ARACAJU 150 anos +1

As efemérides têm, em geral, poder comunicante, com o qual difunde o conhecimento e tudo o que nele é agregado: documentos em diversos suportes – visuais e sonoros -, registros midiáticos, além de lições e de valores. Os 150 anos de Aracaju parece ter cumprido esse papel, ainda que a programação celebrativa tenha sido pobre, muito aquém do que foi anunciado e esperado. As poucas solenidades, muito mais políticas que culturais, dão bem o exemplo da oportunidade perdida, em torno da grande data aracajuana e sergipana.

 

A mudança da capital é, e ainda o será por muitos anos, um dos mais importantes fatos da história de Sergipe, tanto pela sua dimensão econômica, como pela seu componente cultural. De um lado, a cidade ribeirinha, com um estuário de acesso ao mar à sua disposição, ereta para ser um núcleo mercantil, de outro lado, a cidade metropolitana, franqueando seu porto ao mundo, enquanto capilarizava sua influência nos rios do interior da Província, onde prosperavam vilas e cidades.

 

Obra da geografia e da engenharia, Aracaju foi, também, obra do planejamento, desde a escolha e definição do local, até a realização de um acervo de obras públicas, acrescidas da moldura social do casario nas ruas e praças, construído por um grupo de homens endirenheirados, e pelos funcionários públicos, para servir de moradia a quem chegava para ocupar a nova cidade e capital de Sergipe.

 

As obras públicas obedeceram a um plano rigoroso, elaborado pela engenharia militar, de dotar a cidade dos equipamentos necessários ao seu bom funcionamento. A construção de casas pelos ricos foi uma forma, compulsória, de adesão ao projeto do presidente Inácio Barbosa, em quanto a moradia para o funcionalismo decorreu do adiantamento, pelo Governo da Província, dos vencimentos dos servidores, em até um ano, sendo uma facilidade incomum, atrativa e segura.

 

Cabeça da Província, ponto de convergência, Aracaju construiu-se ao longo do tempo, superando os vínculos anteriores e adaptando-se para os desafios econômicos de Sergipe. Primeiro foi o açúcar, depois outros produtos, como o algodão, o arroz, o gás natural e o petróleo, e a cidade se houve a altura da história, corrigindo seu rumo todas as vezes julgadas necessárias, atualizando os seus espaços, incorporando à sua aprendizagem os resultados positivos de sua trajetória. Este motor de atualização, capaz de manter a cidade permanentemente em sintonia com o Estado e com o País, faz de Aracaju, um  projeto amplamente vitorioso de capital.

 

É certo, também, que a cidade tem problemas, alguns deles de origem, e que ainda não foram resolvidos. Os canais a céu aberto, o insuficiente escoamento das águas pluviais, que forma pântanos e lagoas em várias partes baixas da cidade, os loteamentos e construções clandestinos, ao lado da posição topográfica, em relação ao lençol freático e as marés, são problemas que angustiam a população aracajuana e exigem dos administradores pronta e eficiente ação corretora.

 

Comparando a ação privada, dos empreendedores e da própria população, com a dos poderes públicos nota-se, visivelmente, que estas últimas estão na retaguarda, atrasadas, distante dos avanços e progressos conquistados por iniciativas fora da esfera governamental. Há, assim, um contencioso a espera de solução.

 

Os 150 anos de Aracaju, cidade e capital, passam sem maiores comemorações, sem estudos, sem que a população forme consciência pedagógica diante dos problemas que o tempo acumulou.

 

No dia 17 de março começa novo ciclo, para ser avaliado no futuro. Um ciclo que será marcado, dentre outras coisas, pela fixação e agenciamento da região metropolitana de Aracaju, marcando relações principalmente com Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Itaporanga, que são municípios limítrofes, e que andam em outro compasso urbanístico, em relação à capital sergipana.

 

Além das pontes de concreto será necessário construir pontes políticas, de planejamento, que atendam aos interesses do Estado e dos sergipanos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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