Aracaju (SE) – Prédios tombados e sergipanidade

Praça Fausto Cardoso é um marco do centro histórico

Os centros das cidades brasileiras são ricos em história, regionalismos, monumentos e detalhes que os configuram como um potencial atrativo sociocultural. Aracaju não foge à regra e por ter uma peculiaridade entre as capitais nordestinas, ou seja, juntamente com João Pessoa, origina-se à beira-rio e não à beira-mar, a região central é agraciada com prédios históricos tombados, hábitos e sergipanidade, centros culturais, boa infraestrutura, tudo isso ao frescor da brisa do rio Sergipe, propício também a bons passeios fluviais.

Há de convir que um dos entraves para que o turista possa permanecer no destino por mais tempo é a falta de roteiros consolidados para se fazer dia e noite, num segundo, num terceiro, num quarto dia. No caso de Aracaju, produtos e potencialidades turísticas têm de sobra, mas ainda peca em oferecer uma segmentação de roteiros atrativos e que sejam viáveis. Um city tour panorâmico pela cidade não é o bastante e, a contrapartida, diversos roteiros têm se mostrado atrativos, como o roteiro do Centro da capital.

Curvas, adornos e traçados do ínicio do século XX

O Tô no Mundo reserva um tour guiado pelo centro histórico, que pode ser feito em um turno ou o dia inteiro, das 8h às 12h e 14h às 16h, englobando nove bens tombados pelo Governo de Sergipe percorrido a pé, com pausa para apreciação de um bom prato da culinária sergipana.

O roteiro já foi percorrido por vários grupos de estudantes de Turismo e até mesmo por historiadores, demostrando sua viabilidade. Do turismo cultural ou histórico, dos passeios fluviais ou até mesmo gastronômico, a região central de Aracaju reserva bons atrativos e oferece um diferencial de infraestrutura em disponibilizar restaurantes, quiosques de informações turísticas, centros culturais para acolher bem o visitante.

Ponte do Imperador

O tour inicia na Ponte do Imperador, construída em 1860, quando o então imperador D. Pedro II esteve em Sergipe. Conta a história que para sua chegada em Sergipe, foi construído um ancoradouro, a fim de que o vapor Apa, que conduzia Sua Majestade e sua comitiva, pudesse ancorar.

Em 1904 a "ponte" passou por sua primeira reforma, alterando a estrutura original, que era totalmente de madeira, por material mais sofisticado, metal e vidro vindos da Inglaterra. Foi construído um portal nos moldes medievalescos. Nesse período ela ganhou o apelido de ponte metálica ou inglesa. Em 1920 nova reforma empreendida pelo construtor italiano Hugo Bozzi, trocou o portal medieval por dois torreões em alvenaria, simbolizando a identidade cultural sergipana, ladeado por duas esculturas de índios, que até hoje a ornam.

O ponto de referência é a praça Fausto Cardoso a frente da ponte, onde se concentram os três prédios dos poderes da capital e alguns dos mais belos cartões-postais do centro histórico e comercial da cidade.

Aracaju foi projetada em um tabuleiro de xadrez, com arquitetura central que une prédios históricos com arquitetura mista e modernos, mas, no geral, resguarda um traçado moderno, principalmente, caminhando para a zona sul da cidade. Na praça o turista contemplará prédios que serviram de local para atos históricos da capital, além de lugares que merecem uma observação a mais pr sua beleza arquitetônica e urbanística. 

Estátuas, corretos e palácio adornados por missão italiana

Do lado esquerdo em direção contrário ao rio, ficam os prédios da Assembleia Legislativa de Sergipe e o Palácio da Justiça Tobias Barreto, onde antes funcionou um dos primeiros hotéis de Aracaju: o hotel Rubina (1920).

Os corretos e as estátuas que ladeiam o espaço público foram projetadas e adornadas por uma missão italiana inspirada em palácios de Florença, na Itália, inspirados nas quatro estações. Na praça se encontra também, ao centro, a primeira estátua pública de Sergipe: a de Fausto Cardoso.

Do lado direito da praça ficam os prédios da delegacia fiscal do Ministério da Fazenda também conhecido como Palácio Carvalho Neto (Tombamento por meio do Decreto nº 15 989, de 24 de julho de 1996) e a Biblioteca Pública, datados dos anos 30, antigas sedes da Receita Federal e Arquivo Público do Estado. Suas estruturas praticamente permanecem as mesmas.

Palácio-museu Olímpio Campos é um símbolo

Bem próximo está o painel de Jenner Augusto, pouco conhecido pelos sergipanos, situado na esquina do calçadão da rua João Pessoa e praça Fausto Cardoso, prédio Walter Franco, foi confeccionado em cerâmica pelo alemão Udo Knoff e pintado em 1957. A obra traz traços cubistas mexicanos e remete à economia de Sergipe, tombado pelo Governo do Estado por representar um marco do modernismo, sendo uma das primeiras obras vanguardistas públicas do gênero no Nordeste. (Tombamento por meio do Decreto nº 9.990, de 26 de outubro de 1988)
A frente da praça fica um dos ícones da história político-econômica de Sergipe: o Palácio-Museu Olímpio Campos, sede do governo de Sergipe e que hoje também abriga um museu histórico (Tombamento por meio do Decreto nº 6818, de 28 de jan de 1985).

Palácio-Museu Olímpio Campos

Salões nobres, corredores, sacada com vista para a emblemática praça Fasto Cardoso, cômodos. Mobílias, objetos pessoais de governadores e telas de pintores da década de 20. A volta ao passado está garantida através de uma visita monitorada com duração de 1h30 ao Palácio-Museu Olímpio Campos, restaurado no final de 2010 e reaberto com status de palácio-museu.

Suas obras foram iniciadas em 1859 e concluída em 1863 para ser a sede do governo da província, funcionando com esse patamar até 1995.
O Olímpio Campos é um marco da história de Sergipe e resguarda em seus 154 anos um acervo singular de assinaturas de documentos, de visitas ilustres, dos discursos e desfiles cívicos, além dos fatos históricos de resistência, mudanças e tragédias. Muitos deles com enfática afirmativa de ser emblemáticos para a construção do povo sergipano.

Fausto Cardoso: 1º estátua em praça pública

Após a visita monitorada ao museu, observe os dois prédios vizinhos ao palácio: um prédio secular onde abrigou a antiga sede do Legislativo de Sergipe nominado como Quintina Diniz, nome da primeira deputada de Sergipe, e que funciona hoje o Memorial do Legislativo e a Escola do Legislativo Seixas Dória. A antiga sede da Assembleia Legislativa, concluída em 1874, foi erguido em estilo neoclássico, e após a reforma executada no início do século XX, enquadrou-se no estilo eclético. Com a transferência da Assembleia para sua sede atual, o prédio recebeu a denominação de Palácio Fausto Cardoso em homenagem ao advogado e político Fausto de Aguiar Cardoso (1864-1906), líder do movimento revolucionário de agosto de 1906, baleado na praça que leva o seu nome (Tombamento por meio do Decreto nº 8313 de 18 de fevereiro de 1987).

Percorra o corredor de palmeiras imperiais da praça Almirante Barroso até passar por dois palácios que abrigam a Câmara de Vereadores de Aracaju, antiga sede do Tesouro Estadual (Tombamento por meio do Decreto nº 12 039, de 22 de jan de 1991) e a Procuradoria Geral do Estado, antigo Tribunal de Justiça (Tombamento por meio do Decreto nº 9991 de 26 de out de 1988).  A praça à frente fica no antigo Parque Teófilo Otoni, hoje mais conhecida como praça Olímpio Campos ou da Catedral Metropolitana de Aracaju.

O traçado urbanístico da praça contempla em seu entorno prédios emblemáticos coma primeira sede da Prefeitura Municipal de Aracaju (Palácio Inácio Barbosa), a Cúria Metropolitana ou o palacete da Arquidiocese de Aracaju, antigo palacete da família Mandarino, o colégio estadual Jackson de Figueiredo e o imponente sobrado do Memorial do Judiciário de Sergipe, antigo Juizado de Menores, denominado de Fórum Desembargador José Fernandes Prado Vasconcelos (Tombamento por meio do Decreto lei nº 6822, de 28 de jan de 1985).

Antiga sede da Receita Federal

Não deixar de visitar no centro da praça a catedral metropolitana de Aracaju (Tombamento por meio do Decreto lei nº 6819, de 28 de jan de 1985), um dos mais significativos monumentos da arquitetura religiosa de Aracaju. Construída em 1862, a igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição tornou-se catedral em 1910. Sua arquitetura está ligada aos elementos marcantes do neoclassicismo e do neogótico. Sua cúpula é ornamentada com pinturas do século passado. Atualmente passa por um grande processo de restauro, mas continua aberta para o público. Parada de 10 minutos no interior da catedral.

Vista da Ponte do Imperador

A parada para o almoço está garantida. No turno da tarde, percorra a Rua do Turista, outrora denominada de rua 24h e vá em direção à praça General Valadão pelo calçadão da João Pessoa. Passe pelos calçadões das ruas Laranjeiras e João Pessoa, com capela de São Salvador, primeiro templo católico de Aracaju, declarado Patrimônio Histórico e Artístico de Sergipe por ter sido cenário dos principais acontecimentos da capital, como a visita do imperador Dom Pedro II e da imperatriz Teresa Cristina em 11 de janeiro de 1860, marcando o início de uma visita de oito dias a então Província de Sergipe Del Rey.

Vista da Ponte do Imperador

Não deixe de apreciar vizinho da igreja a original patanisca no português Luzitânia, vizinho. A patanisca é o tradicional bolinho de bacalhau português. Logo após, no calçadão, passa-se pela fachada do primeiro cinema da capital: o Cine Rio Branco, datado de 1920.

A praça General Valadão lhe aguarda onde se concentram mais prédios documentais da história de Sergipe, a exemplo do antigo hotel Palace, considerado o primeiro hotel modernista de Sergipe, a antiga sede da Cadeia Pública e hoje o prédio Serigy, da Secretaria de Estado da Saúde, e a antiga Alfândega de Sergipe, hoje o Centro Cultural de Aracaju, que após ser restaurado (Tombamento por meio do Decreto nº 21765 de 9 de abril de 2003), a prefeitura de Aracaju transformou em um centro cultural. A visita monitorada durará cerca de 1h e através das salas de projeções, da biblioteca, espaço cultural e de exposições, um pequeno teatro e um museu com peças sergipanas, os futuros guias tiveram uma noção da cultura e história de Aracaju.

Catedral Metropolitana de Aracaju

O prédio funciona aos sábados, das 9h às 14 horas. Durante a semana o centro cultural abre das 9h às 17h, com exceção das segundas-feiras. Não deixe de conhecer a Sala da Cultura Popular Mestre Euclides, com brinquedos e peças de teatro de bonecos que marcaram época.

O tur guiado pelo centro de Aracaju finalizará com uma majestosa vista do rio Sergipe no Memorial Zé Peixe, ao fundo do Centro Cultural de Aracaju. Os turistas poderão descansar sentindo a brisa do rio e apreciando mais um patrimônio cultural e artístico do povo sergipano: as antigas embarcações denominadas de tototó às margens do rio Sergipe, que dão um tom bucólico e pesqueiro ao centro da capital sergipana. Do atracadouro onde ainda serve de ponto de embarque para a travessia Aracaju- Barra dos Coqueiros há uma grande concentração de barcos, o que dá um charme especial à beira do rio Sergipe.

Antiga Escola Normal é a Rua do Turista

Gastroterapia

Rua do Turista (Antiga Escola Normal) – Não deixe de observar a fachada principal da entrada, erguida em 1911, e que hoje é a porta de entrada da Rua do Turista com restaurantes, bares, lojas e cinema de arte. Há comercialização de artesanatos, lojas de serviços, infraestrutura para o turista relaxar e conhecer o centro comercial central propriamente dito de Aracaju, entre os calçadões das Laranjeiras e João Pessoa. A dica de gastronomia é dar uma pausa no roteiro e desacansar apreciado um bom prato da culinária sergipana em um dos restaurantes. A la carte ou por quilo, os restaurantes da Rua do Turista são frequentados por turistas e comerciantes e não possuem requinte, mas variedade de opções.

Cúria Metropolitana

No Cacique Chá Senac Bistrô, localizado na praça Olímpio Campos, em frente a catedral metropolitana, é uma boa pedida para quem está no centro de Aracaju com um custo/benefício interessante e com um cardápio baseado em sabores sergipanos.

O prato “Vaca Atolada Jenner Augusto”, em homenagem ao artista sergipano, é um suculento ensopado de carne com macaxeira (R$ 24), o cozido sergipano (R$ 25) e o escalopinho de filé (R$ 18) são boas pedidas de carne vermelha. Capão (frango) com pirão (R$ 24) e moqueca de camarão no coco (R$ 32), além do cachorro quente do Seu Tobias (R$ 7,5) são sabores bem sergipanos. A sobremesa fica por conta do pudim de coco verde ou da fatia de torta sergipana.

Memorial do Juduciário
Palácio Serigy
Vista do Memorial Zé Peixe

Fotos: Sílvio Oliveira

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