A campanha presidencial brasileira agora está suja de sangue. O candidato do PSL, deputado Jair Bolsonaro, foi ferido com um só golpe de faca, desferido opor um cidadão de nome Adélio Bispo de Oliveira que foi preso imediatamente e está recolhido à Polícia Federal. O fato aconteceu na véspera do feriado de 7 de setembro, na cidade de Juiz de Fora. Bolsonaro foi levado, com a urgência que o caso merecia, à Santa Casa de Misericórdia daquela cidade mineira. De início, acreditava-se que tinha sido um corte simples no abdomen, mas um exame de tomografia detectou que o corte tinha feito mais estrago que se imaginava, tanto assim que Bolsonaro foi submetido , ao se iniciar a noite de quinta-feira, a uma operação de emergência. A faca chegou a perfurar o intestino e o fato de ter havido derramamento de feses provocou a correria dos médicos para salvar o paciente que já então corria risco de morte. Como nessa noite, Bolsonaro dormiu bem e reagiu à operação sem febres, ele foi transferido para o Hospital Albert Einstein em São Paulo onde novos exames médicos foram feitos. Agora ele ficará pelo menos dez dias sem fazer campanha de rua até que seja declarado fora de perigo. De qualquer a campanha de Bolsonaro foi atingida em cheio e, no primeiro turno, dificilmente voltará a fazer comícios, ou participar de corpo-a-corpo. Os demais candidatos a Presiente – são treze ao todo – emprestaram solidariedade e suspenderam a campanha por algumas horas até que o quadro clínico de Bolsonaro já não inspire tantos cuidados. Esta foi a primeira vez, na história da República brasileira, que um candidato a Presidente da República é ferido, com gravidade, em plena campanha política, principalmente quando fazia corpo a corpo em cidade do interior mineiro. Os candidatos a Presidente da República são protegidos pela Polícia Federal. No momento do atentado Bolsonaro tinha pelo menos sete agentes da Polícia Federal dando-lhe proteção mas o Presidente da República determinou atenção redobrada para que fatos desta natureza não voltem a se repetir. Já no sábado pela manhã, Bolsonaro foi fotografado pelos filhos sentado numa poltrona e até passando mensagens pelo twitter.
Foi Deus quem mandou
Ouvido pela Polícia Federal no inquérito que averigua o atentado, o autor das facadas – identificado como Adélio Bispo de Oliveira – não revelou muita coisa ainda. Disse que agiu sozinho e que praticou o atentado “a mando de Deus e por causa das posições retrogradas de Jair Bolsonaro”, com as quais ele não concordava em absoluto. Disse-se de esquerda mas confessou não estar filiado a nenhum partido. A Polícia Federal descobriu que até há meses atrás ele tinha filiação ao PSOL, mas desfiliou-se e não assumiu nenhum outro partido. A Polícia Federal tenta fazer alguma conexão de Adélio com um sujeito que foi fotografado junto a ele no momento do atentado e que também teria tentado fugir antes de finalmente ser detido. A multidão ainda tentou linchá-lo, por isso que ele estava muito ferido e foi levado também a um hospital de Juiz de Fora onde permanece até agora. A Polícia Federal até ontem não tinha fornecido sua identificação, nem os filhos de Bolsonaro souberam declinar seu nome. Há muitos mistérios a se esclarecer em torno do Adélio Bispo. Embora desempregado, ele estava há quinze dias em Juiz de Fora, hospedado numa pensão. No quarto que ocupava, a Polícia Federal encontrou nada menos que quatro telefones celulares que foram apreendidos mas ainda não foram decodificados. Já no domingo, a PF anunciou que quatro advogados assumiram a defesa de Adélio. Somente um deles disse que seus honorários serão pagos pela “igreja de Adélio” mas também não revelou que Igreja seria essa. De qualquer fora são advogados com honorários caríssimos que Adélio parece não ter condições de assumir sozinho. A Polícia Federal conseguiu enquadrar Adélio na Lei de Segurança Máxima o que significa dizer que ele vai passar muitos dias na prisão. Mas nem isso tem sensibilizado o esfaqueador de Bolsonaro a contar outras verdades do fato. Continua repetindo que obedeceu ordens de Deus para perpetrar o atentado que abalou o país.
Campanhas mudam a partir de hoje
Assessores dos candidatos a Presidente d República foram claros ao afirmar que a campanha política para a Presidência da República “muda sensivelmente” a partir de hoje, por causa do atentado que atingiu o candidato Jair Bolsonaro. A campanha de Geraldo Alckmin que era a mais agressiva contra o candidato mandou suspender todas as suas peças que atingiam em cheio o Capitão Bolsonaro. O tom da campanha de Alckmin vai mudar e já hoje ou amanhã entra com novos filmetes que o seu staff está preparando. Todos os candidatos a Presidente emprestaram solidariedade ao presidenciável por ora recolhido a um quarto hospitalar sem poder fazer campanha. Nenhum dos candidatos quis botar “lenha na fogueira” e ninguém levantou suspeitas de quem poderia estar por detrás do atentado embora todos concordassem que um ato desta espécie “não se pratica sozinho”. O PT parecia o mais arisco em condenar a campanha de Bolsonaro mas não justificou os atos dele. Houve um candidato que chamou a atenção para o fato de que Gleisi Hoffman, presidente do PT e Lindibergh Farias, ativo militante petista, desapareceram de cena desde que o atentado foi perpetrado. Nas redes sociais, o que mais se lia, além da solidariedade ao presidenciável era a “mudança das intenções de voto” já no primeiro turno. O PT, por seu turno, não fez nenhuma manifestação de solidariedade àquele que é, sem dúvida, o candidato que pode desafiar sua hegemonia. Uma alta figura do PT declarou, em “off” evidentemente, “que a coisa vai pegar fogo a partir de agora”. Mais não disse nem lhe foi perguntado.
Atentado não muda campanha aqui
Em Sergipe, nenhum dos nove candidatos ao governo reduziu o ritmo de campanha por causa do atentado a Bolsonaro. No dia 7 de setembro os candidatos foram para a Avenida Barão de Maroim e, no corpo a corpo com os eleitores, distribuíram santinhos e preguinhas de campanha até o desfile, militar e estudantil, terminar. Hoje não houve alteração de programação de nenhum dos candidatos. O sr. Milton Andrade, por exemplo, vai se recebido pelo Rotary /clube de Aracaju Norte, no seu almoço tradicional das segundas-feiras. O RC Aju-Norte não tem recebido políticos, mas abriu uma exceção para Andrade, que é candidato a governador poela primeira vez.