Almeida e João

O governador João Alves Filho (PFL) já está começando a experimentar o primeiro afastamento político, de uma liderança que o apoiou desde o momento inicial de sua candidatura à sucessão estadual. Situação que pode levar um partido aliado a tomar rumo diferente. O senador José Almeida Lima (PDT) tem se mostrado distante do Governo Estadual e se comporta como só tivesse chegado apenas até a sala de visitas do poder. Não entrou na cozinha e nem mexeu na geladeira. O próprio senador não esconde que o seu relacionamento com o governador João Alves Filho “pessoalmente é muito bom, mas politicamente é o pior possível”. Não vê razão para continuar com a fidelidade que manteve anteriormente. Entretanto, Almeida Lima tem o cuidado de dourar a pílula: “não se trata de um rompimento, apenas de afastamento político”. E explica: “é ele lá, exercendo o Governo, e eu no Senado fazendo o trabalho para o qual fui designado pela sociedade do meu Estado”. Na realidade o osso que engasgou esse entendimento foi a criação da Secretaria da Juventude, do Desporto e Lazer, que até o momento não passou do papel. Sequer foi aprovada pela Assembléia Legislativa e o titular da Pasta, vereador Vovô Monteiro, não tem gabinete e nem telefone. Despacha do seu estúdio fotográfico e não tem recurso orçamentário definido. Jamais viu um único centavo como repasse do Governo. O senador Almeida Lima disse que o PDT mostrou que uma Secretaria e uma Fundação não dariam certo para trabalhar na mesma área, porque haveriam conflitos naturais. O governador João Alves Filho extinguiu a Fundação (Fundesp), mas ainda não criou a Secretaria. O pessoal não sabe o que fazer para levar adiante o projeto que tinha elaborado para o desporto, juventude e lazer. O vereador Vovô Monteiro, inclusive, assumiu a Secretaria em uma das solenidades mais concorridas do Palácio dos Despachos. De lá saiu em seu carro e se acomodou no gabinete do estúdio fotográfico, de onde toma algumas providências, que ainda não podem ser concretizadas. O senador Almeida Lima já disse que participa de tudo que for convocado para o governador João Alves Filho, desde que seja para a parte social. Deu como exemplo um jantar ocorrido em Brasília, entre o governador e alguns parlamentares: “compareci, jantei bem, dei boas risadas e voltei para meu apartamento”. Deduziu que tratar sobre o problema da Secretaria da Juventude, Desporto e Lazer não adianta absolutamente nada. O senador, inclusive, já teria comentado seu descontentamento com o chefe da Casa Civil, engenheiro Flávio Conceição, que é um dos auxiliares mais competentes do Governo e aprendeu rápido o traquejo do gingado da política sergipana. Mesmo assim a coisa ainda não andou e o vereador Vovô Monteiro continua sendo secretário dele mesmo e de dois ou três pessoas que convocou para ajuda-lo, mas que até o momento não sabe quando dará o primeiro chute na bola. “Na realidade existe o cargo, mas ainda não há Secretaria”, explicou o senador Almeida Lima. Com relação às indicações do PDT para exercer cargos público, o senador Almeida Lima disse que o governador João Alves Filho fez uma única nomeação, “que fui contra e não gostei: a de minha mulher, Maria Helena, para a Casa Civil, mas à disposição da Secretaria de Combate a Pobreza”. O senador acrescentou que os cinco membros do partido, sugeridos por ele para integrar o Governo, não foram nomeados. Até o momento só tem lá Maria Helena, Vovô Monteiro e Sizenando: “mais ninguém”. O descontentamento de Almeida Lima não provoca chamas e nem se trata de incêndio, mas é um princípio de desgaste na coalizão que precisa ser revisto, porque se trata de um nome que pode disputar a Prefeitura de Aracaju e de um senador que ainda integra a ala do Governo Estadual em Brasília. O tom do senador é de mágoa e o seu estilo é de se afastar, buscar novos rumos e se manter neutro em sua função, o que não seria bom para o Estado. Aliás, não deve ser bom para ninguém, porque a vitória de Almeida Lima não ocorreu por sua exclusiva potencia eleitoral, mas pelas circunstância em que ele se candidatou e no esquema que se envolveu. De qualquer forma é um princípio de mal estar, que pode ser curado com um borbulhante remédio que facilita a digestão… CONVERSA O senador Antônio Carlos Valadares (PSB) almoçou, ontem, com o deputado estadual Fabiano Oliveira (sem partido) para convida-lo a filiar-se na legenda socialista. Fabiano tem simpatia pelo PSB e se dá bem com o senador Valadares, mas disse que precisa consultar suas bases para tomar uma posição futura. COM O PTB Fabiano Oliveira também ficou muito animado com a receptividade que teve dentro do PTB, principalmente porque a legenda ficou com a área turística do Governo Federal. Embora não diga nada, Fabiano está dividido entre os convites de Valadares e Jackson Barreto e deve se definir até setembro, porque deseja estar apto para as eleições municipais. CAFÉ DA MANHÃ O deputado federal Jackson Barreto (PMN) recebe, hoje, em sua casa, para um café da manhã, o ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis, e o ex-deputado federal Sérgio Reis, ambos do PTB. Os três vão discutir a reorganização do partido em Sergipe, analisar todas as alternativas e marcar a festa de filiação de Jackson Barreto ao PTB. COMANDO Jerônimo Reis, que se encontrava no Rio de Janeiro, disse ontem que os atuais membros do PTB estão conscientes de que devem passar o comando da sigla para Jackson Barreto. Acha até que se Jackson mantiver a posição de ficar fora desse comando, que indique alguém do seu grupo político para ser o presidente do Diretório Regional. BOSCO O deputado federal Bosco Costa (PSDB) também está começando a conversar com a direção do PTB para trocar de legenda nos próximos dias. Bosco teve um encontro rápido com o presidente do PTB, José Carlos Martinez, e deve ter outra conversa já ao lado de Jackson Barreto e Jerônimo Reis. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado, que fez um pronunciamento anteontem mostrando que o Governo Federal está com zero em suas atividades, fez uma observação: “não podemos deixar de reconhecer que o Governo também tem corrupção zero”. Machado também admite que o presidente Lula conseguiu dar uma visão econômica positiva do Brasil no exterior. FOME ZERO Os Ministérios da Ação Social e de Combate à Pobreza incluíram Canindé do São Francisco no programa Fome Zero do Governo Federal. Isso seria excelente para Sergipe, se os dois Ministérios não tivessem excluído o município mais pobre do Estado, que é Poço Redondo, onde mais de 10 mil pessoas passam fome. JANTAR O senador Almeida Lima (PDT) aproveitou o feriadão para ir a Poço Redondo e levantar a situação. Jantou com o prefeito Enoque Salvador e recebeu um relatório da situação do Estado. Almeida está com o relatório e fará pronunciamento no Senado sobre isso. Almeida acha ótimo que Canindé seja incluído, mas a prioridade é para Poço Redondo. CANDIDATO O senador José Almeida Lima disse, ontem, que ainda não sabe se disputará a Prefeitura de Aracaju. Deixa nas entrelinhas que tudo pode acontecer. Almeida garantiu, entretanto, que o PDT terá um nome para prefeito da Capital. Se não for ele, pode ser o deputado Luiz Garibalde. SANTANA O prefeito de Porto da Folha, Julio Santana, disse, ontem, que as coisas do Governo não estão bem definidas em sua cidade e que está precisando conversar com o governador. Acrescentou que enquanto não for recebido em audiência e ver as questões de sua cidade, não toma uma posição favorável ao Governo. MARDOQUEU O deputado estadual Mardoqueu Bodano (PL) quer que o Governo federal implante uma política voltada para o idoso. Uma espécie de tratamento diferenciado. O parlamentar acha que á sérios problemas sociais envolvendo os idosos e, ao longo dos anos, nenhum Governo se preocupou com o problema como deveria. DESAVENÇA Há comentários, em setores do próprio Governo, que dois auxiliares importantes estão trabalhando para “um derrubar o outro”. Um levantamento que vem sendo realizado em um dos segmentos oficiais é incentivado por um auxiliar, com o objetivo de atingir o colega. PROBLEMAS Continua havendo problemas entre presidentes de órgãos e diretores, principalmente dos Darf”s, em razão do alto nível de “Quem Indicou (QI)”. Ontem, no início da noite, o diretor de um órgão importante revelou que “faltou dedetizar a paróquia, porque as baratas continuam colocando gosto ruim”. EM CASA O governador João Alves Filho (PFL) continua despachando de casa, mesmo com a recomendação médica de que deveria ter o máximo de repouso. Sua assessoria informa que João Alves só estará liberado para retornar ao expediente em Palácio, a partir do dia 30. Notas COMENTA Um leitor envia e-mail a Plenário contestando o discurso do deputado José Carlos Machado, que exibe os “zeros” do Governo Lula. Mostra que Lula realizou uma política econômica que baixou o risco Brasil, desvalorizou o dólar e fez cair a inflação: “sinceramente, esperava um pronunciamento à altura do deputado”, decepciona-se. No longo e-mail, o leitor relaciona uma série de propostas do Governo João Alves Filho que não foram cumprida, citando o aumento dos salários, geração de empregos, Educação, Ponte da Barra, a refinaria e o projeto Ta na Mesa. SUBSTÂNCIAS No e-mail o leitor diz ainda que há muitas questões que precisam de substâncias para alimentar os pronunciamentos do José Carlos Machado. “Não é intenção de quem escreve desqualificar o Governo ou mesmo o governante atual de Sergipe, ao contrário, a torcida é para que ele consiga executar seu plano e melhore as condições econômico-social do Estado”. “Mas, ao deputado José Carlos Machado, desejo melhor sorte em seus pronunciamentos e que de fato, como eleito foi, contribua para a qualificação do Debate Brasil. O que o deputado fez foi politiquinha e disso nosso sofrido povo já está exausto”, finaliza. ANTECIPAÇÃO O secretário da Fazenda, Max Andrade, tem recebido queixas de empresários, inclusive do setor comercial, porque até o momento ainda não há perspectiva do fim da antecipação, que foi um dos principais compromissos do governador João Alves durante a campanha eleitoral. O pessoal já demonstra insatisfação com o Governo. Segmentos da fazendo, inclusive funcionários graduados experientes, já falavam que o Governo teria grande dificuldade em terminar com a antecipação salarial, porque isso poderia provocar um atraso no pagamento do funcionalismo. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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