Vitória engasgada finalmente sai e Seleção Brasileira despacha pressão (Foto: Lucas Figueiredo/CBF) |
Parecia o mesmo filme da semana passada. Desde o apito inicial, era impossível não associar os erros da Seleção Brasileira nas partidas contra a Costa Rica e Suíça, essa realizada na semana passada. Dificuldade para furar o bloqueio adversário, falta de criatividade e jogadas individuais sem efeitos. Na partida, essa equipe mostrou que sofre em demasia com a pressão. Talvez só esteja mais aliviada, neste aspecto, que a Argentina, que está quase arrumando as malas para ir embora. Isso se refletiu nos números: foram 42 bolas cruzadas na área do adversário, com apenas oito eficazes. Houve, ainda, um número alto de passes errados: 67, sendo 33 do Brasil e 34 da Costa Rica.
O árbitro de vídeo, omisso na primeira partida, desta vez protagonizou anulando um pênalti para a Seleção Canarinho. E até que fez bem ao time. Os atletas, que até então empurravam ‘chuveirinhos’ de qualquer jeito ou finalizações da intermediária, tiveram um feixe de equilíbrio emocional e, dentro da área, conseguiram explorar a movimentação e os espaços de forma inteligente, e abriram o placar. Com o alívio do primeiro gol, o time se estabilizou emocionalmente, criou chances jogando de forma inteligente, fator inédito na partida, até então, e marcou o segundo.
Enquanto o 0 a 0 se manteve no placar, a importância de vencer a partida fez Tite abrir mão da sua formação tática, tirando um voltante para colocar mais um homem de frente; além de abdicar das jogadas de linha de fundo do Willian para pôr Douglas Costa, mais agudo e que fez diferença na partida, vencida por 2 a 0 (gols de Neymar e Coutinho, ambos nos acréscimos). O Pedalada lista abaixo os principais pontos positivos do Brasil em sua primeira vitória na Copa da Rússia:
Douglas Costa – O jogador entrou no início do segundo tempo após mais um desempenho tímido de Willian, titular da posição, que sente a falta de Daniel Alves na dobradinha pelo seu lado. Costa mudou a forma de atacar pelo lado direito: prefere jogadas mais agudas trazendo o jogo para a parte interna do campo, enquanto Willian busca a linha de fundo. O meia articulou jogadas de perigo e permitiu mais infiltração dos atacantes. Foi dele a assistência para o gol de Neymar. A partir de agora, deve ser a primeira opção de Tite por aquele setor
Substituições – Além da boa entrada de Douglas Costa, Tite ousou ao tirar um volante (Paulinho) para colocar mais um homem de frente (Firmino). Não é comum ver o Adenor abrir mão do seu desenho tático. Apesar de deixar o time mais exposto nas últimas duas linhas, as mudanças funcionaram bem. A equipe conseguiu trocar mais passes no setor ofensivo, espalhar a marcação adversária e, de um toque do Firmino dentro da grande área, nasceu o primeiro gol do Brasil.
Emocional – Nos seus dois jogos na Copa da Rússia, a Seleção mostrou dificuldades em lidar com o emocional. Quando não a ansiedade, o nervosismo que atrapalhou. Mas, foi também nos dois jogos que a Seleção, após fazer o gol, mostrou ter coerência e inteligência dentro de campo – criando jogadas de mais efeito. De fato, o fantasma do ‘7×1’ ainda paira sobre essa equipe, mostrando que a pressão não é um adversário fácil de digerir. O choro de Neymar, como um desabafo no apito final, diz muito sobre essa Seleção.
Time ciente – Apesar dos aspectos emocionais que citamos, o Brasil entrou ligado na partida, apesar de afobado. Tentou trocar mais passes e girar mais a bola. Ao todo, trocou mais passes certos que o triplo de passes que a Costa Rica – 652 contra 198, chutou bem mais ao gol (20 a 3) e teve mais posse de bola (70% a 30%). O domínio Canarinho se traduziu também na quantidade de escanteios (10 a 1). Ressaltando, também, que o goleiro Alisson não precisou fazer uma defesa sequer.