Guaiamum em bares da orla e do bairro Aeroporto |
Quando se fala em pratos regionais ou típicos vem logo em mente cheiros, gostos e ingredientes disponibilizados por uma determinada região, e que muitos visitantes vão até ela para experimentá-los. São as sensações únicas proporcionadas por uma localidade através do modo de fazer, consumir, apresentar um prato, oferecendo aos cinco sentidos um baquete, por vezes, inesquecíveis e que fidelizam e encantam os turistas pelo paladar.
As massas italianas, os marinados de frutos do mar peruanos, a feijoada brasileira, a ajiaco colombiano, o peixe com fritas londrino, entre outros. Mas quando se fala em sabores brasileiros? Moqueca capixaba, tacaca paraense, sururu de capote alagoano, barreado paranaense, churrasco gaúcho, café colônia catarinense, acarajé baiano, rubacão paraibano, feijoada carioca, pão de queijo mineiro, pato no tucupi de Belém, o brigadeiro e as cocadas. Há de convir que não são só ingredientes que fazem um prato ser típico de uma localidade. Faz diferença toda a forma de prepará-lo, as escolhas dos seus ingredientes, a história e até mesmo a percepção que a comunidade tem do sabor, ou seja, o sentimento de pertencimento por parte dos locais com aquele tipo de prato regional.
Caranguejo é tradição |
Quando se fala em região Nordeste, os pratos preparados à base de ingredientes do sertão e do litoral dominam com um toque da ancestralidade indígena e africana. Sergipe não poderia fugir à regra e tem sabores que lá podem ser encontrados, mesmo que alguns pratos consumidos ali também possam ser saboreados em outras localidades. Mas o modo de fazer, o modo de servir os diferenciam e o tornam único, a exemplo da feijoada sergipana, diferente de outra localidade por incorporar verduras, do catado de aratu servido na palha encontrado em regiões do Litoral Sul ou da maniçoba no Leste Sergipano.
Filé acompanhado de risoto no bairro Inácio Barbosa |
Para muitos viajantes, as sensações experimentadas através dos sabores são itens indispensáveis em uma viagem. Muitos viajam em busca de lazer e os sabores são coadjuvantes e agregados como algo que só uma viagem poderá proporcionar: o modo de preparar daquela região, ou seja ir a Salvador e não comer um prato típico preparado por uma baiana é como ir ao Rio de Janeiro e ver o Cristo Redentor encoberto por nuvens.
E em Sergipe, qual o sabor que mais o representa? Quais são os típicos sabores de seus territórios? Há um prato que o diferencia e só lá poderia ser encontrado? Será que a mangaba é o fruto do estado ou a feijoada sergipana é mais representativa? Do Alto Sertão sergipano ao território do Centro Sul, o convite é aguçar o sabor bem sergipano que há. Aracaju em seus 163 anos a completar neste 17 de março também tem sabores bem representativos
Sabores do mês de junho por todo ano |
A representatividades das cores e gostos dos mercados centrais, no centro da capital, a exemplo das frutas de época, como o caju, a seriguela, a mangaba, a jaca vendida nas esquinas, o sapoti, o araçá, entre outros são de aguçar os paladares mais exigentes, em busca de autenticidades. O que dizer do sorvete de mangaba? Do robalo ao coco, do camarão de água doce, da maniçoba, da carne de sol com pirão de leite ou do caranguejo, guaiamum ou aratu? Dos doces em compotas feitos, por vezes, em tachos de cobre no fogão à lenha dos quintais aracajuanos?
Catado de aratu |
Ao sabor da brisa – Na praia de Atalaia e bares da rodovia dos Náufragos, a dica é trocar o gafo e a faca pela tábua e o martelo e mãos a obra para deixar o crustáceo bem debulhadinho. O sotaque aracajuano ganha força e voz com o bate-bate à mesa, mas não se aperei se não souber fazê-lo. Ninguém vai mangar. Há sempre um consultor de quebrar caranguejo nos bares da cidade para orientar o turista mais avexado. Se preferir, a terapia do quebra-quebra caranguejo pode ser substituída sem aperreio por um catado de aratu que já vem aguçando o paladar em cumbuquinhas com farofa e limão.
Entre barraquinhas enfileiradas ao sabor do sol nordestino, os cabras vendem Patrimônio Imaterial de Sergipe mesmo sem saber: o amendoim cozido. Isso mesmo! O modo de cozinhar da oleaginosa é patrimônio do Estado e ganha força em todos os cantos por sua propaganda afrodisíaca.
Cocada de amendoim |
Os sabores dos aracajuanos estão bem representados e, em conjunto com o som da brisa do litoral entrecortado, por vezes, pelos coloridos do kitesurf, nas praias da cidade, pelas bandas de lá o pastel como petisco ganhou o vinagrete e ai de quem não o servir sem o cortadinho de tomate, cebola e pimentão?
De sobremesa, o sorvete de mangaba compete com o açaí, nortista mais abestado que caiu no gosto dos cabras de cá.
Cores das frutas de época no mercado central |
Voltando ao complexo de mercados de Aracaju – Antônio Franco, Thales Ferras e Albano Franco – sabores se emanam entre comidinhas populares e mais sofisticadas. O Camarão de Cueca da Dona Meg no Caçarola fez fama de gostosão do mercado, acompanhado de um caju metido a besta com cachaça.
O cozido de carneiro, a moqueca baiana mais sergipana que existe, os cheiros das batidas e licores de cambuí e tamarindo, os gostos juninos que duram o ano todo, a exemplo dos beijus, das bolachinhas de goma, do pé de moleque, do sarôlho, do mal casado e entre outros. Todos eles fazem parte do gosto, cheiro e cores dos aracajuanos em busca da sua autêntica gastronomia. Afinal, o que seria do autêntico se não cair no gosto do freguês? Não passaria de ser somente autêntico e seria esquecido.
Para que o prato seja tipicamente aracajuano (sergipano), seja ele, bem preparado, com uma autêntica base de ingredientes e pitadas de base histórica. Há de convir que prato tipo é aquele que nos representa.
Mangaba |
Sucos de frutas da época |
Robalo com camarão em restaurante da 13 de julho |
Charque com macaxeira no mercado |