Antonio Ferreira Paim, nascido em Jacobina, na Bahia, completou 80 anos no dia 7 de abril e recebeu homenagem, em Brasília, dia 13, quando seus amigos e admiradores, de todo o País, estiveram reunidos em torno da mesma mesa. Arsênio Correia, Carlos Cardim, Eduardo Saphira, Manoel Castro e Sérgio Germano formaram Comissão Organizadora para celebrar 80 anos “lúcido, ativo e sereno, no pleno exercício de sua enorme capacidade intelectual,” como proclama Manoel Castro, um dos articuladores da homenagem.
Antonio Paim tem uma biografia de mestre e juntamente com Miguel Reale renovou os estudos filosóficos, historiando e interpretando o pensamento brasileiro. A bibliografia de Antonio Paim, das mais extensas, atesta seu compromisso com a pesquisa e com os estudos do Brasil mental, revisitando os autores mais significativos, em todos os tempos. Seu interesse pela obra de Tobias Barreto foi constante, e representa uma notável contribuição, insuperável pelas densas e profundas análises e contextualizações, que mantiveram a obra tobiática em evidência.
Mais do que a exegese, Antonio Paim dedicou-se a refazer o plano editorial das obras completas de Tobias Barreto, iniciado ainda no século XIX, por Silvio Romero, e que publicou Estudos de Direito, 1892, Discursos, 1900, Vários Escritos, 1900, Polêmicas, 1901 e Dias Noites,1904. Bem assim, o plano adotado por Manoel dos Passos de Oliveira Teles, organizador de 10 volumes, editados pelo Governo do Estado de Sergipe (Rio de Janeiro: Pongetti & Cia, 1925). Juntamente com Paulo Mercadante, que recentemente lançou livro sobre Tobias – Tobias Barreto – o feiticeiro da tribo (Rio de Janeiro: UniverCidade Editora, 2006), Antonio Paim organizou um minuncioso plano em 12 volumes.A coleção contava com nomes também notáveis, a exemplo de Fausto Cunha, Vamireg Chacon, Evaristo de Morais Filho, Miguel Reale, dentre outros, como autores de textos introdutórios aos 12 volumes: Estudos de Filosofia I e II, Estudos de Direito I e II, Monografias em Alemão, Estudos Alemães, Crítica Literária,Crítica Política e Social, Dias e Noites, Crítica de Religião, Depoimentos, além do volume de Introdução, assinado por Hermes Lima. Vários volumes, em formato pequeno, foram editados pelo Instituto Nacional do Livro, compensando a interrupção dos volumes da coleção das obras completas.
Em 1978 Antonio Paim entrega ao Governo de Sergipe alguns volumes, cuja ordenação contou com a colaboração de D. Filomena Filgueiras, para edição. O esforço intelectual não foi, lamentavelmente, correspondido editorialmente. A edição não circulou, frustrando os seus organizadores e editores. Mas, em 1989, quando Tobias Barreto completou 150 anos de nascido e 100 anos de morto, Antonio Paim e Paulo Mercadante retomam o assunto, enquanto em Sergipe Luiz Antonio Barreto, os senadores Albano Franco e Francisco Rollemberg e o governador Antonio Carlos Valadares solicitam do Presidente José Sarney a edição das Obras Completas de Tobias Barreto. Ocupante da Cadeira que tem, na Academia Brasileira de Letras, Tobias Barreto como Patrono, o presidente José Sarney autorizou a edição, encarregando o Ministro da Cultura, José Aparecido de Oliveira, para tomar as providências. O ministro entregou a responsabilidade ao Diretor do Instituto Nacional do Livro, Otávio Peralva, que a cumpriu, com firmeza e dedicação, em curto tempo. Na nova organização, em 10 volumes, o plano de Antonio Paim e Paulo Mercadante estava reformado, ampliado, mas intacto em sua essência. Os volumes editados (Rio de Janeiro: Editora RECORD, 1989/1990) serviram para que Tobias Barreto fosse reapresentado ao Brasil, chegasse à universidade, e continuasse a atrair estudiosos, dentro e fora do País.
Sergipe, portanto, deve muito a Antonio Paim, pelo seu devotamento a Tobias Barreto e, por extensão, aos demais pensadores sergipanos – Fausto Cardoso, Silvio Romero, Samuel de Oliveira, Felisbelo Freire, Gumercindo Bessa, Prado Sampaio, Manoel Bonfim, Jackson de Figueiredo, dentre outros.