Aldeia Xokó (SE): turismo comunitário na Ilha São Pedro

Rio São Francisco é local de lazer e de sustento

Às margens do rio São Francisco, na denominada Ilha de São Pedro, a comunidade indígena Xokó é um bom destino para quem quer vivenciar contato com a natureza, ruínas históricas, rituais indígenas e muitas histórias para contar.

A localidade fica em Porto da Folha, distante cerca de 220km de Aracaju, no Alto Sertão sergipano. Para chegar até lá não é fácil, mas quando chega, a beleza da região em consonância com o bioma de caatinga, além de ruínas de construções jesuíticas conferem uma agradável surpresa a ser desbravada.

Igreja de São Pedro – Patrimônio do Estado

Das águas esverdeadas do Velho Chico e da terra árida do sertão sergipano, a comunidade retira o sustento. A canoa continua sendo meio de pesca e de transporte para as regiões vizinhas. Na parte central da aldeia, a conversa olho no olho embaixo da árvore mais próxima é o meio de comunicação mais eficaz, mesmo que através do sistema wi-fi da escola permita completar o diálogo através das redes sociais e aplicativos.

A comunidade indígena Xokó é um pedaço do sertão sergipano resguardado turisticamente, mas de uma beleza sem igual. A localidade completa 37 anos como reserva oficial indígena do povo Xokó neste 9 de setembro de 2016 e, aos poucos, passa a desvendar seus segredos históricos para o turismo sustentável de base comunitária, ou seja, para os turistas que buscam vivenciar a experiência da rotina da comunidade a ser visitada.

Com uma população estimada em cerca de 400 habitantes, a Ilha de São Pedro dista quase que 220km de Aracaju e ostenta o patamar de ser a única comunidade indígena vivendo em aldeia de Sergipe.

Carro de bois está presente na comunidade

Modernidade – O bucolismo das aldeias primitivas é lembrado ao presenciar os índios mais velhos sentados à porta das casas numa prosa mansa com os vizinhos, enquanto que outros tercem redes de pesca, sentados embaixo de uma árvore na área central da aldeia. A presença de uma torre de telefone quebra o quadro indígena e demonstra que a civilização também é bem-vinda, já que por muitos anos a comunidade viveu no esquecimento dos projetos sociais.

O povo é acolhedor. Basta pedir a licença para uma prosa que a conversa entra tarde adentro. Os olhos meio puxados, a cor avermelhada e o andar desconcertado são marcas que se misturam com os traços físicos do povo branco da região. A reticência do pensamento por receio de falar algo a mais do que devido é vestígio de povos outrora massacrados.

Entre casas de um lado e de outro da aldeia, resquícios da história podem ser vistos através das ruínas de um convento junto à igreja e um cemitério indígena com um cruzeiro à sua frente. Há indícios de que D. Pedro II passou por lá em visita à região do São Francisco. E não faltam lendas contadas pelos mais velhos sobre esta passagem.

Vida passa lentamente na prosa da tarde na aldeia

À beira-rio, diversas canoas colorem as águas esverdeadas. Pequenos índios fazem dos bancos de areia campos de futebol. Se seguir por sua margem, conferirá que em alguns trechos do curso, o rio é acompanhado por paredões de pedras, além de vegetação pluvial, cactáceos, bromélias e outras plantas do bioma de cantiga, desenhando a região uma paisagem bem típica de sertão.

O clima quente não é tão legal assim, mas as águas em temperaturas amenas causam sensação de bem-estar. A Ilha de São Pedro apresenta-se como um promissor destino de turismo sustentável de base comunitária a ser desbravado. Basta seguir o roteiro e ver o que lhe aguarda.

Como Chegar

Para se chegar à Ilha de São Pedro, passa-se por um verdadeiro rally ecológico. A melhor opção partindo de Aracaju é pela BR101 e acessar a BR 235 sentido Itabaiana/ Ribeirópolis/ Nossa Senhora Aparecida/ Nossa Senhora da Glória. Segue-se pela Rota do Sertão e deve-se ter atenção para a entrada da estrada de piçarra do lado direito para o povoado Niterói e Mocambo. Percorre-se pouco mais de 40km e no povoado Lagoa da Volta entra à direita por uma estrada de piçarra e mais 13km.

Cemitério Indígena 

Dica de viagem

  • Vale à pena fazer um contato com antecedência com o articulador e cacique Lucimário Apolônio através do telefone (79) 99650 7071. A aldeia não costuma receber muitos visitantes, porém, não há dificuldade de acesso. O cacique é o jovem índio Lucimário Apolônio, sempre solicito em dar as boas-vindas.

  • Os índios aprendem a ler e escrever e tem noções da história indígena da comunidade na escola Dom José Brandão de Castro. Visite-a.

  • Um dia de passeio é o suficiente, pois no entorno da Ilha não há hospedagem, a não ser que prefira se hospedar nos municípios vizinhos de Porto da Folha ou Monte Alegre, mas se for no sistema bate-volta para a capital, a viagem lhe reserva horas de estrada.

  • Vale a pena também conhecer o povoado Mocambo, comunidade quilombola de mais de 800 habitantes. As comemorações de independência de suas terras acontecem em 27 de maio, data que também há várias festividades na localidade.

  • Dia 9 de setembro é dia de festa

    No povoado Niterói há um restaurante simples, mas agradável que serve comida caseira. Os pratos à base de pescados do São Francisco são os melhores.

  • O sol é escaldante na região. Não deixe de usar roupas leves, protetor solar, e levar bastante água.

  • O povo Xokó comemorara 37 anos de retomada das terras Caiçaras em 9 de setembro de 2016 com a dança do Toré, o consumo da Jurema (bebida sagrada), o ritual do Oricuri e muita pintura no corpo à base de jenipapo, água e carvão.

  • Na igreja restaurada realiza-se uma missa em homenagem à São Pedro, com cânticos indígenas e fala do pajé, além de entrega de certificados aos ex-caciques, professores da escola indígena, políticos e companheiros dos Xokó.

Gastroterapia

Não deixe de passar pelas casas de doces caseiros da região. Uma delas fica ainda em solo do município de Itabaiana, na BR 235, no povoado Rio das Pedras. Uma outra casa de doces denominada Doces da Dona Nena fica na rodovia SE 206, depois da cidade de Nossa Senhora da Glória antes de chegar à Monte Alegre de Sergipe.
Os doces caseiros

Umbu, mangaba, jaca, mamão, goiaba, doce de queijo, de leite batido, em bolas, com ameixa, doce de carambola. Ufa! E as cocadas? O doce sabor do sertão é parada obrigatória para quem passa pela região do Alto Sertão de Sergipe.

Dona Nena ganhou fama na região graças aos seus mais de 25 tipos de doces caseiros fabricados artesanalmente, vendidos todos os dias, das 7 às 18h. A procura é tão grande que são vendidos mais de 10kg de cocada por dia. Os preços variam de R$ 3 a R$ 7 (doces) e de R$ 3 a R$ 6 (biscoitos).

Na Bagagem

Diretoria CVC em Sergipe

O diretor de Produtos Nacionais da CVC, Claiton Armelin, confirmou uma visita técnica à Sergipe nos dias 13 e 14 de setembro. Os representantes da empresa estarão no estado para conhecer novos roteiros e mostrar o desempenho do turismo sergipano na grade da operadora turística.

Divulgação para o verão 2017

Sergipe irá realizar no segundo semestre de 2016 uma série de capacitações sobre o destino com os parceiros da operadora Visual nas cidades de Ribeirão Preto, Campinas, Belo Horizonte e São Paulo, abrindo um canal de promoção e divulgação, com capilaridade de vendas com foco no verão 2017. A operadora é detentora de perfil voltado ao atendimento de agências de viagem e consultores de turismo.

Brasileiros descobrem a Colômbia

Com o despertar para o turismo de cidades como Bogotá, Cartagena das Indias e San Andrés, os brasileiros cada vez mais procuram os destinos sol, história e gastronomia na Colômbia. A empresa aérea Latam logo viu o potencial e anunciou uma nova rota diária partindo de São Paulo. São cinco frequências semanais no roteiro São Paulo (Guarulhos) com destino a Buenos Aires (Ezeiza) às 7h25 e chegará às 9h20. Depois, partirá da capital argentina às 13h10 para aterrissar em Bogotá às 17h35. Todos os horários citados são locais dos países de chegada e saída.

Rio 2016

Os balanços divulgados pela Prefeitura do Rio de Janeiro apontam os turistas estrangeiros que visitaram o País para participar dos Jogos Olímpicos Rio 2016 gastaram, ao todo, pouco mais de R$ 2 bilhões nos 12 dias iniciais do evento. O dado reúne os valores de 410 mil turistas que estiveram no Rio de Janeiro no período. O gasto médio diário do turista internacional durante a Olimpíada brasileira foi de R$ 424.

Fotos: Sílvio Oliveira

Contato: silviooliveira@infonet.com.br

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