Aracaju (SE): Mercado, sabores e sergipanidade

Em temporada de férias e festas de carnaval, Aracaju, capital de Sergipe, aos poucos mostra os seus encantos e vem se consagrando como um dos principais destinos nas prateleiras das principais agências de turismo do país. Cidade planejada, com pouco mais de 800 mil habitantes, transporte público que liga os principais pontos turísticos, infraestrutura dos grandes centros com ares de cidade em desenvolvido, Aracaju convida a um roteiro que une pontos turísticos tradicionais a passeios que só Sergipe lhe apresenta.

A cidade é propícia ao turista que gosta de roteiros diurnos e burburinho noturno pertinho do hotel, na orla da Atalaia. Por estar situada no litoral, apresenta uma boa infraestrutura como porta de entrada do turista, e ainda fica perto de cidades históricas e do rio São Francisco. A capital se revela como uma das mais encantadoras, por poder unir vários passeios em um só destino: do ecoturismo as praias, cidades históricas, do litoral ao sertão. O complexo de mercados centrais de Aracaju é uma boa pedida para se começar a desbravar o que a capital dos sergipanos tem de melhor.

Complexos de mercados centrais

Os mercados Antônio Franco, Thales Ferraz e Albano Franco, localizados na região central da cidade, é uma boa pedida para iniciar a descoberta. Eles compõem um conjunto arquitetônico onde a sergipanidade está presente no dia a dia da capital. É lá onde se pode encontrar produtos oriundos dos diversos territórios sergipanos: doces de Propriá, rolo de fumo de Lagarto, queijo de Nossa Senhora da Glória, artigos de barro de Santana do São Francisco, flores e hortifrúti de vários lugares do Estado.

Diferente do que acontece em outras capitais, Aracaju possui três mercados complementares, além da denominada Passarela das Flores e do Atracadouro do Peixe, formando um grande complexo de cultura e arte popular, que é ponto de parada obrigatória para quem visita Sergipe.

Relógio do mercado Antônio Franco

O mercado Antônio Franco vai se revelando em uma edificação em estilo eclético, puxado pela art nouveau, inaugurado em 1926. Nas quatro torres de seus cantos funcionam restaurantes e em duas delas têm-se uma vista privilegiada do rio Sergipe. Ao centro, fica o famoso relógio do mercado, envolto de lojinhas onde se pode comprar quase tudo: desde ervas medicinais, de objetos de armarinho e de pesca, ferramentas, produtos para animais até o tradicional artesanato sergipano.

Mercado Antônio Franco

Ponto de encontros de uns, ganha pão de outros, o mercado Antônio Franco é um daqueles locais onde se tem de tudo, desde os personagens em cordéis, que mais parecem pular dos livros de Ariano Suassuna às histórias do detetive Sherlock Holmes. É só sentar a uma de suas mesas e tentar papear com os populares que as histórias soam como contos do cotidiano: manicures, barbeiros, turistas, cozinheiras, mulheres da noite e do dia, gente que cultua o ócio e transeuntes a trabalho. Mas se ao caminhar por seus corredores for parado por dois violeiros, a dica é ouvir um pouco do que os repentistas têm a dizer. A secular arte do repente está presente nos mercados nordestinos e Aracaju não poderia ser exceção.

Ervas no Mercado Thales Ferraz

Se preferir não papear e quiser viajar na literatura de cordel, em uma das saídas do mercado está o box de João Firmino Cabral, que vende cordel há mais de 52 anos. Dificilmente um turista passará despercebido pelo local, sem comprar pelo menos um. A banca Ritos também está presente no mercado e é um daqueles locais de resistência: só vende literatura sergipana. Aproveita que é um dos locais bom para se conhecer mais sobre Sergipe..

Frutas da época do Mercado Albano Franco

Saindo do mercado no sentido norte, passa-se pela Passarela das Flores inaugurada em 2000, quando o complexo de mercados foi revitalizado. A passarela abriga floristas que vendem desde buquês até botões de flores naturais. O cheiro é evidente, mas ao passar pela passarela e chegar ao mercado Thales Ferraz – inaugurado em 1949 para auxiliar o antigo mercado da capital – um outro cheiro aguça o paladar: a tapioca e as iguarias produzidas com côco. Beiju molhado, sarolho, biscoito de goma, malcasado, pé de moleque, além de melado, castanha, amendoim e diversos doces em calda fazem a festa dos turistas.

O formato do mercado como se fosse ¼ de pizza é bem interessante e ao centro fica um estande de informações turísticas. Nesta mesma área, o cheiro de erva medicinal secando ao sol é irresistível e a diversidade de queijos e derivados do leite espalha-se por todas as lojas, além do doce de pimenta servido na hora.

Mercado Antônio Franco

Para fechar o passeio turístico, o mercado Albano Franco é o mais novo do complexo, inaugurado em 1980 para ser o centro de abastecimento popular, já que os outros dois mercados não comportavam mais a crescente demanda da capital. É lá onde o cotidiano sergipano se revela através das cores da mangaba, acerola, umbu, seriguela, cajá, graviola e caju; dos diversos produtos advindos dos municípios sergipanos.

Amendoim cozido é patrimônio

O amendoim cozido colhido ainda verde fez com que forma de cozimento ganhasse fama nacional e o elege-se como patrimônio imaterial do estado.  A variedade de molhos de pimenta dá um colorido especial ao centro de compras, mas quem já viu um mercado nordestino sem rapadura e ouricuri? Lá também tem.

Retrato em mãos, o passeio só está começando e a dica é se deliciar com os encantos das manifestações cotidianas de Sergipe em um só local, pois os mercados centrais de Aracaju reúnem num história, tradição, artesanato, culinária típica. Assim como no Mercado Modelo de Salvador, do Ver-o-Peso em Belém, ou do Mercado Central de Belo Horizonte, de São José, no Recife, nos mercados centrais de Aracaju estão um pouquinho das cores, dos sabores, sons e os gostos do povo de Sergipe, nordestino, brasileiro. É só ir lá e perceber.

Passarela das Flores

Dicas de viagem

  • Caso queira fazer uma visita guiada pelos mercados centrais, procure uma agência de viagem. Guias especializados acompanharão e levarão aos melhores locais do complexo, um deles é o guia Well Moura que pode ser contatado pelo número de telefone (79) 99938 8606.

  • Cores e sabores do mercado Albano Franco

    Veja também pertinho dali a orlinha do bairro Industrial. Há uma bela vista do rio Sergipe. Se preferir a opção do transporte exclusivo, confortável, a dica é consultar a Rent Van Locação de Veículo com o Senhor Gildo (79) 99941 0965.

  • O Hotel Quality Aracaju é uma boa pedida de hospedagem, com localização privilegiada na capital, pertinho de um shopping, das praias e do centro histórico. O telefone de contato é (79) 2107 – 4350.

  • Há a possibilidade de se fazer um tour pelos mercados agregado a outros atrativos do centro da capital, como o Museu da Gente Sergipe, o Palácio-Museu Olímpio Campos e o Centro Cultural de Aracaju.

  • Não deixe de ir também à Colina de Santo Antônio, local onde historiadores indicam o surgimento da capital sergipana. Depois de apreciar a vista panorâmica da cidade, não deixe de degustar o tradicional sorvete de mangaba da sorveteria Santo Antônio (R$ 5).

  • Seja bem-vindo ao andar superior do Antônio Franco

    Você sabia que o modo de preparar o amendoim verde cozido em Sergipe é Patrimônio Imaterial do Estado desde 2013? O amendoim é retirado e cozido com água, sal e uma pitada de limão e apreciado por sergipanos e turistas como um bom petisco. A produção se concentra no Agreste Sergipano em 38 municípios, sendo que os cinco maiores produtores são: Itabaiana, Areia Branca, Lagarto, Moita Bonita e São Domingos.

Gastroterapia

Camarão de Cueca do Caçarola

A dica é experimentar as sensações gastronômicas no restaurante Caçarola, situado no mercado Antônio Franco, um dos principiais pontos turísticos dos mercados. Entre artesanatos e guloseimas, o secular relógio e o rio Sergipe, no andar superior do mercado, a culinária criativa e regional com toque baiano e mineiro da chef Meg Lavigne fazem do restaurante Caçarola o mais procurado.

Nem pestaneje em pedir o Camarão de Cueca, um dos pratos principais da casa se gosta da tradicional comida dos frutos do mar com o toque do óleo de dendê (R$ 89 a 129, a depender da quantidade, poções sempre generosas). Como entrada, o sabor regional ganhou nome sofisticado nas Galletes de Macaxeira, tipo uns discos gratinados sem levar adição de nenhum tipo de farinha e com toque gourmet recheado de aratu, caranguejo, carne seca, vegetariana, três queijos (R$ 14). Meg Lavigne explica que o nome vem de tradicionais gratinados europeus que através de suas mãos ganharam um toque brasileiro das comidinhas regionais.

No buffet do restaurante são servidos pratos da culinária regional como pescados gratinados, sarapatel, carneiro cozido, arrumadinho, buchada, sururu ao coco, frutos do mar, entre outras iguarias bem tradicional.

O restaurante decorado com artesanato sergipano, simples, pede a sobremesa que ganha nomes sugestivos como a Amor Perfeito (sorvete de tapioca com calda de morango e chocolate), a Moça Virgem (sorvete de tapioca com banana flambada) e o Negão Gostoso (pudim de chocolate, coberto com calda e raspa de chocolate, (R$ 7,50 a R$ 9). Consulte o cardápio do dia ou reserve no restaurante Caçarola através do telefone (79) 988319535.

Acompanhamentos do Camarão de Cueca
Gallete de caranguejo
Gallete de caranguejo
Gallete de aratu
Caju safado com cachaça sergipana
Moça Virgem é uma das sobremesas mais pedidas
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