheres, os motivos mais frequentes do desinteresse pelo sexo foi justificado tanto por "aborrecimento" puro e simples, (23,8%), e pelo cansaço pós-trabalho (17,8%), evidenciando que no império do sol nascente viver é bem difícil, a vida não é tão cômoda, e é torturante conciliar a atividade laboral, seus estresses, e tantos tédios inusitados numa ambiência confortável de primeiro mundo.

E é aí que eu divago novamente, lembrando da alegria da massa que ouvira como elogio a peroração do Deputado Francisco Macedo, num comício em praça pública, denunciando os desmandos sociais do Brasil nos idos de 1950: “Enquanto o rico dorme no macio, o pobre dorme na cama de pau duro!”.

Estará a modernidade e seus confortos tolhendo os apetites e desejos da humanidade a ponto de ensejar-lhe a privação dos prazeres da cama?

Se não é assim, nas vizinhanças do Monte Fuji é crescente o número dos herbívoros "soshoku-kei danshi", aí incluindo muitos “homens sensíveis, tímidos e inexperientes que gostariam de sair com garotas, mas que não querem adotar os típicos papéis masculinos para conseguir este objetivo", isso no dizer de Moriarka , autor do livro "Lições para homens herbívoros", publicado no Japão em 2008.

Nesse livro, após entrevistar dezenas de "herbívoros",  Morioka detectou cerca de oito subcategorias diferentes, que vão desde rapazes que "não sabem como se aproximar de uma mulher" até os que "têm capacidade de fazê-lo, mas preferem evitá-lo para não se sentirem feridos".

Embora não haja ainda "dados empíricos suficientes que demonstrem um aumento significativo do número de homens herbívoros no Japão", a imprensa daquele império já denuncia o que definiu como "síndrome do celibato", em referência às pessoas inativas sexualmente e desinteressadas por qualquer tipo de relação sentimental.

Como era de se esperar, diversos analistas apontam uma longa lista, aí incluídos fatores econômicos, trabalhistas ou sociais que inibem as pessoas na hora de manter relações sexuais ou de iniciar ligações sentimentais.

Falam que é a recessão econômica, as longas jornadas trabalhistas e o aumento do custo da vida.  Denunciam até a pressão social sobre os jovens, especialmente as mulheres, para que se casem antes dos 30 anos. Fatores diversos que comprometem a já baixa natalidade no Japão, atualmente de 1,4%, numa população que envelhece ameaçando a sua própria extinção como povo.

Do mesmo envelhecimento se observa nos países europeus. Em Portugal, por exemplo, tem havido estímulos financeiros às famílias que decidem ter mais filhos.

Por outro lado há um crescente insulamento das populações nativas de alguns países europeus como Itália, França, Portugal e Espanha por crescente imigração Africana, uma preocupação, sobretudo das agremiações políticas mais conservadoras, afinal observa-se uma africanização progressiva destes países, um perigo para a continuidade de seus costumes e tradições.

Neste particular o Japão é menos vulnerável à imigração das massas famélicas.

Ali o padecimento não é de fome, mas de inapetência para o sexo e o governo não sabe o que fazer para aumentar a natalidade do país.

A despeito, porém, da florescência de tantos herbívoros "soshoku-kei danshi",   deste mal padecem menos os indivíduos desprovidos de beleza, já que os feios só não namoram por exclusive rejeição de parceiras.

Em defesa destes desgraciosos, o economista Takuro Morinaga, qual Robin Hood dos feios, sugeriu uma ação estatal visando torna-los atraentes, de modo a despertar paixões. Propôs a criação de um imposto incidente sobre os homens bonitos tornando-os menos cobiçados.

"Se impuséssemos um imposto sobre os homens atraentes para corrigir ligeiramente esta injustiça, seria mais fácil para os feios encontrar o amor, e o número de casamentos aumentaria", defende Morinaga, para quem "a incapacidade de os homens feios terem encontros bem-sucedidos com mulheres" é a raiz do declínio das relações íntimas e da taxa de maternidade, uma argumentação que relaciona atração física com poder aquisitivo.

Oscilando entre tantas outras propostas estapafúrdias, o governo japonês bate cabeça tentando uma estratégia para apoiar a maternidade, mas por enquanto não apresentou medidas para encorajar os japoneses a fazer mais amor.

Enquanto fazer amor continua um grande problema no Japão, e já por divagação final, chega-me via Watsapp uma mensagem que compartilho com meus leitores afinal em terra nossa o sol não é nascente mas é muito quente e a fruta racha cedo.

Vamos à historieta, que é jocosa como burleta:

“Primo mineiro da cidade vai pro sitio visitar o primo da roça e esnoba:
-Primo, ganhei 1 Ipod eh bom d+! E Vc? O q ganhou?
-Ganhei isso tamem, uai.
-Quem te deu?
-Minha prima, sua irma!
-De q marca eh?
-Sei la, nois 2 tava onti na cachuera nadando pelado, eu cheguei por trais dela e encostei, ela disse: ''ai num podi…'' ai ela ficou di frente e disse: ''AI PODI…'' Baum d+, agora se tem marca num sei… aki nois chama di buceta…?????????”

Que me perdoem os espíritos pudicos; o problema não é de iPod, mas onde pode!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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