AVE SEIXAS DÓRIA, 92 ANOS
E outros sobreviventes
A dinâmica da vida social arquiva, nas páginas da história, as biografias do vultos influentes, que marcaram Sergipe com suas contribuições. Discreto, como sempre o foi, Arnaldo Rollemberg Garcez completou, em 19 de janeiro de 1911, 98 anos. Não saiu do Camaçari, em Itaporanga, onde vive, nem fez festa, apenas recebeu alguns amigos, como sempre o faz, tanto os conterrâneos mais próximos, como admiradores de várias partes, que recordam sua participação na vida pública, como Deputado Estadual Constituinte em 1935, como Governador, entre 1951-1955, como Deputado Federal, e como Prefeito de sua terra Itaporanga, em dois mandatos. Seixas Dórea
Ligado ao PSD, Prefeito de Simão Dias, Vice governador em 1962, assumindo o Governo por força da deposição de Seixas Dória, pelos militares de 1964, Deputado Federal, Sebastião Celso de Carvalho completou 86 anos em 24 de janeiro último. Recebeu amigos na Fazenda Mercador, em Simão Dias, e no apartamento do Edifício Atalaia, na avenida Ivo do Prado, em Aracaju. Mesmo sendo o mais novo do grupo dos governadores da UDN-PSD, Celso de Carvalho andou com a saúde abalada.
Lourival Baptista, nascido em Entre Rios, na Bahia, em 3 de outubro de 1915, vive em Brasília, com a família, depois de cumprir um extenso currículo político em Sergipe, onde chegou, convidado por Augusto Franco, para ser médico na Fábrica de Tecidos São Gonçalo, em São Cristóvão. Augusto Franco e Lourival Baptista foram contemporâneos no Colégio Antonio Vieira, dos jesuítas, em Salvador, e na Faculdade de Medicina da Bahia. A velha amizade não impediu a disputa acirrada de alguns mandatos, o confronto entre os dois, mais tarde reconciliados. Lourival Baptista foi Prefeito de São Cristóvão, Deputado Estadual Constituinte em 1947, Deputado Federal, Governador, indireto, do Estado, de 1967 a 1970, Senador, indireto e pelo voto popular, construindo uma ampla carreira na vida pública sergipana.
João de Seixas Dória nasceu em Propriá, em 23 de fevereiro de 1917. Completa 92 anos segunda feira, recolhido ao convívio familiar, liderado por D. Meire Mesquita, sua fidelíssima companheira, em todas as causas e situações. Convalesce, ainda, de um problema circulatório que o afastou dos eventos, das reuniões da Academia Sergipana de Letras, dos contatos com a Fundação Oviêdo Teixeira e das viagens ao Rio de Janeiro e a Brasília, para rever amigos, como José Sarney, mais uma vez no topo da vida pública, como Presidente do Senado Federal
Seixas Dória começou a colecionar mandatos em 1947, quando foi eleito, pela legenda da UDN, Deputado Estadual Constituinte. Foi líder do seu partido, na Assembléia ordinária que se seguiu a promulgação da Constituição, e reeleito Deputado, em 1950, quando mais uma vez liderou seus pares udenistas. Sua projeção na Assembléia e sua participação jornalística, no Correio de Aracaju respondem pelo sucesso nas urnas, em 1954, elegendo-se Deputado Federal. Depois de destacar-se pela oratória vibrante e pelo teor dos seus discursos, foi reeleito para a Câmara Federal, passando a integrar a Frente Parlamentar Nacionalista. O nome e a imagem de Seixas Dória correu o País, nas praças públicas e nas universidades sua voz agitou a Nação, como jamais se ouviu, em defesa das riquezas nacionais, dos interesses públicos, da moralidade administrativa. Um gigante, com a armadura da coragem, fustigando os trustes, os aventureiros, os entreguistas, os vassalos dos interesses internacionais.
Contando com o prestígio junto ao Presidente Jânio Quadros, que ajudou a eleger, e com o Presidente João Goulart, que ajudou a assumir, depois da renúncia de Jânio, Seixas Dória abriu uma dissidência na UDN de Sergipe, juntou-se ao PTB de José Conrado de Araújo, ao PSB de Orlando Dantas e aos coligados do PSD-PR e ofereceu-se aos eleitores, conquistando o Governo do Estado. Sua imagem nacional exigia sua presença em Brasília e nas grandes cidades brasileiras, alçando sua voz em defesa das Reformas de Base que João Goulart anunciava para o Brasil. Estava fora de Sergipe quando os militares depuseram João Goulart. Chegou em Aracaju na tarde de 1º de abril, lançou Manifesto de resistência ao golpe, foi deposto e preso na madrugada de 2 de abril de 1964, levado para o QG militar de Salvador, depois para o presídio da ilha de Fernando de Noronha. Depois, teve seus direitos políticos suspensos, por 10 anos, mas teve ainda fôlego para candidatar-se a Deputado Federal, obtendo a 1ª suplência, que lhe permitiu assumir e retomar o discurso nacionalista. Candidatou-se ao Senado, em 1986, era o preferido dos sergipanos, segundo o IBOPE, mas nos últimos dias teve a candidatura esvaziada.
Jornalista, intelectual, membro da Academia Sergipana de Letras, Seixas Dória é uma legenda viva, que os sergipanos devem saudar com respeito e admiração, aplaudindo sua biografia de cidadão e de homem público.