Em abril de 1994 o então prefeito de Aracaju, Jackson Barreto, deixava a Prefeitura entregue ao seu primo, o hoje senador Almeida Lima, para disputar o Governo do Estado. Fruto dessa candidatura elegeu dois senadores: Antônio Carlos Valadares e Zé Eduardo Dutra. Em 1998, Jackson voltou a pleitear o governo, mais terminou sendo engolido pelas articulações de bastidores envolvendo seus próprios partidários e aliados.
Tudo foi feita de tal forma que só restou a Barreto duas alternativas naquele processo eleitoral. Aliar-se a seus adversários históricos, os Franco, ou contentar-se em ser indicado candidato a deputado federal numa coligação que tinha como candidato a governador o senador Antônio Carlos Valadares, com quem o PT aliou-se naquelas eleições. É bom ressaltar que todas as lideranças das chamadas forças de oposição, publicamente, garantiam fidelidade à candidatura de Jackson. Mas na hora da onça beber água, todos lhe puxaram o tapete.
Salvo engano, o processo eleitoral de 2006, está ficando muito parecido com o de 1998. Mudam alguns atores e as posições assumidas por cada um deles, e só. No mais o cenário é muito “coincidente”. O prefeito Marcelo Déda certamente irá desincompatibilizar-se para disputar o governo; o senador Antônio Carlos Valadares – em meio de mandato – querendo projetar seu nome visando a reeleição em 2008, Zé Eduardo Dutra, sem mandato, mais querendo reentrar no cenário político como senador ou mesmo candidato a governador e Albano Franco, fingindo que não quer nada mas, na realidade, quer tudo: atrapalhar a vida de aliados e adversário para sobressair-se no cenário.
Permite que seus aliados lancem seu nome ao governo, de olho numa vaga na Câmara Federal e numa aliança que tenha como principal artífice o senador Antônio Carlos Valadares. Este por sua vez, finge nada entender e estimula os apoiadores de sua candidatura. Resta saber se diante deste cenário o prefeito Marcelo Déda, terá coragem de renunciar o mandato para disputar o governo. Não que não seja um forte candidato. Se a eleição fosse hoje e tivesse na disputa é quase certo que seria eleito governador dos sergipanos com certa folga.
Mas com as armadilhas que lhe estão sendo montados por seus próprios aliados, sei não, viu. O bicho pode pegar.
José Araújo é jornalista