Aracaju (SE) – Mercados Centrais: sergipanidade

Redes, bordados e a arte do barro expressa em bonecas coloridas, de um lado do corredor. Carne do sol na churrasqueira servida com macaxeira, do outro lado. Em meio a cheiros e cores, o barbeiro lhe convida para ”dar um grau no visual”. A manicure corta as unhas, enquanto que se pode ler a mais autêntica literatura de cordel adquirida ali mesmo. É o cotidiano e as manifestações populares revelados através de um passeio pelos mercados Antônio Franco, Thales Ferraz e Albano Franco, em Aracaju, capital de Sergipe.

 

Diferente do que acontece em outras capitais, Aracaju possui três mercados complementares, além da denominada Passarela das Flores e do Atracadouro do Peixe, formando um grande complexo de cultura e arte popular, que é ponto de parada obrigatória para quem visita Sergipe.

 

Tão logo chega à localidade, o Mercado Antônio Franco vai se revelando em uma edificação em estilo eclético, puxado pela art nouveau, inaugurado em 1926. Nas quatro torres de seus cantos funcionam restaurantes e em duas delas têm-se uma vista privilegiada do rio Sergipe. Ao centro, fica o famoso relógio do mercado, envolto de lojinhas onde se pode comprar quase tudo, desde ervas medicinais, de objetos de armarinho e de pesca, ferramentas, produtos para animais até o tradicional artesanato sergipano.

 

Ponto de encontros de uns, ganha pão de outros, o Mercado Antônio Franco é um daqueles locais onde se tem de tudo, desde as figurinhas carimbadas, que mais parecem pular dos livros de Ariano Suassuna às histórias do detetive Sherlock Holmes. É só sentar a uma de suas mesas e tentar papear com os populares que as histórias soam como contos do cotidiano: manicures, barbeiros, turistas, cozinheiras, mulheres da noite e do dia, gente que cultua o ócio e transeunte à trabalho. Mas se ao caminhar por seus corredores for parado por dois violeiros, a dica é ouvir um pouco do que os repentistas têm a dizer. A secular arte do repente está presente nos mercados nordestinos e Aracaju não poderia ser exceção.

 

Se preferir não papear e quiser viajar na literatura de cordel, em uma das saídas do mercado está o box de João Firmino Cabral, que vende cordel há mais de 50 anos. Dificilmente um turista passará despercebido pelo local, sem comprar pelo menos um. A banca Ritos também está presente no mercado e é um daqueles locais de resistência: só vende literatura sergipana.

 

Saindo do mercado no sentido norte, passa-se pela Passarela das Flores inaugurada em 2000, quando o complexo de mercados foi revitalizado. A passarela abriga floristas que vendem desde buquês até botões de flores naturais. O cheiro é evidente, mas ao passar pela passarela e chegar ao Mercado Thales Ferraz – inaugurado em 1949 para auxiliar o antigo mercado da capital – um outro cheiro aguça o paladar: a tapioca e as iguarias produzidas com côco. Beiju molhado, sarolho, biscoito de goma, mal casado, pé de moleque, além de melado, castanha, amendoim e diversos doces em calda fazem a festa dos turistas.

 

O formato do mercado como se fosse ¼ de pizza é bem interessante e ao centro fica um estande de informações turísticas. Nesta mesma área, o cheiro de erva medicinal secando ao sol é irresistível e a diversidade de queijos e derivados do leite espalha-se por todas as lojas, além do doce de pimenta servido na hora.

 

Para fechar o passeio turístico, o Mercado Albano Franco é o mais novo do complexo, inaugurado em 1980 para ser o centro de abastecimento popular, já que os outros dois mercados não comportavam mais a crescente demanda da capital. É lá onde o cotidiano sergipano se revela através das cores da mangaba, acerola, umbu, siriguela, caja, graviola e caju. O amendoim cozido é apreciado em toda parte e a variedade de molhos de pimenta dá um colorido especial ao centro de compras, mas quem já viu um mercado nordestino sem rapadura e ouricuri? Lá também tem.

 

“Vai um carrêgo ai?”, pergunta o rapaz do carro de mão. “Um grau no sapato?”, grita o engraxate. “Cervejinha gelada hoje com churrasco”, convida o ambulante. Porém, é em frente do painel feito por Leonardo Alencar e Osíris Rocha que a arte está bem representada: o fotógrafo de rua. Isso mesmo, ainda existe no mercado Albano Franco. Ele não é mais lambe-lambe, mas garante tirar uma foto de qualidade.

 

Retrato em mãos, o passeio só está começando e a dica é se deliciar com os encantos de suas manifestações, pois os mercados centrais de Aracaju reúnem num só lugar história, tradição, artesanato, culinária típica. São gente como Firmino do Cordel, Xaxado, Seu Careca, Anderson das Ervas e vários outros que deixam todos os dias a marca da sergipanidade nestes locais. Assim também é com a gente do Mercado Modelo de Salvador, do Ver-o-Peso em Belém, ou do Mercado Central de Belo Horizonte, porém é nos Mercados Centrais de Aracaju onde está um pouquinho das cores, dos sabores, sons e os gostos do povo de Sergipe.

Dicas de viagem

No Mercado Albano Franco procure aproveitaras frutas da época. As raízes, como macaxeira e inhame, estão fartos e com um preço bom no mercado

Para quem gosta de produtos estilo Made in China, há um grande setor de eletro-eletrônicos.

Nos dias de segundas-feiras, a noite, acontece entre os mercados a Rua da Cultura, um misto de música, teatro, literatura e manifestações culturais no geral.

Caso queira fazer uma visita guiada pelos mercados centrais, procure uma agência de viagem. Guias especializados acompanharão e levarão aos melhores locais do complexo.

Se quiser conhecer melhor o centro de Aracaju, vá até os calçadões onde se concentra o burburinho do centro comercial. Os calaçadãos ficam bem próximos dos mercados. A orlinha do bairro Industrial também.

Registros

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fotos: Silvio Oliveira

 

Passaporte

 

Oceanário de Lisboa

 

Considerado um dos mais importantes do mundo, o Ocenário de Lisboa, em Portugal, fica na Lisboa moderna, no sofisticado bairro Vasco da Gama e recebe mais de um milhão de visitantes por ano. O oceanário possui réplica do habitat dos quatro oceanos, contando com mais de 500 espécies. Pingüins, martas, águas-vivas e os dragões do mar chamam atenção por serem exóticos, além do aquário gigante, ao centro do oceanário, onde tubarões passeiam bem pertinho dos visitantes. Ainda há um local de manipulação das espécies, uma loja de souvenir, sala de projeção e uma área em volta coberta por vegetação e água.

O Oceanário de Lisboa fica entre pertinho também do Cassino de Lisboa e do famoso shopping Vasco da Gama, além da Torre Vasco da Gama e do teleférico.

Fotos: Silvio Oliveira

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais