AIDS: Tirando as dúvidas mais frequentes

Apesar dos 31 anos da epidemia da AIDS, existem muitas dúvidas sobre formas de transmissão do HIV, situações de risco, diagnóstico, tratamento, aspectos éticos e legais. Apresentarei a seguir as perguntas mais frequentes e também algumas novidades relacionadas ao assunto:

Ter a infecção pelo HIV é a mesma coisa que ter AIDS?

Não. HIV é o vírus que causa a AIDS. Atualmente, o período médio entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sintomas que se manifestam na AIDS é entre 5 e 10 anos, mas o vírus pode ser detectado no sangue do paciente entre algumas semanas e cerca de um a dois meses após a infecção (após a última relação sexual sem camisinha com alguém infectado). O período entre a infecção e o aparecimento dos sintomas varia muito de pessoa para pessoa.

Qual é a ligação entre o HIV e as outras doenças sexualmente transmissíveis?
Pessoas que apresentam algumas doenças sexualmente transmissíveis (DST) têm mais chances de contrair o HIV porque geralmente essas doenças provocam lesões e feridas nos órgãos sexuais, o que facilita a entrada do vírus da AIDS no organismo durante a relação sexual sem camisinha.

A camisinha é mesmo impermeável ao vírus da AIDS?
Estudos internacionais com 40 marcas de preservativos ampliaram o látex em 30 mil vezes (nível de ampliação que possibilita a visão do HIV) e nenhum apresentou poros. Por causa disso, é possível afirmar que a camisinha é impermeável tanto ao vírus da AIDS quanto para doenças sexualmente transmissíveis.

Por que, em algumas situações, o preservativo estoura durante o ato sexual? E o que fazer?
Quanto à possibilidade de o preservativo estourar durante o ato sexual, geralmente ocorre devido ao uso incorreto. A ruptura da camisinha implica risco real de infecção pelo HIV, caso o (a) parceiro (a) esteja infectado (a). Sabe-se que a transmissão sexual do HIV está relacionada ao contato da mucosa do pênis com as secreções sexuais e mucosas da vagina e/ou ânus e o risco de infecção varia de acordo com diversos fatores, incluindo o tempo de exposição, a quantidade de secreção, a carga viral do (a) parceiro (a) infectado (a), a presença de outra doença sexualmente transmissível, entre outras causas. Sabendo disso, se a camisinha se rompe durante o ato sexual e há alguma possibilidade de infecção, ainda que pequena (como, por exemplo, parceiro de sorologia desconhecida ou sabidamente soropositivo), deve-se fazer o teste pelo menos 30 dias após para que a dúvida seja esclarecida. Caso deseje continuar a relação sexual, é importante fazer a higiene íntima e colocar corretamente uma nova camisinha.

O que é o "coquetel" de tratamento da AIDS?
Consiste na utilização de uma combinação de medicamentos denominados antirretrovirais que podem atuar em fases diferentes do ciclo do vírus, diminuindo a multiplicação do vírus e fazendo com que seus ataques ao sistema imunológico sejam atenuados, permitindo uma melhor qualidade de vida.

O que significa Profilaxia Pós Exposição Sexual ou “Coquetel do dia seguinte”?
Foi lançada recentemente uma importante medida através de medicamentos para prevenção da transmissão do HIV quando há ruptura da camisinha ou qualquer outra falha no uso do preservativo: a PEP, que significa Profilaxia Pós Exposição Sexual ou popularmente conhecido por “Coquetel do dia seguinte”. A pessoa deve procurar um serviço especializado em tratar pessoas que vivem com HIV, que em Sergipe é o Cemar Siqueira Campos, mantido pela Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, situado na Rua Bahia. A utilização dos medicamentos antirretrovirais é mais eficiente nas primeiras após a relação sexual sem camisinha. O alcance máximo da prevenção é em até 72 horas após o risco.  Os medicamentos devem ser usados por 28 dias consecutivos. É importante lembrar que os efeitos colaterais dessas drogas não são desprezíveis. Por isso, o preservativo (masculino ou feminino) ainda é a técnica de prevenção mais segura e barata.  Assim como acontece em casos de acidentes com profissionais de saúde ou atendimento de vítimas de violência sexual, deve ser feita uma avaliação de risco e benefício do coquetel preventivo. Esta avaliação é individual.  A exposição crônica (relações sexuais consecutivas sem prevenção) também não possibilita efeitos benéficos, podendo desencadear uma resistência aos antirretrovirais.  Existe ainda uma série de outros critérios que são avaliados caso a caso, como por exemplo, se era sabiamente conhecido que o parceiro tinha HIV, entre outras circunstâncias.

O que uma mulher soropositiva deve fazer ao se descobrir grávida?
Iniciar o pré-natal tão logo saiba da gravidez; usar terapia antirretroviral segundo as orientações de seu médico, do serviço de referência para pessoas que convivem com o HIV/AIDS; realizar os exames para avaliação de sua imunidade (exame de CD4) e da quantidade de vírus (carga viral) em circulação em seu organismo; ser submetida ao tipo de parto segundo as recomendações do Ministério da Saúde; receber o inibidor de lactação e receber a fórmula infantil para sua criança.

É verdade que a infecção pelo HIV pode acontecer em salões de beleza que não usam material descartável para manicure e pedicure?

Não há registros de transmissão do HIV em salões de beleza ou barbearias. Existe possibilidade de transmissão das hepatites virais B e, principalmente, hepatite C.

É possível a transmissão do HIV por qualquer contato social?
Não. Não se transmite o HIV através de compartilhamento de objetos (copos, toalhas, cadeiras, vaso sanitário, pia, lençóis), contatos sociais (trabalho, escola, cinema, ônibus, restaurante, saunas, etc.), contatos pessoais (beijo na boca, no rosto, abraço, carícia, aperto de mão, dormir junto, etc.), espirro, tosse, piscina, picadas de insetos.

É possível pegar o vírus da AIDS por meio de sexo oral?
Sim, mas com risco bem menor do que no sexo anal ou vaginal. É preciso que esperma ou secreções vaginais infectadas entrem em contato com a mucosa da boca. Os riscos de quem pratica o sexo oral são maiores do que quem recebe. Existem outras doenças que são transmitidas no sexo oral.

O que são doenças oportunistas em relação a AIDS?
As doenças chamadas “oportunistas” aproveitam as condições de debilidade do corpo para se desenvolver. As doenças mais comuns são: infecção pulmonar, infecção no cérebro (meningites e encefalites), infecções intestinais, micose na boca (monilíase oral), candidíase vaginal de repetição, câncer, pneumonia, tuberculose e toxoplasmose.

O que é o período conhecido como janela imunológica?
O vírus HIV demora aproximadamente 30 dias ou pouco mais para ser detectado no organismo pela maioria dos testes de laboratório. O teste detecta os anticorpos do vírus e não o vírus em si. O período que abrange a entrada do vírus no organismo até a constatação nos testes é denominado janela imunológica.

Na hora da relação sexual, podemos usar dois preservativos (feminino e masculino ou dois masculinos) juntos para dar maior segurança de não se infectar com o vírus da AIDS?
Não, pois o movimento sexual (vai e vem) pode ocasionar a ruptura dos dois preservativos, podendo levar à infecção pelo HIV ou outra DST, caso um dos parceiros esteja infectado. Basta utilizar apenas um único preservativo feminino ou masculino.

Um casal soropositivo poderá ter filhos algum dia?
Sim, atualmente, casais podem ter filhos mesmo sendo soropositivos. A transmissão do HIV da mãe para o bebê é chamada “transmissão vertical”. Se uma mulher soropositiva resolve ter um bebê, é preciso receber um acompanhamento medico especial para a condição de soropositiva. Em princípio, o estado geral de saúde da mãe deve ser bom e ela e o bebê recebem medicamentos de prevenção. Além disso, o bebê não deve ser amamentado com leite materno.

Quantos parceiros são necessários para infectar-se com HIV?
Um único contato com uma pessoa infectada pelo HIV e sem o uso da camisinha é suficiente para que haja transmissão. Entretanto, a probabilidade de contrair HIV aumenta de acordo com o número de relações sexuais desprotegidas.

É possível se infectar pelo HIV doando sangue?
Não é possível contrair o HIV doando sangue, pois o material usado é esterilizado e descartável.

A pessoa que tem o HIV deve ser afastada do trabalho?

Os trabalhadores que vivem com o HIV/AIDS não devem ser afastados do trabalho, a menos que sua condição física não permita que continuem trabalhando. Também não são obrigados a informar a sua condição de soropositivo na empresa.

Se um aluno for HIV positivo é obrigatório comunicar a escola?
Não. É um direito da pessoa que vivem com HIV/AIDS não querer falar para as pessoas do seu convívio social sobre sua condição. A desinformação da comunidade escolar, especialmente dos profissionais da escola e os responsáveis pelos alunos, sobre as formas de transmissão do HIV/AIDS é uma das maiores barreiras ao avanço das questões relacionadas a crianças e jovens soropositivos e escolas. As dificuldades mais frequentes das escolas, ao se depararem com a realidade do HIV/AIDS, giram em torno das questões do dia-a-dia: ferimentos originados por mordidas ou tombos, troca de objetos, toalhinhas, talheres, chupetas, compartilhar merendas (sanduíches e canudinhos) e, até mesmo, beijos, abraços e afagos. Não há nenhum risco de transmissão do HIV no ambiente escolar.

O que é a “Cura Funcional da AIDS”?
A "Cura funcional" é uma situação em que o vírus continua sendo detectável no organismo, mas em níveis tão baixos que não há necessidade de tratamento para mantê-lo sob controle. Com essa baixa quantidade de vírus no sangue, o sistema imunológico dos pacientes se mostra capaz de evitar a multiplicação do vírus, impedindo que qualquer sintoma se manifeste.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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