ATITUDES NO PENSAR. Parte 2 (*)

Estamos concluindo com esse material a parte relativa às atitudes no pensar que impulsionam a nossa criatividade ou melhor dizendo as atitudes que nos impelem a agir como um indivíduo criativo, como um cidadão. Portanto, as três atitudes impulsionadoras básicas são: Ter confiança em si mesmo, Adiar julgamentos e Prontidão para observar e agir. Na primeira parte falamos da importância dessas atitudes e sobre a primeira delas: “Ter confiança em si mesmo”, nesse texto estaremos falando das outras duas. ADIAR JULGAMENTOS. Significa estar aberto às mudanças, experimentar o novo, vivenciar e aprender como o novo ou o desconhecido. Todos nós, desde muito pequenos somos educados para julgar muito rápido e crescemos sendo orientados para seguir os exemplos que nos ensinaram que são os modelos certos a seguir e como resultado disso muitas vezes carregamos velhos e até mesmo conceitos ultrapassados por toda a nossa vida. Quem não aprendeu ainda enquanto criança que: “É perigoso falar com estranhos?” ou “Que um estranho pode ser um “papa figo” que poderá nos levar mundo afora!” Essas regras básicas são imbuídas em nossa mente por nossos pais, avós, pais, tios, tias, professores e amigos de infância ou da adolescência. Assim sendo vamos crescendo, mas continuamos com essas crenças povoando as nossas lembranças. Como o nosso processo educacional privilegia o desenvolvimento do lado esquerdo do cérebro (lógico), toda vez estamos em contato com alguma coisa que não conhecemos ou que é novo, imediatamente procuramos na nossa mente situações, fatos ou pessoas similares que possam servir de comparação e logo em seguida julgamos, avaliamos e escolhemos. Quantas e quantas vezes conhecemos uma pessoa e não gostamos dela no primeiro momento, e volta e meia, sem ter um motivo lógico explicamos aos nossos amigos que não gostamos daquela pessoa porque o nosso “anjo da guarda” nos sinalizou que era uma pessoa “perigosa” ou que o “nosso santo não bateu com o dela”. E, depois de algum tempo quando temos a oportunidade de conhecer melhor essa pessoa e constatamos que ela não era nada daquilo que pensávamos, reformulamos nosso julgamento. Quando isso acontece, para compensar geralmente dizemos à pessoa: “Sabe Fulano, não sei porque quando eu lhe conheci não gostei de você, e agora estou vendo que você é uma pessoa tão legal…” Adiar julgamento é um atitudinal muito importante para todo indivíduo que quer ou precisa trabalhar com processo criativo, ou melhor dizendo para todo e qualquer indivíduo que quer exercer a sua cidadania. Temos por hábito confiar muito nos julgamentos dos outros e muitas vezes adotamos o julgamento de terceiros como se fossem verdadeiros. É muito comum nas empresas quando chega um novo colega as pessoas ligarem para conhecidos e pedir a “ficha” da nova pessoa e o que iremos receber como informação? Na maioria das vezes um carimbo que poderá ser verdadeiro ou não. Assim sendo, recebemos esse carimbo e passamos essa informação para os nossos colegas de trabalho como se fosse a maior das verdades. Lembro muito bem de um exemplo que aconteceu comigo há alguns anos atrás. A FBC foi contratada para um trabalho de consultoria com um grupo de executivos no sul do país, e quando chegamos na empresa recebi uma lista dos participantes com as “características” de cada um elaborada pela equipe de RH dessa empresa. Ao receber o envelope e ao ser informado do que ele continha imediatamente o devolvi à pessoa que me entregou dizendo que não queria aquela informação, pois ela não iria ajudar no meu trabalho e, além disso, eu poderia formular um conceito errado sobre as pessoas o que não seria interessante para o nosso tipo trabalho. O meu interlocutor ficou espantado e disse: “Puxa, Fernando, nós pensávamos que iria lhe ajudar! Ficamos uma tarde inteira fazendo essa classificação.” Então foi quando expliquei que aquele era um julgamento feito por eles, que poderia ser verdadeiro, mas também poderia não ser e que nesse caso preferiria trabalhar com a equipe sem essa informação preliminar. Nunca comparei a informação, mas trabalhamos com uma equipe fantástica que nos deu muita alegria e prazer. Recentemente fizemos uma pesquisa sobre as atitudes que foram trabalhadas em um determinado projeto que desenvolvemos em uma empresa há alguns anos. Para a minha alegria na pesquisa os participantes nos informaram que antes de passar pelo projeto apenas 8% se preocupavam com a questão de adiar julgamentos e que depois de passarem pelo programa 76% afirmam que suas relações com os outros melhoraram e também aprenderam a enfrentar desafios porque começaram a adiar os seus julgamentos. PRONTIDÃO PARA AGIR. Como o próprio nome indica trata-se do atitudinal de estar pronto, de estar atento ao que está acontecendo à sua volta, de prestar atenção aos mínimos detalhes e procurar sempre transformar problemas em oportunidades. Recentemente um grande amigo me telefonou dizendo que havia sido convidado para ocupar um elevado cargo executivo. Conversamos bastante sobre o assunto e ele estava muito empolgado, pois aquele convite iria transformar a sua vida profissional, segundo ele. Ele estava muito feliz e honrado com o convite e eu fiquei muito feliz por vê-lo progredir. Já estávamos no final do nosso bate papo quando ele me disse: “Amanhã vou dar a resposta!” Então eu retruquei: “Mas esse se convite é realmente importante para você. Por que você não deu a resposta na hora? Você não disse que era para dar uma resposta urgente?” Então ele me respondeu: “Ah, mas eu quis fazer um charme e não respondi na hora”.Como eu conhecia também quem estava lhe fazendo o convite eu disse: “Caro amigo, você perdeu o bonde… Amanhã tem outro no seu lugar…” Ele me disse: “Tenho certeza de que não”.Então eu retruquei: “Dificilmente essa pessoa não teria pensado também outra para convidar além de você. Sinto muito, mas você perdeu o lugar”. , Ele me respondeu vitorioso: “Você vai ver se o lugar não é meu!”. No outro dia no fim da tarde ele me ligou e disse: “Seu bruxo, eu devia ter ligado para você antes. Você estava certo, quando liguei ouvi que o lugar havia sido ocupado porque ele acredita que se eu não respondi na hora era porque o convite não me encantou e por esse motivo o convite foi feito à outra pessoa que aceitou de pronto”. Acredito ser esse o mais puro exemplo dessa atitudinal do “Prontidão para agir”. Sempre falo às pessoas que na maioria das vezes não dá para pensar muito nas oportunidades encantadoras que se apresentam na nossa vida. É por isso mesmo que elas são chamadas de oportunidades e saber enfrentá-las é uma das grandes sabedorias da vida. Volta e meia podem dar errado, mas na maioria das vezes permitem que demos saltos de aprendizagem fantásticos às nossas vidas. É pegar ou largar…É tudo uma questão de: 1 – Ter confiança em si mesmo; 2 – Adiar julgamentos e 3 – Estar de prontidão para agir. * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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