O deputado federal Jackson Barreto (PTB) está muito animado com a repercussão que teve o programa do seu partido, transmitido via TV para todo o Estado, na segunda-feira passada. É verdade que mexeu nos meios políticos e só houve eco porque os deputados levaram os temas abordados para a Assembléia Legislativa. Na realidade o deputado fez citações que deixaram resquícios de suspeitas no que falou, mas sem qualquer comprovação dos problemas que levantou. O programa também mostrou o Jackson de antigamente. Agitado, provocante, pouco comedido e confiante na imunidade parlamentar. Estava bem mais soft durante o longo período que ficou sem mandato e, realmente, levou muitas porradas. A impressão que passou no programa é que, a partir de agora, será uma mosca que posa na sopa do Governo. Em entrevista a jornalistas, revelou que está faltando oposição no Estado e, sem querer, alfinetou o Partido dos Trabalhadores e as demais legendas que integram o bloco mais à esquerda em Sergipe. Aliás, em Sergipe, o que se declara oposição e situação na capital e no país, porque todos apóiam o prefeito Marcelo Déda e o presidente Lula da Silva, aprovando todas as incoerência e os equívocos que o Planalto vem cometendo. O jornalista José Sales Neto faz uma análise interessante sobre o programa. Acha que ele teve alguns acerto e diversos equívocos: “o primeiro mérito foi trazer um programa inovador, criativo, que cativou e prendeu os telespectadores pela sua linguagem dinâmica e até mesmo explosiva. O deputado apresentando, Fabiano Oliveira, entende do riscado e deu bem a conta do recado que lhe foi passado. José Sales vai ao conteúdo: “no que e refere a questão das rádios de propriedade do empresário Amorim, o que se viu foi uma denuncia onde a manipulação de informação foi utilizada em larga escala. Contratos entre veículos de comunicação e Governos não são ilegais, porque têm amparo, por pareceres jurídicos da Procuradoria Geral do Estado. Iguais a estes são feitos com outras emissoras de rádio, televisão e jornais, não apenas pelo Governo Estadual, como também por dezenas de prefeituras em todo o Estado. O prefeito Marcelo Déda (PT), por exemplo, não precisa fazer licitação para publicar anúncios de sua administração em qualquer órgão de comunicação. E está absolutamente dentro da lei. José Sales não quis entrar no mérito da questão dos valores, “porque isso depende muito da negociação de cada veículo com seus clientes, já que nunca foi usado, em Sergipe, pelos órgãos públicos, os critérios técnicos de audiência, para se destinar verbas publicitárias. Sempre foi um samba de crioulo doido, onde quem tem mais poder político ganha um quinhão a mais. Foi assim com Governo anteriores, inclusive o passado, e continua sendo hoje. Agora, citar no programa que o contrato foi feito sem licitação, aí é má vontade, para não dizer outra coisa, já que o pessoal que produziu o programa é da área de comunicação e está careca de saber que rádio, jornais e televisão estão amparados pela Lei 8.666 e são isentos desta exigência. Denunciou-se o pagamento à Tratex, que também não foi ilegal, já que foi uma determinação da própria Justiça. Também desta vê, foi colocado o tema sob forma de denuncia, mas sem citar sequer uma ilegalidade”. Apesar disso tudo, José Sales considera que belos discursos foram proferidos. O PTB mostrou força, ao levar uma parcela significativa da política sergipana para o partido. Nomes como Jackson Barreto, Fabiano Oliveira, Jerônimo Reis, João Gama, prefeitos e vereadores formam uma importante frente, que, aliados a partidos como PT, PL e PSB, dá um contorno interessante ao processo político no Estado. Alias, três coisas pareceram não encaixar aos assistirmos o programa: O discurso de renovação da política sergipana com esta turma e, principalmente, encabeçada por Jackson Barreto, não cola. O deputado federal é uma liderança forte, mas novidade há muito que deixou de ser. Outra coisa é dizer que o pessoal que estava ali era a verdadeira oposição. A quê e a quem? É possível que nenhum deles ainda entendeu que o Partido dos Trabalhadores, hoje, é Governo, e Federal. Na prefeitura de Aracaju, todos também estão lá e, em Sergipe, apenas o Estado governado pelo PFL, neste caso, é que deveria se arvorar de oposição. Ou não deu para notar que houve essa inversão? E para terminar, o discurso do prefeito Marcelo Déda falando em mudança. Como é que algum membro do Partido dos Trabalhadores pode falar, neste momento, em mudanças, se, pelo menos no Palácio do Planalto, que é a casa dos petistas hoje, está sendo feito o maior processo de continuísmo que este pais já viu? Impagável, mesmo, foi a performance do ator Antônio Leite, que roubou a cena, com sua caracterização da cantora Amorosa. Esta parte sim, foi impecável em todos os sentidos. MUNGANGA Segundo uma fonte da mais alta cúpula policial, está sendo conversada a entrega do foragido Marcus Munganga, o que poderá acontecer ainda esta semana. O objetivo dos contatos é para evitar que Munganga sofra qualquer atentado e seja resguardada a sua integridade física. Marcus teria tramado toda a morte de Joaldo Barbosa. ORIENTAÇÃO A decisão de Marcus Munganga se entregar atende a uma orientação para que o seu chefe, Floro Calheiros, seja inocentado de qualquer participação no crime do deputado. A mesma fonte policial disse que Carlos Munganga não faz nada sem ouvir Floro Calheiros e virá para contar tudo, isentando o chefe. PISTOLA Uma outra fonte policial observou que Floro Calheiros, ao ser preso, tinha com ele duas armas, uma delas a pistola 380, “o mesmo calibre que matou Joaldo Barbosa”. O policial estranha que até o momento não tenha sido solicitado exame de balística da arma apreendida em mãos de Floro Calheiros. DEPOIMENTO Um fato que chama atenção é o depoimento de Cleide Cristina Xavier, mulher de Carlos Munganga, transcrito à página 5 do inquérito policial, em que fala sobre o marido. Ela disse que na eleição passada Munganga apoiou o candidato Antônio Francisco a deputado estadual e que “tal apoio foi submetido à apreciação de Floro Calheiros”. RECURSOS D. Cleide diz, no depoimento, que Floro Calheiros concordou em parte com o apoio a Antônio Francisco e que não sabia emprestado dinheiro ou custeado a campanha do deputado. Acrescenta que o apoio de Marcos Munganga estava dando à candidatura de Antônio Francisco era apenas “logístico”.. O GRAVE No depoimento de Cleide Cristina a parte mais grave: “no dia 28.01.03 o Marcos Nunes (Munganga) locou o WV/Gol de cor branca e passou o Uno azul para seu amigo Silvano”. O detalhe: “Silvano viajou para a cidade de Teixeira de Freitas/BA, enquanto que seu marido (Marcos Munganga) viajou no VW/Gol para Maceió/AL”. Teixeira de Freitas é a cidade onde reside Floro Calheiros. BELIVALDO O deputado estadual Belivaldo Chagas (PSB) fora escolhido para relator da Comissão Processante que apura o caso do deputado Antônio Francisco e não aceitou alegando receio. Ontem, na votação do relatório pedindo a cassação de Antônio Francisco, o deputado Belivaldo não compareceu porque pediu licença média por três dias. O relatório foi aprovado por unanimidade. SECRETA Alguns deputados estavam discutindo ontem sobre a sessão para votar na cassação e um grupo queria que fosse secreta, sem participação das galerias. Depois de se discutir o problema, definiu-se que a sessão plenária será pública, ocorrerá no dia 27, e a decisão sairá através de voto secreto. APELO O deputado estadual Gilmar Carvalho (PV) está apelando ao Governo do Estado, para que envie o aumento salarial do servido até a próxima semana. Gilmar acha que se isso não acontece o aumento só chegará em junho e a votação deverá acontecer na segunda quinzena, às vésperas do recesso. BANDINHA Na entrada do estádio em que aconteceu o jogo Flamengo e Sport, ontem à noite, uma banda de forró de pé de serra anunciava o São João de Sergipe para os torcedores. Também nas arquibancadas, durante o jogo, a bandinha permaneceu tocando e uma faixa anunciava que o melhor São João do Brasil se faz em Sergipe. MONOPÓLIO O prefeito e Aracaju, Marcelo Déda (PT), não está vendo com bons olhos a possibilidade da Torre Empreendimentos monopolizar a coleta do lixo em Sergipe. Déda não gosta que o lixo produzido na grande Aracaju seja depositado num futuro aterro sanitário de propriedade da empresa. SETEMBRO O vereador Marcélio Bomfim (sem partido) diz que tem até setembro para decidir por uma nova sigla: “quero ver qual será o partido de oposição neste país”. Acrescenta que não está preocupado com o Governo Estadual, mas com a Administração Federal, que centraliza o poder sobre Estados e municípios. ESTELIONATO Marcélio Bomfim reconhece que “na realidade estamos a caminho para que a sociedade seja, mais uma vez, vítima do estelionato eleitoral”. E explica: “estelionato é aquele que não cumpre ou respeita os compromissos assumidos”. E concluiu: “o presidente Lula está assim”. JACKSON O deputado federal Jackson Barreto disse, ontem, que não adianta o deputado Gilmar Carvalho ameaçar de processa-lo: “ele sabe que tenho imunidade parlamentar”. Jackson disse que ainda vai incomodar muito, porque o PTB terá programas em junho, julho, agosto e outro mais longo em setembro. Notas ENGASGOU A neta do vereador Marcélio Bomfim, de 11 anos, telefonou para ele, no dia das eleições, em outubro, e pediu para ir com ele votar. Quando Marcélio foi busca-la a encontrou toda vestida de vermelho e estrelas no peito. Quando chegou na seção eleitoral, perguntou se o avô deixaria que ela digitasse por ele, afinal gostaria de votar em Lula. Com o consentimento da mesa, ela acompanhou o avô até a cabine e digitou, feliz, o número 13. Alguns dias atrás, Marcélio ouviu da neta: “meu avô, que é que está acontecendo, o Lula não está cumprindo com o que disse”. Marcélio engasgou. CASSAÇÃO O deputado Ulices Andrade (PSDB) cumpriu o que dissera antes: entregou ontem, à Comissão Processante, o relatório que apurou a participação do deputado Antônio Francisco no crime de Joaldo Barbosa, com o pedido de cassação por quebra de decoro. Ulices mostra que o parlamentar foi beneficiado com o assassinato do titular. A quebra de decoro é vista não apenas pela suspeita da participação do deputado no esquema, mas pela certeza, já comprovada, da participação do filho de Antônio Francisco em toda armação para se chegar à morte de Antônio Francisco. PRESIDENTE Ontem mesmo o resultado final da Comissão Processante foi entregue ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Antônio Passos, que vai colocar em votação pelo plenário no dia 27 próximo, data em que fazem cinco meses do assassinato de Joaldo Barbosa. Pelo clima entre os deputados, a cassação de Antônio Francisco é uma questão de horas. Um deputado explicou ontem que dificilmente ele conseguirá êxito em apelas da decisão junto ao Tribunal de Justiça ou em Brasília, porque a quebra do decoro é um entendimento de um poder e citou o caso de outros deputados que foram cassados pelo mesmo motivo. É fogo O governador João Alves Filho desembarcou no Brasil e está em Brasília. Deve chegar a Aracaju hoje e retoma a Administração. O programa do PSDB que vai ao ar nesta segunda-feira não tem o tom forte de oposição. Vai mostrar o que fez quando estava no Governo. O deputado federal Jackson Barreto continua animado com a repercussão do seu programa na televisão, exibido na segunda-feira passada. O prefeito de Propriá, Renato Brandão (sem partido) está disposto a retornar ao Partido dos Trabalhadores. Deve filiar-se até setembro. O vereador Marcélio Bomfim acha que o partido que aparenta tomar o rumo da oposição é o PDT. Leonel Brizola já vem começando a fazer advertências. O deputado federal João Fontes (PT) é o parlamentar por Sergipe que vem obtendo o melhor espaço na imprensa nacional. João Fontes é um dos dissidentes do seu partido e, com suas posições, vem atraindo repórteres para entrevista-lo. Até o momento o ministro do Turismo, Valfrido Rodas, ainda não acenou para a indicação de Fabiano Oliveira integrar o Conselho do Ministério. O ex-senador Francisco Rollemberg não se filiou ao PTB e voltou ao isolamento político que ele próprio escolheu. O ex-governador Albano Franco terá participação no programa que os tucanos estão preparando para a próxima segunda-feira. Alias, a maior parte do tempo do programa do PMDB sara dedicada ao trabalho social realizado pelo ex-governador Albano Franco. Apesar da distância das eleições, o interior já está vivendo clima de sucessão municipal. Todos os contatos estão sendo feitos. Continuam, nos bastidores, comentários de que até junho haverá um remanejamento na equipe de Governo. Dois dos auxiliares podem ser substituídos. brayner@infonete.com.br