As mídias sociais aproximam ou afastam as pessoas?

                                                                                                      Marcos Cardoso

Enquete rápida no Twitter: as mídias sociais aproximam ou afastam as pessoas? A maioria acha que aproximam. O empresário e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Jorge Santana inteligentemente postou: “Acredito que as mídias sociais afastam quem está próximo, mas aproximam quem está distante”. No que a estudante de jornalismo Elaine Mesoli retrucou: “Quem foi que disse que pra estar junto precisa estar perto?”

Daniela “Danyfly” acha que “se você olhar pelo lado do contato afastam, porque a pessoa só tem contato com o PC. Mas no final das contas acho que aproximam, pois há uma interação grande entre os envolvidos”. E cita como exemplo um evento já realizado duas vezes em Aracaju, intitulado Twittencontro, que reuniu pessoas que se encontraram ou reencontraram através desse microblog. Por fim, a jornalista Gilmara Almeida resumiu: “Reencontrei tanta gente, ajudam no trabalho diário… Tenho certeza que encurtam distâncias. Não imagino o dia a dia sem elas!”

A verdade é que ganha cada vez mais corpo a discussão acadêmica sobre o assunto. Sob a ilusão de permitir uma melhor comunicação, as novas tecnologias na verdade nos isolam das verdadeiras interações humanas, conclui a socióloga Sherry Turkle, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), autora de um livro já considerado polêmico, “Alone Together” (Sozinhos Juntos).

Ela chama atenção para a contradição de a pessoa se isolar dos contatos físicos com seus semelhantes para se comunicar freneticamente através do Twitter, do Facebook e das mensagens instantâneas. “Um comportamento que se tornou típico ainda pode expressar os problemas que antes nos faziam considerá-los patológicos”, escreve. “Nós inventamos tecnologias inspiradoras e potencializadoras, mas permitimos que elas nos reduzissem”.

Há quem defenda que a internet, essa maravilhosa esfinge moderna que precisa ser decifrada antes que nos devore, está emburrecendo a todos, modificando nosso modo de pensar e nos tornando menos capazes de digerir quantidades de informação grandes e complexas, como livros e artigos de revista científica. Outros autores sugerem que o Google e outras ferramentas de busca e comunicação estão nos tornando idiotas. No mínimo, as pessoas estariam mais preguiçosas para pesquisar e pensar.

Em defesa das mídias sociais há quem observe que e-mails, blogs, Twitter e Facebook permitiram mais comunicação entre pessoas que podem ter dificuldades para se encontrar no mundo real graças à distância física ou à diferença social. Ao invés de lerem velhas revistas, agora, nas ante-salas as pessoas se distraem com seus Blackberrys e laptops se atualizando e se comunicando com outras pessoas. E, se permanecem caladas, permanecem como antes.

Uma pesquisa inédita recentemente divulgada conclui que, no Brasil, as mídias sociais ainda são muito pouco influentes, servindo mais como uma caixa de ressonância ao repercutir notícias geradas pela mídia tradicional. A pesquisa da agência JWT mostra que as mídias sociais são “totalmente” pautadas pela mídia tradicional – que, por sua vez, é “pouquíssimo” pautada pelas mídias sociais, em especial pelos blogueiros independentes.

“A maioria esmagadora do que se fala em mídias sociais é de caráter pessoal. E os blogs independentes, que nos EUA geram conteúdo original que pauta a mídia tradicional, são muito pouco relevantes no Brasil”, informa a JWT. A pesquisa não é inteiramente confiável, pois a agência baseou-se apenas no arquivo das reportagens de 2010 do Jornal Nacional e das revistas Época e Veja – que não são nenhum exemplo de imparcialidade e que, obviamente, não deram importância ao muito do que foi denunciado no ano eleitoral passado pelas mídias sociais. Foi apresentada na Social Media Week, um fórum de discussão e debates sobre as tendências no universo das mídias sociais realizado no Brasil pela faculdade FAAP, em São Paulo, e antecipada e publicada na Folha.com. Mas é um indicativo.

No entanto, onde será que as mídias sociais são mais influentes, no Brasil ou no Egito? E lá, naquele país afro-árabe, guardados os exageros que se divulgou sobre as conseqüências da Internet, sabe-se bem o que aconteceu.

Analistas concordam que sem as mídias sociais o número de gente protestando nas ruas, pelo menos no inicio, seria muito menor. As redes sociais permitiram a coordenação dos protestos e a conquista do apoio da maioria da população. Por isso que a Internet e os celulares foram desligados pelo governo do agora ex-ditador Mubarak. O Google ajudou os manifestantes a driblar o bloqueio criando o acesso ao Twitter via celular. Um programa gravava mensagens deixadas na caixa postal de um telefone internacional e postava o conteúdo no Twitter usando a hashtag #egypt, junto a um link para o arquivo de áudio. O resto é história.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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