Aracaju cresce e aparece

Um dado novo sobre Aracaju confirma o lugar-comum: a capital sergipana superou o epíteto de cidade promissora e já é uma realidade como lugar para se morar, para passear ou para se investir. Sabe-se que a renda é crescente e que a capital é a que mais se desenvolveu nos últimos dez anos no Nordeste, segundo o IBGE. O dado novo é que Aracaju é a cidade da região que mais ampliou seu potencial de consumo, este ano estimado em R$ 8,579 bilhões.

Segundo a consultoria IPC Marketing, de São Paulo, que calcula o Índice de Potencial de Consumo (IPC), a região Nordeste ampliou sua participação no potencial nacional de consumo em 2011, agora em 17,75% do consumo nacional. No entanto, dentre as capitais, apenas Recife e Aracaju aumentaram seu valor de IPC do ano passado para cá. Com isso, Recife se manteve na mesma posição do ranking regional, em terceiro lugar, atrás de Salvador e Fortaleza, mas Aracaju saiu da décima posição – ficava atrás das outras oito capitais e de Jaboatão dos Guararapes (PE) – para a oitava, superando Teresina e se aproximando de João Pessoa.

Não é pouco quando se sabe que Aracaju é, populacionalmente, a menor capital do Nordeste, com 571 mil habitantes, enquanto João Pessoa tem 724 mil, Teresina tem 814 e Maceió tem 933 mil habitantes. E, mais impressionante: o nosso potencial de consumo cresceu 12,85% em um ano, confirmando o quanto nossos indicadores sociais e econômicos tem melhorado.

No cômputo geral, incluindo todas as cidades do Brasil, saltamos da 43ª para a 38ª posição no ranking nacional de consumo. As demais capitais da região perderam participação, principalmente pelo fato de que, na maior parte do Nordeste, predominam municípios da classe C e, entre 2010 e 2011, o maior aumento de potencial de consumo foi verificado na classe B, segundo a IPC Marketing, com base no Censo do IBGE.

De cada R$ 100 gastos no País em 2011, R$ 0,35 são de responsabilidade dos aracajuanos – para R$ 0,41 em João Pessoa, R$ 0,43 em São Luís, R$ 0,44 em Natal, R$ 0,46 em Maceió, R$ 0,90 em Recife, R$ 1,22 em Fortaleza e R$ 1,56 em Salvador.

Em termos estaduais, a Bahia é o Estado nordestino com maior participação no consumo nacional – R$ 4,89 de cada R$ 100 –, o que coloca o Estado como o sexto maior mercado consumidor, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. Em relação a 2010, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Piauí e Sergipe aumentaram sua participação no bolo do consumo nacional. Mas a Bahia, assim como o Ceará, o Rio Grande do Norte e Alagoas perderam participação no potencial de consumo nacional.

RANKING DE CONSUMO 2011 NO NORDESTE
CAPITAL POSIÇÃO REGIONAL POSIÇÃO NACIONAL POTENCIAL DE CONSUMO (R$ bi)

Salvador 1ª 6ª 38.253
Fortaleza 2ª 8ª 29.917
Recife 3ª 11ª 22.149
Maceió 4ª 23ª 11.191
Natal 5ª 26ª 10.761
São Luís 6ª 27ª 10.654
João Pessoa 7ª 32ª 9.963
Aracaju 8ª 38ª 8.579
Teresina 9ª 40ª 8.303

Fonte: IPC Marketing

Maior crescimento do mundo

Outro indicador respeitado, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, identificou Aracaju em 2009 como a quarta capital do Brasil em geração de Emprego e Renda, com um índice altíssimo de 0,8957 numa escala de 0 a 1. Florianópolis aparece em terceiro lugar com 0,8959. O mesmo IFDM concede à capital sergipana o confortável índice de 0,8097 no item Saúde.

No geral, computando-se também o terceiro indicador, Educação, Aracaju tem a nota 0,7926 (dois anos antes tínhamos 0,7681) e a 16ª colocação no ranking do desenvolvimento municipal de todas as capitais.
Esses números certamente estão relacionados com a pesquisa da revista Você S/A sobre as 100 melhores cidades para se trabalhar, onde Aracaju aparece na 51ª posição. E provavelmente influi numa pesquisa mais subjetiva como a desenvolvida pela consultoria americana McKinsey Global Institute, sobre cidades globais do futuro, que relacionou Aracaju dentre as 600 capitais que terão o maior crescimento do mundo até 2025.

Além do previsível crescimento das cidades chinesas, destacam-se 18 cidades brasileiras e, dentre essas, seis capitais nordestinas. Segundo a consultoria, Aracaju, Maceió e São Luís terão crescimentos moderados, enquanto que Fortaleza, Salvador e Recife terão as maiores mudanças do Nordeste.

O estudo projeta que Aracaju deverá elevar seu PIB de 6 bilhões de dólares em 2007 para 21 bilhões de dólares em 2025, enquanto a renda per capita deverá saltar de 8 mil para 23 mil dólares. Em Maceió, o PIB deve saltar de 6 bilhões para 20 bilhões de dólares, e a renda per capita de 5 mil para 13 mil dólares.

Entre as cidades que mais devem crescer, segundo a McKinsey Global Institute, destaca-se Recife. Em 2025, a capital de Pernambuco deverá ser a cidade mais rica do Nordeste, com o PIB saltando de 25 para 74 bilhões de dólares, no entanto, com uma renda per capita de 17 mil por habitante. Ou seja, a renda per capita de Aracaju, que já é segunda maior dentre as capitais do Nordeste, abaixo justamente da renda per capita de Recife, deverá ser bem superior à renda individual da provável cidade mais rica da região.

Já Fortaleza deve ter um salto de 18 bilhões para 52 bilhões de dólares no PIB e de 5 mil para 13 mil na renda per capita. Finalmente, Salvador, terá um ganho no PIB de 17 bilhões para 49 bilhões de dólares, com cada habitante aumentando sua receita, de 5 mil para 12 mil dólares.

Consequências

O presidente nacional do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF), Sérgio Melo, chama a atenção para as consequências do crescimento das cidades nordestinas medido pelo PIB. “Admitindo que tal pesquisa seja factível, a cidade de Aracaju terá o maior crescimento da região Nordeste”, confirma, observando que a capital sergipana terá renda per capita 77% maior que a de Fortaleza em 2025 e 91% maior que a de Salvador.

O economista Adriano Sarquis, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, não acredita em estudos dessa natureza e observa que é difícil fazer previsões até para um ano “imagine dentro de 15 anos”. Ele acrescenta que hoje a discussão maior é sobre a importância de se focar em políticas públicas sociais para a redução da desigualdade.
Seja como for, não deixa de chamar a atenção que Aracaju apareça bem e com destaque até quando se faz previsão para o desenvolvimento futuro do Planeta.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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