O senador José Almeida Lima surpreendeu quando se filiou ao PSDB. A notícia foi passada com exclusividade para o colunista Ancelmo Góes (O Globo). A maioria dos políticos em Sergipe não acreditou, primeiramente porque se duvidava que o senador deixasse o comando de um partido para ingressar em outro sem nenhuma vantagem aparente. Mas, algumas semanas depois, o próprio Almeida Lima confirmou a exclusividade de Ancelmo, ampliada com informações de que teria o comando do PSDB em Sergipe e seria candidato ao governo do estado em 2006, dentro de um projeto de formação de uma terceira via, em que contava com o apoio de segmentos políticos que sempre colocaram nomes para disputar mandatos legislativos e executivos, mas sem terem um representante em nenhum dos poderes. Se o comando iria para o senador Almeida Lima, ficava claro que ocuparia o lugar do ex-governador Albano Franco, que está no ninho tucano desde quando Fernando Henrique Cardoso disputou a Presidência da República pela primeira vez.
O acordo para Almeida Lima ingressar no PSDB fora feito com a Direção Nacional, inclusive depois de um jantar com o então presidente da legenda, prefeito José Serra, no apartamento de um empresário em São Paulo, tendo como acompanhante o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM). Haveria, então, uma intervenção no partido em Sergipe e, o que era PDT, criaria asas e invadiria o ninho tucano. Almeida deixou clara sua posição: “Albano Franco e ele não caberiam no mesmo partido”. A saída do ex-governador e seu grupo fora uma das exigências do senador, que se baseava em algumas evidências: a que o PSDB em Sergipe estava se vinculando ao Partido dos Trabalhadores, adversário dos tucanos a nível nacional. A outra: os tucanos tinham que aumentar a bancada no Senado e Almeida Lima daria esse número que o partido precisava. Foi tudo fechado e praticamente com data para intervenção do Diretório Regional em Aracaju, o que ocorreria em março. Não aconteceu. Porque a Direção Nacional não cumpriu com a palavra, apesar dos protestos daqueles que trabalharam pela filiação do senador sergipano.
O ex-governador Albano Franco começou a trabalhar, ao lado do deputado federal Bosco Costa (PSDB), para evitar a intervenção que já não interessava ao novo presidente do tucanato, senador Eduardo Azeredo (MG). Apesar dos convites para Albano e seu grupo se transferirem para o Partido Liberal ou PMDB, inclusive através de Renan Calheiros, o ex-governador deixou claro que não pretendia sair do partido. Com essa convicção passou a freqüentar Brasília e trabalhar sua permanência, amparado pelos senadores Eduardo Azeredo e Tarso Jereissati. O grupo liderado por Albano passou a usar um estratégia junto à Direção Nacional: aceitaria a filiação de Almeida Lima no PSDB, poderia apóia-lo ao governo do estado, mas não lhe passaria o comando do partido. E isso foi retardando o compromisso de intervenção, iniciando as conversas para um entendimento. O tempo foi passando, de tal forma que não houve alteração na legenda. Um estresse deixou Almeida Lima afastado das atividades políticas por 50 dias e provocou um esfriamento no projeto de comando do PSDB, com o tempo cada vez mais exíguo e a necessidade de uma providência imediata. O jantar do ex-governador Albano Franco com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com a sugestão de FHC para que Franco disputasse o governo do estado pelos tucanos, pode ter servido para Almeida Lima rever suas posições e retornar ao PMDB, inclusive porque o seu grupo já estava tenso, em razão da exigüidade de tempo para a formação do partido, que ficaria sob seu comando.
Ontem a novela chegou a fim. Almeida filiou-se ao PMDB depois de conversas com lideranças nacionais e estaduais. Entrou como um soldado e sem compromisso imediato com o seu comando. Quanto à candidatura ao governo do estado disse que se trata de uma questão para se discutir: “um projeto que se construirá depois de muitas conversas”. Ontem à noite, durante um jantar em sua casa, estava mais leve, ao lado dos novos aliados, enquanto no ninho tucano também se respirava com mais tranqüilidade.
PROBLEMA
O deputado Arnaldo Bispo e o irmão Luciano, ex-prefeito de Itabaiana, do PMDB, não compareceram à solenidade de filiação do senador Almeida Lima e seu grupo no partido. Luciano e Arnaldo deixaram bem claro que só se manterão no PMDB se houver um compromisso do partido em apoiar o governador João Alves Filho (PFL).
PROCISSÃO
Haverá ainda uma conversa com o Diretório Regional e se não for dada a certeza do apoio a João Alves, Arnaldo e Luciano podem ingressar no PFL. Ontem, durante a realização da solenidade de filiação, os dois irmãos participavam de procissão da padroeira de Campo do Brito.
RETORNO
“Ele volta sem fazer exigências. Almeida será um mero soldado, afinal o PMDB não trata seus membros de forma diferenciada”. Foi o que disse o presidente regional do PMDB, Benedito Figueiredo, durante a solenidade de filiação do senador Almeida Lima ao partido.
MÃO SANTA
O senador Mão Santa (PI), que veio prestigia a filiação do colega Almeida Lima, disse que ele retorna de onde nunca deveria ter saído. “É bom tê-lo de volta às lutas do PMDB, principalmente porque ele se integra ao grupo que fundou o partido”, disse Mão Santa.
SAÍDA
O senador Almeida Lima comunicou oficialmente ao PSDB, na quinta-feira passada, que estava se desligando do partido. Não dava mais para esperar a decisão da direção nacional. Hoje pela manhã, em Brasília, é que Almeida Lima vai comunicar ao Congresso sua mudança de legenda.
ZEZINHO
O presidente do Sebrae, José Guimarães, que é candidato a deputado federal, também deixa o PSDB e embarca no PMDB. Guimarães já parecia aflito com a situação e conversava com outras legendas, como o PPS e PSC. Mais aliviado, ele ontem assinou sua ficha no PMDB.
CORRETO
O presidente do PSDB em Sergipe, deputado Bosco Costa, disse que acha correto o senador Almeida Lima filiar-se a um partido que dá sustentação política a João Alves Filho (PFL). “Almeida Lima não veio para o PSDB com o objetivo de somar conosco, mas para levar o partido a se unir com o PFL”, disse Bosco.
NÃO MUDA
Bosco Costa acha que a presença do senador José Almeida Lima e seu grupo no PMDB fortalece a legenda, mas não dá em nada. Segundo Bosco, que acompanha o senador Almeida Lima é o pessoal que já estava com ele no PDT e apoiava o governo do estado.
DISCURSO
A senadora Maria do Carmo Alves fez um comentário, sexta-feira, sobre o pronunciamento do presidente Lula. “O que ele fez não resolve. A população quer é que ele explique o por quê de tudo isso. O depoimento de Duda Mendonça foi um negócio estarrecedor”, diz a senadora.
CONVERSA
Os Ribeiros – José Raimundo, Luiza e Rosendo – já tinham conversado com o governador João Alves Filho e foi avisado dos diálogos dele com o ex-prefeito Jerônimo Reis. Os três disseram que não iam se incomodar: “nós levantamos sua bandeira e estamos de acordo, só que não subimos no palanque dele, nem ele no nosso”.
JERÔNIMO
O ex-prefeito Jerônimo Reis, entretanto, não revela qualquer entendimento com o governador João Alves Filho e vê apenas especulação da imprensa. Um líder político que entende bem Jerônimo Reis acha que ele está se guardando para anunciar tudo quando for o momento que considerar certo.
NILSON
O secretário municipal Nilson Lima (PT) continua conversando com lideranças do interior. Acha o momento delicado, “mas serve para que a gente aprenda com as dificuldades”. Segundo Nilson, o país convive com uma série de imperfeições legislativas o que força o fechamento de parcerias com outros partidos.
INTERIOR
Na opinião de um prefeito experiente, o interior já está acostumado co essa estrutura viciadas das eleições municipais e estaduais. Lembrou que os vereadores mantêm seus mandatos fazendo assistencialismo e não vai deixar de faze-lo nunca, mesmo que haja a mais rígida legislação eleitoral.
Notas
PEDRINHO
O secretário de Turismo, Pedrinho Valadares (PFL) acompanhou o governador João Alves Filho, ontem, a Tobias Barreto, onde ele fez inaugurações. Declarou-se entusiasmado com a receptividade que João vem obtendo no interior do estado, através de várias obras estruturais que tem feito no estado. Segundo Pedrinho, as pessoas estão acreditando que o governador João Alves Filho vai para outro mandato, porque precisa continuar com as obras estruturantes. Diz que não tem dúvida quanto a sua reeleição.
VALADARES
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB) formou ontem um pensamento sobre o Miguel Arraes: “ele desaparece do mundo dos vivos para entrar na história e vai fazer uma falta enorme”. Valadares afirmou que, no momento em que o país vive “uma quadra tão difícil” precisaria do idealismo de Arraes. Lembrando que entrou no PSB através de convite feito pelo ex-deputado e ex-governador, o senador Antônio Carlos Valadares considerou que Miguel Arraes é “um dos líderes históricos da nacionalidade do Brasil”.
OBESIDADE
A Comissão de Seguridade Social aprovou o projeto de lei que estende a obesos prioridade de atendimento nas repartições públicas, concessionárias de serviços públicos e instituições financeiras. O relator da matéria deputado Ivan Paixão (PPS), restringiu a prioridade às pessoas com obesidade grave ou mórbida. Ivan Paixão lembra que a obesidade já está sendo considerada uma epidemia da vida moderna, que causa ou acelera muitas outras doenças e é responsável pela redução da expectativa de vida de seus portadores.
É fogo
Não provocou muita surpresa a filiação do senador José Almeida Lima no PSDB, porque ele também já vinha conversando com a legenda.
Com a desistência de Almeida em continuar querendo o comando do PSDB, acaba o drama que se desenvolveu no ninho tucano por alguns meses.
O deputado federal João Fontes precisa trabalhar mais para ampliar o PDT em Sergipe. Ele já perdeu o deputado estadual Luiz Garibaldi.
Alguns importantes prefeitos do interior voltaram a conversar com o governado João Alves Filho nesses últimos dois meses.
O ex-deputado Nelson Araújo, hoje no comando do PMN em Sergipe, está sendo convidado para retornar ao PMDB.
O prefeito Marcelo Déda (PT) cancelou uma entrevista que estava programada para a Xingo FM, em Canindé do São Francisco.
Vários políticos do estado participaram, domingo, da procissão em Campo do Brito. Nas proximidades do período eleitoral, ninguém perde atividades no interior.
A OAB está começando a se movimentar em relação à crise política do país.Está procurando uma solução que garanta a governabilidade.
O deputado federal Ivan Paixão (PPS) vai continuar com o comando do Partido em Sergipe, como disse o se presidente Roberto Freire (PE).
Foi emocionante o sepultamento do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. Foi-se uma das lideranças mais forte do Nordeste.
A Embraer anunciou que no segundo trimestre deste ano teve um lucro líquido de R$ 166,7 milhões, 56,4% a menos que no mesmo período de 2004.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, anunciou a instalação de uma comissão quadripartite para discutir a recuperação do valor do salário mínimo nos próximos anos.
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