Edvaldo Nogueira, por pouco, não fez parte da lista dos médicos que foram prefeitos de Aracaju, cidade que neste sábado comemora 152 anos de existência. No quarto ano de Medicina, quando se inclinava para a especialidade de cirurgia-cardiovascular, optou por uma bem sucedida militância política. Foi vereador de Aracaju por dois mandatos e depois fiel aliado de Marcelo Déda como vice-prefeito, com uma atuação discreta e leal, como o cargo exige, mas sem deixar de colaborar de forma bastante positiva com a administração petista.
Quando se articulava o processo de reeleição de Déda, fortes comentários davam conta que o vice seria descartado em função da necessidade de novas alianças. Mas não foi o que aconteceu. Ele permaneceu como vice e terminou alcançando o alto comando municipal com a saída de Déda para o Governo do Estado. Faltou pouco para Edvaldo Nogueira entrar no seleto clube dos discípulos de Hipócrates. Se por um lado a classe perdeu um companheiro de histórica combatividade, a população ganhou um administrador sereno, equilibrado e com forte compromisso com o desenvolvimento humano, social e estrutural da cidade. Seria, pois, o sexto médico a comandar Aracaju nos seus 152 anos.
O presente trabalho, elaborado de forma despretensiosa, objetiva prestar uma homenagem a Aracaju neste 17 de março e revelar para os curiosos quem foram os médicos que comandaram a cidade na condição de prefeitos. Em razão disso, enfoca mais o lado biográfico de cada um, tomando como referencia o Dicionário Histórico Biográfico dos Médicos de Sergipe, no prelo, sem entrar em aspectos de suas gestões e realizações, tarefa essa que poderá ser desenvolvida em outra oportunidade.
A nossa história começa com ALEXANDRE DE OLIVEIRA FREIRE, o primeiro da lista a comandar a cidade, na qualidade de Intendente Municipal, antiga denominação de Prefeito, no triênio de
Aracaju da década de 10 era uma cidade precária, sem saneamento. Apenas um hospital atendia à população. Para ser ter uma idéia do caos, em 1916 os óbitos superavam os nascimentos numa proporção de 4 para 1. Epidemias de varíola e gripe espanhola atingiam a população indefesa. Em 1918, um surto de gripe espanhola se espalhou por todo o estado e deixou quase 1.000 mortes. Aracaju era a cidade dos “grandes pântanos”. Os esforços iniciados por Rodrigues Dória, Oliveira Valadão e Pereira Lobo para suprir a cidade de água potável e rede de esgotos não haviam sido suficientes para controlar tais epidemias. Na década de 20, mais intensamente no governo de Graccho Cardoso, grandes iniciativas culminaram com a criação do Instituto Parreiras Horta e a inauguração do Hospital de Cirurgia. Era o início de uma fase mais auspiciosa para a saúde pública de Aracaju. No último ano da administração de Alexandre Freire, aconteceu o rumoroso caso que envolveu os médicos Augusto Leite e Helvécio de Andrade. Procurado pelo comerciante Estevam Pereira Coelho para cuidar de seu filho Ewerton Coelho, Helvécio recomenda a suspensão imediata do mercúrio que lhe vinha sendo administrado para tratamento de sífilis, ao constatar que o mesmo possui um inflamação renal. Mesmo assim, o jovem Ewerton morre e a família, desconsolada, atribui a morte ao uso da medicação. Acontece que o médico que prescreveu o tratamento fôra o Dr.Augusto Leite. Este volta-se contra Helvécio e a família, ainda traumatizada, acirra os ânimos. Manda escrever no túmulo do garoto um trecho de versos de Camões: “Mas debaixo o veneno vem coberto, segundo foi o engano descoberto, oh! caso grande, estranho e não cuidado”. A questão termina nos tribunais sob intensa repercussão popular.
Depois de Alexandre Freire, vem CARLOS ALBERTO DE MENEZES FIRPO, em 1941. Formado pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1933, ao lado de Garcia Moreno, do qual foi grande amigo, exercia a especialidade de obstetrícia e era considerado um humanista. Dirigiu o Hospital Santa Isabel por 9 anos, onde promoveu uma total transformação na sua estrutura, com a construção de um novo centro cirúrgico, instalação de lavanderia mecânica, construção da clausura das irmãs e outras reformas. Morreu brutalmente assassinado em 29 de abril de 1958, em sua residência, crime não foi completamente elucidado até os dias de hoje. Era casado com Milena Napolioni Mandarino, filha do imigrante italiano Nicola Mandarino, que se radicou e progrediu de forma extraordinária em Aracaju, na área do comércio. A revolucionária administração de Carlos Firpo no Hospital Santa Isabel tirou a instituição da condição de entidade ultrapassada, combalida e rejeitada pela população de Aracaju, dando-lhe novas condições de higiene e conforto. Carlos Firpo
Depois de Firpo, o próximo médico no governo municipal foi ROOSEVELT DANTAS CARDOSO DE MENEZES, que teve a feliz oportunidade de comandar a cidade por ocasião das comemorações do primeiro centenário de sua fundação. Seu mandato iniciou em 1955 e terminou em 1959. Nascido em 1913, em Laranjeiras, filho de João Cardoso de Menezes e Raquel Dantas de Menezes, Roosevelt formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1939. Exerceu a profissão em Itaporanga d’Ajuda. Em 1940 passou a atuar no Hospital de Cirurgia, criando o primeiro Banco de Sangue do Estado. Em 1941 ingressou na política, elegendo-se Prefeito de Itaporanga. Exerceu diversos cargos, destacando-se na presidência do SAMDU de Roosevelt Menezes
O médico GILENO DA SILVEIRA LIMA teve uma passagem muito rápida como prefeito de Aracaju, no ano de 1967, quando da administração de Lourival Baptista no Governo do Estado. Permaneceu apenas 4 meses. Ele nasceu em 3 de abril de 1920 na cidade de Cachoeira, Bahia, filho de Genésio Fernandes Lima e Domecília da Silveira Lima. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1944. Clinicou inicialmente Gileno Lima
Cleovansóstenes Aguiar |
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