Amanhã há de ser outro ano

Apesar dos pesares, chegamos aos últimos momentos deste 2020, que no seu giro sinistro evoluiu para o mal, afundando a humanidade no incomensurável abismo de todas as tristezas e misérias. Em pagamento aos frenéticos festejos de boas-vidas, o ano que hoje se finda espalhou uma mortal pandemia, agravou a crise econômica, aumentou o preconceito de raça e gênero e fez crescer a violência no Brasil. Não bastasse o consórcio macabro da fome e da peste tão presente neste 2020, os brasileiros ainda tiveram que aturar um presidente negacionista, machista, racista, fascista, homofóbico, misógino e o diabo a quatro. Mas, a despeito de tudo isso, estamos chegando ao fim deste execrado ano, acreditando que o próximo será bem melhor. Afinal, a esperança é a última que morre. Portanto, plagiando o nosso Chico Buarque, apesar do 2020 e de Bolsonaro, “amanhã há de ser outro dia”. Amém!

Roupa nova

Prefeituras e Câmaras Municipais recebem amanhã novos atores. Eleitos no mês passado, prefeitos e vereadores tomarão posse prometendo uma nova maneira de administrar a coisa pública e de legislar em defesa do bem comum. Claro que das promessas à realidade existe uma enorme distância, contudo o eleitor, que foi às urnas imbuído da missão de substituir o que está aí por coisa melhor, assistirá as posses rezando para que os eleitos garantam dias melhores aos cidadãos. Oremos!

Queimando lenha

O elevado preço do botijão gás é o principal responsável pelo aumento desregrado do uso de madeira para cozinhar alimentos. O desemprego também contribuiu para o elevado consumo da lenha pelas famílias pobres. Ao usarem lenha em fogões rústicos, com queima ineficiente, as pessoas se expõem a uma quantidade grande de partículas. O primeiro efeito disso são os problemas respiratórios, como asma e bronquite. Crendeuspai!

Lei e vacina

Dizem os mais experientes que as leis são como as vacinas: umas pegam, outras não. Pois neste particular se enquadra a Lei nº 8.726, que instituiu em Sergipe a multa de R$ 80 para quem for flagrado em público sem máscara. Aprovada em agosto passado, a dita cuja não foi aplicada uma única vez. As autoridades sanitárias entendem ser mais producente conscientizar as pessoas sobre a importância da máscara como proteção contra a pandemia. Rezemos para que, diferente da lei, a vacina contra a Covid-19 pegue. Marminino!

Transplantados socorridos

Graças à interferência do senador Alessandro Vieira (Cidadania), o Ministério da Saúde enviou para Sergipe o medicamento ‘Tracolimo’, fundamental para quem fez transplante de rins. O remédio estava em falta no estado há dois meses. Segundo o senador, esta medicação custa cerca de R$ 3 mil e é essencial para a manutenção da qualidade de vida dos transplantados, evitando a rejeição. Vieira também protocolou um Projeto de Lei obrigando o SUS a fornecer continuamente o ‘Tracolimo’ a todos os pacientes transplantados. Legal!

Espalha brasa

O capitão de pijama encastelado no Palácio do Planalto não se cansa de arranjar encrenca. Em vez se se preocupar com a pandemia, o desemprego crescente e a nossa cambaleante economia, Jair Bolsonaro (sem partido) prefere arranjar inimigos dentro e fora do país. Agora mesmo o dito cujo gasta parte do tempo fustigando a vizinha Argentina porque o Congresso de lá legalizou o aborto. Certo está o ex-senador Antônio Carlos Valadares (PSB) quando chama Bolsonaro de “espalha brasa”. Homem, vôte!

Mistureba

Casemo no ano de quinze, Na seca de vinte e três;
A muié era donzela,
Viúva de sete mês,
Mais não me alembro que tenha
Um dia ficado prenha,
Estado de gravidez.

Os versos acima são do repentista Zé Limeira, o poeta do absurdo.

Ai que dor!

A dor crônica é relatada por 37% da população. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, a faixa etária média de ocorrência da dor é 41 anos. Em relação ao sexo, as mulheres são maioria entre os relatos de dores crônicas. O uso de celulares e tablets pode ser um fator que contribua para o aumento de dores. Práticas saudáveis, como boa alimentação e atividade física regular são medidas de prevenção para este tipo de dor. Você tá nessa?

Rasgando dinheiro

Enquanto o governador Belivaldo Chagas (PSD) vive se queixando da grave crise financeira, o estado segue rasgando dinheiro. Melhor exemplo de desperdício são os conselhos das empresas e autarquias. A estatal Emdagro, por exemplo, paga gordos jetons a 15 conselheiros. Estes felizardos recebem entre R$ 3 mil e 1,5 mil para participarem de animadas reuniões. Só Jesus na causa!

Magrela esquecida

Andar de bicicleta em Aracaju é uma missão pra lá de arriscada. O índice de ciclabilidade da capital é de 1,3, considerado crítico numa escala que varia de zero a quatro pontos. Segundo a Ong Ciclo Urbano, a administração municipal privilegia os veículos motorizados, esquecendo a importância da magrela de duas rodas, carinhosamente chamada de camelo. É vero!

Saco de pancadas

De um bebinho, sobre os constantes ataques da esquerda, da direita e do centro à Rede Globo de Televisão: “A emissora dos Marinho até parece a Geni, que todo mundo joga pedra”. Desconjuro!

Recorte de jornal

Publicado no jornal Correio de Aracaju, em 5 de março de 1920

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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