Algumas notas

Morreu, aos 57 anos, o cantor e violonista Edildécio Andrade, o Edil que fazia a voz e o violão do Trio Irakitã Morreu de infarto, em casa, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Era casado e deixou três filhos. Nascido de uma família de artistas, em 1952, em Aracaju, foi um garoto prodígio, que chamou a atenção da mídia, notadamente do rádio,  nos anos de 1960, cantando Jambalaia, grande sucesso da menina norte americana Brenda Lee. Cantava outras coisas, formando um repertório que destacava sua voz bonita e seu talento musical. Em Aracaju participou de Festivais de música, cantando sozinho ou incorporado ao Trio Atalaia, que formou com Lisboa (já falecido) e Djalma. Integrou outros grupos, na capital sergipana, antes de fixar-se no Rio de Janeiro, na década de 1970, onde teve a oportunidade de recriar o Trio Irakitã, com Gilvan, sobrevivente da formação inicial do harmonioso grupo que imortalizou, em língua portuguesa, diversos boleros de sucesso. A morte de Edildécio Andrade, noticiada com destaque na imprensa carioca, com repercussão imediata na Internet, comoveu e enlutou sua família e seus amigos sergipanos. Sempre que podia, Edildécio Andrade trazia o seu Trio Irakitã para apresentações no Cariri, atraindo grande número de admiradores do seu trabalho. Sergipe perde uma voz das mais belas do Brasil.

Memorial dos Palmares é o título do livro de Ivan Alves Filho, que a Fundação Astrogildo Pereira, braço intelectual do Partido Popular Socialista, lançou na semana passada, dia 18, no Espaço Cultural da Sociedade Semear. Trata-se de uma pesquisa bem aprofundada, tratando de um tema que ainda carece de interpretação. O sertanista Fernão Carrilho, sergipano de Itabaiana, uma das grandes figuras do desértico século XVII, é um personagem importante, cuja ação no campo da guerra contra o quilombo dos Palmares ganha destaque no livro de Ivan Alves Filho. Pesquisa oportuna, redação clara, fidelidade aos fatos e compreensão da trama que marca aquele capítulo da história, fazem de Memorial dos Palmares uma contribuição relevante à bibliografia histórica e social brasileira.

A Academia Sergipana de Letras está no centro de um debate que cresce, fora dela, motivado pela mobilização em torno de candidaturas, nas vagas existentes no quadro efetivo do sodalício. São duas vagas, a de Manoel Cabral Machado, que tem como candidato único o historiador e magistrado federal Vladimir Souza Carvalho, e a de Mário Cabral, cujo assento está sendo disputado pelo memorialista Murilo Mellins, autor do festejado livro Aracaju romântica que vi e vivi, já em 3ª edição, e pelo advogado Domingos Pascoal. Em artigo publicado no Jornal da Cidade, no dia 17 de junho, o acadêmico José Lima Santana abriu um debate, expondo sua opinião sobre os modos como a Academia Sergipana de Letras escolhe seus integrantes, dentre aqueles que estão qualificados para o destaque acadêmico, lamentando a ausência de alguns nomes que são referenciais em Sergipe e que pelo labor intelectual deveriam ingressar, com prioridade, na Casa de José da Silva Ribeiro. A voz do acadêmico José Lima Santana, por todos os méritos acreditada, chama a atenção para o modo da corrida acadêmica, sem critérios, e levou a que, no mesmo jornal, Ezequiel Monteiro, com sua costumeira competência, ampliasse a discussão, na edição de quarta-feira, dia 24 de junho, o que é, certamente, garantia de que o assunto provocará novas opiniões. Ezequiel Monteiro tem uma visão ampla da vida literária sergipana, como um autor dos mais renomados na prosa de ficção, e como colaborador de um jornalismo denso, incisivo, ornado de todas as qualificações para opinar.

O artigo da professora Eufrázia Cristina Menezes Santos, do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe, sob o título de Gente que brilha: quadrilhas quadrilheiros de Sergipe, publicado na edição de 24/25 do Jornal da Cidade é perfeito como história e como interpretação, e oportuno para o ciclo de festas juninas, que agita a vida sergipana, desde o último dia do mês de maio, seguindo-se até depois do dia de São Pedro. As quadrilhas não são mais aqueles grupos contidos numa marcação repetida, a exaustão, durante os festejos juninos, são corpos de baile, balés populares, com enredos, coreografia, indumentária e tudo o mais que caracteriza uma arte nova. Vale, portanto, que a discussão seja ampliada, como faz a professora Eufrázia Cristina Menezes Santos, com correção e precisão.

Bete Benevides publicou, e finalmente divulgou, A louvação das prostitutas de Riachão do Jacuipe ao glorioso São Roque (Salvador: Secretaria de Cultura e Turismo/Fundo Cultural do Estado da Bahia, 2006), dissertação de Mestrado, que exalta o esforço de pesquisa, a reunião dos dados e a interpretação que segue uma linha bem delineada por eminentes professores da Universidade da Bahia, dentre eles o sergipano Nelson de Araújo, referenciado pela autora. O novo livro mais do que cumprir com um ritual acadêmico, dá aos baianos e brasileiros um estudo profundo, criterioso, que valoriza o cenário de vida a um tempo real e lúdica, de uma região rica de fatos de história e de cultura, que é o recôncavo e suas extensões, por todos os lados da geografia da Bahia.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais