Aracaju, Capital Brasileira da Criatividade

Sempre levantei a “bandeira” de que Aracaju e Sergipe precisam de injeções de “sergipanidade” e amor próprio. Não fazia idéia de que um evento tão importante e interessante fosse realizado aqui no Estado. Precisamos divulgar mais o que fazemos e ter, com certeza, maior auto-estima e reconhecimento de que somos MUITO CAPAZES. Se esses eventos fossem na Bahia ou em Pernambuco veríamos muitos defensores ferrenhos de que “A Bahia está à frente de nós”, valendo a mesma frase para PE. Acorda Sergipe!!
Gil Sobrinho, 1/16/2009 às 9:52 (Comentário no Blog da Infonet).

 

Por conta das minhas viagens e muitas atividades na FBC passei algum tempo sem escrever para o meu blog da Infonet. Na semana passada reiniciei os artigos falando de Aracaju, Capital Brasileira da Criatividade. Para minha surpresa e alegria vários amigos meus entraram no blog e deixaram depoimentos. Os amigos são sempre muito generosos e eu tenho muitos bons amigos.

Todavia, um comentário de uma pessoa que não conheço deixou essa mensagem que está no topo deste artigo no blog da Infonet e eu fiquei bastante pensativo depois que o li e agora afirmo que concordo com o Gil em gênero, número e grau e vou dizer por quê. Mas antes, quero em primeiro lugar, lembrar que Aracaju já tem um título muito importante: “A CAPITAL BRASILEIRA DA QUALIDADE DE VIDA” com o qual concordo plenamente, pois embora não seja de Aracaju, me sinto confortavelmente aracajuano.

Todavia, pelo que já mencionei no artigo anterior é muito justo lutar para dar esse novo título à Aracaju, porque o fato também é verdadeiro, pois há dez anos realizamos em Aracaju o maior evento do mundo sobre o tema criatividade e inovação. Isso não é exagero; é a mais pura verdade. Se alguém duvidar é só entrar no portal da FBC (www.fbcriativo.org.br) e procurar ver o resumo das nove edições dos eventos.

Bem, mas a resposta agora é para o Gil. Primeiro obrigado por suas palavras; depois de ler o que você escreveu comecei a perceber o quanto isto que disse em verdadeiro. Vou dar agora os meus argumentos.

Em 1998, trabalhava com um projeto chamado “Criatividade não é dom!” na Petrobras, Aracaju, SE e esse projeto recebeu um grande prêmio nacional: o Prêmio Ser Humano Oswaldo Checchia-1998. Esse prêmio muito importante da Associação Brasileira de Recursos Humanos/Nacional, São Paulo, SP, era concedido a um projeto escolhido entre centenas recebidos de todo o Brasil e apenas um era premiado. Portanto, era o que dizíamos na ocasião, uma espécie de “Oscar” da área de Gestão de Pessoas. Este prêmio posso afirmar e garantir transformou toda a minha carreira profissional, pois depois dele fui convidado para apresentar o projeto nos Estados Unidos, para uma platéia de 1.000 pessoas de 35 países do mundo. Ao voltar fui apresentar o projeto no CONARH, o maior e mais importante evento da área de Recursos Humanos do Brasil e, em seguida, apresentei esse trabalho em quase todos os Estados do Brasil. Era uma viagem atrás de outra, convites e mais convites.

Agora só para confirmar o que o Gil disse no seu comentário, mesmo rodando o Brasil inteiro, só fui convidado para apresentar esse projeto em Aracaju, depois de ter batido meio mundo e um ano depois de ter recebido prêmio.

Lamentavelmente, nós nordestinos não valorizamos a nossa prata da casa. Agora cito uma amiga, Vitória Azevedo, avaliadora do Projeto Criatividade não é dom! Por ocasião do seu depoimento de avaliação: “A prata da casa é ouro, minha gente!”

Por um traço bem brasileiro, temos por hábito não valorizar a prata da casa, que na maioria das vezes é ouro, como disse a Vitória.

Por esse motivo que realizamos há dez anos o Fórum Internacional de Criatividade e Inovação e muita gente não conhece ainda. Muita empresa nunca se interessou muita gente nunca quis ir, simplesmente porque é realizado em Aracaju. Lembro que em 2007 resolvemos realizar um café da manhã no Del Mar Hotel, grande parceiro da FBC, para lançar o IX Fórum. A nossa estratégia foi convidar empresários e formadores de opinião para conhecer o evento, palestrantes e sua estratégia de abordagem. Fizemos 200 convites, telefonamos para todos os convidados, todos confirmaram sua presença. Todavia, no dia do evento, só havia metade dos convidados e, ainda assim, muitas pessoas não sabiam por que estavam naquele evento e estavam presentes apenas porque seus chefes as mandaram ir lá à última hora.

Percebe ai a diferença, caro Gil? É justamente por essas atitudes e posturas que digo que continuamos como nordestinos vivendo no “Ciclo da sobrevivência: escassez, sobrevivência, repetição, controle e competição”. Por essas posturas, empresas antigas quebram, porque não conseguem enxergar a diferença e olhar para o futuro, por esse motivo as pessoas, muitas vezes, se apresentam despreparadas nas entrevistas para seleção de emprego, por esse motivo, muita gente vai para a faculdade acreditando que não é necessário se preparar porque com um diploma na mão a sua vida irá mudar da noite para o dia e irão ter sucesso absoluto. Assim, continuamos batendo sempre na mesma tecla, e desse movo vivendo o mesmo modelo mental que não muda.

Mas, as empresas com olho no futuro, o que elas fazem? Muitas delas pensam em ir embora ou então transferem áreas estratégicas para o sul do Brasil. Sabe por quê? Vou dizer, por exemplo, é só você pedir um orçamento a uma empresa. Vai ter que ligar várias vezes e pedir quase pelo amor de Deus. Mas, quando você “encher o saco” porque não recebe o orçamento desejado e vai terminar ligando para uma empresa de São Paulo, dez minutos depois o orçamento tão desejado vai estar em cima da sua mesa, via fax, ou então na sua caixa de e-mail. Eis a diferença! Se não acreditar, faça um teste e vai ver que é a mais pura verdade.

Talvez seja porque a nossa auto estima seja baixa e nos não nos acreditemos capazes. Talvez seja porque acreditamos que “Deus quer assim”. Pura fatalidade!

Quando estávamos preparando o primeiro fórum em 1999 dizíamos que queríamos lá 700 pessoas e muitos diziam que seria impossível, pois em Aracaju, no máximo iríamos ter 200 participantes. Na verdade nem nós acertamos, nem os que não acreditavam acertaram. Não tivemos as 700 pessoas desejadas e sim 790. Coisas da vida!

Talvez, continuemos sem nos valorizar, sem dar valor às nossas belezas naturais, sem dar valor aos nossos artistas, aos nossos talentos, aos nossos consultores locais, sem dar valor ao nosso artesanato, às nossas riquezas, à nossa cultura justamente por que fomos acostumados desde a época do Brasil colonial a valorizar apenas e tão somente o que vem e o que acontece na corte… E onde era a corte? Na região sudeste… Parece que continuamos com o mesmo modelo de séculos.

 

Bem, mas sendo prático o que poderemos fazer para mudar? É simples, é só aprendermos a pensar criatividade, ou seja, aprendermos a educar a qualidade do nosso pensamento. Em outras palavras é isso que as pessoas dizem quando aprendam a pensar de maneira criativa. Começaram a enxergar saídas não pensadas, alternativas ainda não imaginadas e soluções que nunca pensaram que iriam encontrar. Eis a diferença!

 

Obrigado, caro Gil, por suas palavras de incentivo. Espero que você vá ao X FIIC goste dele e se torne mais um aliado nosso.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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