Pela terceira vez os candidatos a presidente da República, nesse segundo turno, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), se encontram para discutir projetos e propostas para o país, na expectativa de atrair mais votos e conseguir vencer as eleições que se realizam no próximo domingo. Logo no início, o candidato tucano ensaiou partir para o ataque, voltando a falar na corrupção que maculou a imagem do Governo desde o episódio da propina nos Correios e Telégrafos. Mas recuou e ficou sem resposta quando o presidente Lula disse que apurou tudo neste país e não colocou a sujeira para baixo do tapete. Lógico que isso não é verdade, porque os escândalos foram sendo desvendados sem agradar ao presidente, mas por mérito da Polícia Federal. A verdade é que a corrupção trincou a ética política e com uma certa benevolência do presidente com os amigos mais íntimos, atingiu diretamente o Planalto. O segundo bloco foi extremamente frio e repetitivo. As mesmas perguntas, respostas idem e falta de entusiasmo. Deu um certo sono ao telespectador, porque parecia uma reprise do que se viu na TVS. O presidente Lula deixou de lado a ironia, que tentou ativá-la como fez no debate anterior, mas recuou quando Alckmin puxou-lhe as orelhas e o chamou para a seriedade e responsabilidade de um confronto como aquele, que poderia servir para o eleitorado fazer a sua escolha, embora todas as pesquisas indiquem uma diferença ampla de Lula para Geraldo Alckmin. No terceiro bloco o presidente Lula mostrou-se irritado com a contundência das perguntas de jornalistas e com o arrocho de Geraldo Alckmin. Aliás, durante todo o debate, o presidente Lula ficou vermelho, excessivamente vermelho e chegou a chamar o entrevistador de “perguntador”. Não pareceu ironia, nem desprezo, mas nervosismo. O presidente Lula não ficou cômodo quando uma entrevistadora perguntou a razão dos lucros das grandes empresas, “sem falar no que ganharam os bancos”, e o que ele fizera pela classe média. Outro fato que irritou muito o presidente: a declaração de Alckmin que depois das eleições os produtos básicos iriam sofrer aumento em razão da política agrícola equivocada do governo Lula. Enfim, o terceiro bloco provocou maior interesse do telespectador e mostrou um presidente que tirou o riso maroto para dar respostas ríspidas às perguntas feitas. O quarto bloco aconteceu com perguntas entre candidatos. O presidente Lula, não se sabe porque, continuou demonstrando irritação. Foi conduzido para um campo diferente: economia e política externa. Alckmin tentou desqualificar o presidente Lula em relação ao Nordeste. Realmente esse é um ponto difícil. Lula tem uma grande aceitação na região e fala como se tivesse deixado Garanhuns, cidade do agreste pernambucano, há quatro anos. Na realidade o presidente jamais retornou ao povoado em que nasceu e se fez em São Paulo. Na realidade, Lula conhece os problemas mais graves desta região abandonada. Mas quem não tem? Há anos que se tenta resolver questões primárias de uma região que continua comendo palma quando a seca é intensa, apesar do bolsa família e de outros penduricalhos financeiros que se revertem em esmolas para um povo que quer trabalho. Nas considerações finais as mesmas palavras de sempre. A impressão é que decoram um texto para levar ao eleitorado com um apelo para a conquista do voto. É possível que o debate não tenha mudado o quadro posto, mas não deixa de ser importante para quem ainda está indeciso. Nos bastidores da TV, os dois gostaram do debate, o consideraram civilizado e democrático e voltaram a se colocar à disposição para um novo confronto. E acontecerá. Na quinta-feira os dois estarão na TV-Globo em uma novo enfrentamento político para expor e cobrar ações e atos. Seria bom que houvesse compromissos de mudanças nas palavras e temas, para que os candidatos se aprofundassem em outros segmentos importantes para o povo brasileiro. DERROTA O governador João Alves Filho (PFL) disse ontem adota uma postura de reconhecimento ao resultado das urnas. “a vitória tem muitos pais, mas na derrota não aparece ninguém”. Foi enfático: “não ganhei as eleições porque não tive voto suficiente para isso”. Deixou bem claro que nunca culpou ninguém pelo insucesso no pleito. ALBANO Sobre comentários de que João Alves Filho estaria culpando o candidato a deputado federal eleito Albano Franco (PSB) pela derrota, ele mesmo desmentiu: “isso não é verdade”. E foi objetivo: “se quisesse reclamar de alguma coisa a Albano, o faria pessoalmente e não a terceiros. Isso não faz o meu estilo”. TRANSIÇÃO O governador João Alves disse que vai colaborar naquilo que puder para a transição pacífica e democrática, mas que, como político. Admitiu, entretanto, que já está de olho em 2008 e 2010, sem antecipar se tinha projetos pessoais, mas deixando claro que continuará na política. PRESIDENTE Nos bastidores da Assembléia Legislativa discute-se a eleição para presidente da Assembléia Legislativa. O Poder pode ter, pela primeira vez, uma mulher em seu comando. É que a deputada estadual reeleita Susana Azevedo (PSC) está no páreo. A deputada Angélica Guimarães também não é um nome descartável. ANDRÉ Dos novos, o deputado estadual eleito com maior número de votos, André Moura (PSC), é o único que trabalha para ser o presidente da Assembléia Legislativa. Dos veteranos, Ulices Andrade (PSDB) tem condições reais de chegar a presidente, tudo dependendo de entendimentos. As conversas já estão adiantadas. AMORIM O empresário José Amorim participa amanhã de encontro em Brasília sobre a fusão do seu partido, PSC, com outras legendas. Antecipou-se e pediu à direção nacional do PSC que em caso de uma fusão ficasse com o comando do partido. Está certo que no Rio, no Pará e em Sergipe o comando será do PSC. CAFÉ-DA-MANHÃ José Amorim e o deputado federal eleito Eduardo Amorim (PSC) tomaram café-da-manhã na sexta-feira com o deputado federal Heleno Silva (PFL). Amorim disse que desconhecia qualquer discussão para que o novo partido apoiasse o presidente Lula, o governador eleito Marcelo Déda ou qualquer outro nome. DÉDA Em conversa com Ricardo Berzoini, sexta-feira, Lula disse as eleições deste ano criaram no PT uma nova correlação de forças. Mencionou o triunfo de Jaques Wagner e de Marcelo Déda, eleitos em primeiro turno para os governos da Bahia e de Sergipe. ALMEIDA O senador José Almeida Lima (PMDB) disse ontem que as eleições presidenciais em segundo turno ainda não estão definidas. Para ele, tem muita gente de sapatos altos. “Já vi gente sentar em cadeira de prefeito eleito e sair derrotado”. (FHC sentou na cadeira do prefeito de São Paulo e perdeu para Jânio). PARTIDO Almeida Lima diz que não é oportuno falar sobre partido neste momento. Diz que vai permanecer no PMDB porque não gosta de mudar de legenda. Admite que o processo eleitoral de presidente da República é que pode decidir algum parâmetro futuramente. DECISÃO O deputado estadual Jorge Araújo (sem partido) disse que a pretensão do grupo que deixou o PSDB e que não obedeceu à coligação é se unir em uma única sigla. Jorge Araújo já foi convidado por Jackson Barreto para ingressar no PTB, mas sua posição será tomada em grupo. PREFEITOS Algumas lideranças do interior, prefeitos e ex-prefeitos devem acompanhar o grupo rebelde do PSDB, qualquer que seja o rumo. Não está descartada a possibilidade de participação em outro partido, para que fique sob o comando do grupo. Mas tudo depende como vão ficar as legendas a nível nacional. ALBANO O deputado federal eleito Albano Franco (PSDB) viajou ontem pela manhã a São Paulo e, à noite, participou do debate entre Alckmin e Lula, dos estúdios da Record. Desde sexta-feira que Albano recebeu telefonema da coordenação de campanha, convidando-o. Sábado, o deputado eleito do Rio de janeiro, Otávio Leite, também lhe ligou. Notas BRAILE Projeto de lei obriga restaurantes e bares não optantes do Simples a oferecer cardápios em braile. O objetivo é gerar a inclusão social de pessoas cegas. “É pena que os donos de restaurantes não entendam que investir em inclusão social gera retorno financeiro”, afirma o autor do projeto, deputado André Figueiredo. REFIS 3 O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, afirmou ontem que confia na aprovação da Medida Provisória 303/06, que institui o Refis 3. Rebelo disse que já fez seu papel, de convocar a sessão extraordinária e conversar com os líderes, e que suas expectativas em relação ao quorum são otimistas. VOTO Em tempos de eleições, todas as iniciativas para desenvolver a responsabilidade na hora das urnas são louváveis. A última vem da empresa brasileira de cosméticos Natura, que está mobilizando mais de 500 mil consultoras, que têm a missão de multiplicar o que estão aprendendo sobre o voto responsável. A empresa está promovendo campanha de esclarecimentos sobre a importância do voto responsável, as responsabilidades dos cargos públicos que estão sendo disputados neste pleito, além dos direitos e deveres do cidadão. É fogo Amanhã será realizada reunião em Brasília para a fusão do PSC, PTdoB e PL, e formação do Partido Republicano, O objetivo de vencer a clausula de barreira. Deputados eleitos dos três partidos e presidentes regionais dos diretórios é que vão decidir a composição da nova sigla. O Partido da Frente Liberal (PFL) vai modificar toda a sua estrutura de diretórios municipais no começo do próximo ano. Segundo opinião de um velho membro do PFL, o partido tem que se fortalecer, para tentar fazer oposição no estado. A mesma fonte diz que o partido precisa ser repensado. Marcelo Déda, participou sábado do Ato Nordestino organizado pela campanha do presidente Lula em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Está é a região que tem grande concentração de nordestinos. O evento conta com a presença de prefeitos e governadores. Está em curso uma discussão sobre o problema do dossiê, em que se inclui Gilberto Carvalho, secretário do presidente Lula. Marcelo Deda disse que as investigações sobre o dossiê ainda estão em curso e, portanto, não há nenhuma conclusão a que se possa chegar. A campanha do candidato tucano Geraldo Alckmin está nas ruas em Aracaju. Fazem movimentos nos sinais de trânsito. Todas as negociações em relação à bancada do PSC passam pelo empresário José Amorim, que fortaleceu o partido em Sergipe. brayner@infonet.com.br
Se o projeto virar lei, os estabelecimentos terão 180 dias para se adaptar à resolução. Quem descumprir estará sujeito à multa de R$ 3 mil, suspensão temporária da atividade e cassação da licença de funcionamento.
o deputado Aldo Rebelou lembrou que a MP do Refis 3 foi votada com facilidade no Senado Federal e, na primeira votação na Câmara dos Deputados, foi aprovada com o texto original enviado pelo Executivo.
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