Aracaju, 150 anos + 2

Capa do livro
Agora em 3ª edição, revista e ampliada em texto e principalmente em fotos, circula o livro de Murilo Mellins Aracaju romântica que vi e vivi, um documentário essencial para quem tem Aracaju no coração. O livro de Mellis tem muitas qualidades, tanto pelas evocações, ditadas pelo sentimento do autor, como pelo registro de fatos, que servem a todos os que nasceram, viveram ou têm com a capital sergipana uma relação de amor. É um presente de aniversário, para uma cidade que completa 152 anos, e que vai ficando cada ano mais bonita, graciosa, harmoniosa, mercê da capacidade e criatividade de seus habitantes.

 

 

Murilo Mellins escreve para uma comunidade de amigos e conhecidos, formada em torno das lembranças que o tempo acumulou, geradas nos cenários múltiplos de Aracaju. E mais do que atender a esse ânimo próprio, e expandir com homens e mulheres os temas evocados, Murilo Mellins colabora para que a estante sergipana seja rica dos fatos e das personagens que estiveram, em todos os planos, na cena aracajuana. Aracaju romântica que vi e vivi é tanto um livro de memórias, no sentido mais amplo do termo, como é um livro que serve à história, pela diversidade das informações, que ao final revelam os modos de vida das pessoas, no curso de 152 anos, desde que a audácia e a consciência política levaram o Presidente Inácio Joaquim Barbosa a transferir de São Cristóvão a seda da capital e de construir, nos alagados da Olaria, no povoado do Santo Antonio do Aracaju, uma bela cidade mercantil.

 

 

A memória é essencial à vida, e é com ela que a pessoa ajusta sua situação no meio em que vive, aprendendo, desde a mais tenra idade, a dominar os espaços internos da casa, os trajetos para as ruas, de forma a reconhecer, de olhos fechados, quais os itinerários diários. E assim como as pessoas têm memórias de tudo aquilo que fazem, adquirem outras informações, expandindo esse tipo especial de conhecimento, que aflora no bojo de lembranças, que o cotidiano da vida provoca. Cada evocação do que passou carrega a mais íntima sensação de felicidade, porque diluída de circunstâncias ocasionais, e nutrida do poder que cada imagem, cada fato rememorado, têm de mexer com as sensibilidades.

 

 

Aracaju tem vários cronistas, admiradores de seu fulgor permanente, intérpretes de sua história. Pessoas dedicadas, que jamais abdicam das palavras mais justas quando demonstram admiração e amor pela cidade. Buscar no fundo do baú dos guardados, o fio da memória é sempre um gesto sincero, que revisita cada coisa, pequena, ou de qualquer tamanho, porque a valoração está na intimidade do autor com a cidade.

 

 

Mário Cabral viveu a década de 1930 e também a de 1940 e tem, na sua obra, Aracaju como tema recorrente. Jacinto Figueiredo fez de Aracaju seus motivos, com poemas enfeixados num livro sempre citado. No passado mais distante, Clodomir Silva, Manoel dos Passos de Oliveira Teles, Pedro Sotero Machado, Enock Santiago, trataram da cidade, desde sua fundação, até seus sucessos. Corridos 152 anos, a lista dos autores e dos textos é grande, o que demonstra o fascínio que Aracaju exerce sobre as pessoas. E tanto mais circulam os textos, mais cresce o interesse das pessoas.

 

 

O livro de Murilo Mellins cumpre bem esse papel e não sem razão chega a terceira edição, melhorada, mas cercada da mesma curiosidade de quando apareceu, pela primeira vez. A comunidade dos admiradores de Aracaju apresentou-se em massa ao lançamento, solidária e cúmplice com o autor, como se a festa literária fosse um culto, público, de devoção, a servir de exemplo às novas gerações, carentes de uma memória social e cultural dinâmica, com as quais possa enfrentar e vencer o impacto da realidade, cada vez mais manipulada e alienada, a serviço de interesses outros. A memória de Aracaju é sua própria cultura, régua e compasso do futuro. Na paráfrase de Tobias Barreto sobre Kant, voltar a Aracaju é progredir.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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