Baixo São Francisco – Lavadeiras resguardam tradições

O ofício de lavar roupa à beira do rio ainda é resguardado por centenas de senhoras na região ribeirinha do Baixo São Francisco. Elas acordam cedo, com o raiar do “sol do Chico”, pega o sabão negociado com a patroa e parte com as trouxas de roupa na cabeça para a beira do rio. Juntos com elas se mantêm a tradição de “bater a roupa” na pedra e deixá-la para quarar. O colorido das roupas na pedra quarando ao sol quente é um cenário de encher os olhos a beira das águas esverdeadas do Velho Chico. A paisagem é emoldurada por crianças que brincam na água e embarcações centenárias.

 

A maioria das lavadeiras do Velho Chico, como Dona Suzana, Lindinava, Maria e Laudicéia lembram as seculares avós lavadeiras cantando modas enquanto lavavam as roupas e cuidavam dos filhos mais novos. As antigas avós lavadeiras passavam pelas ruas da cidade carregando o filho menor no colo, vestidas com saias de retalhos coloridos equilibrando pesadas trouxas de roupas na cabeça. As lavadeiras da atualidade têm pouco haver com as antigas. Elas já não equilibram mais as pesadas trouxas na cabeça preferem o carrinho de mão e não cantam os lamentos da profissão. Hoje musicalizam sucessos tocados pelas rádios FM’s.

 

Para minimizar a perda dos cânticos, o “bater da roupa na pedra” continua o mesmo. Em Propriá, distante 99 km de Aracaju, já na divisa entre os estados de Sergipe e Alagoas, as lavadeiras ainda mantêm a tradição de bater a roupa nas pedras para retirar o excesso do sabão, da água e da sujeira. Depois da lavagem primitiva é hora de espalhar as roupas na beira do rio. O colorido das roupas espalhadas ainda desenha uma paisagem resguardada no imaginário de folcloristas, sociólogos, e pesquisadores dos ribeirinhos.

 

Embaladas pelas cantigas das FM’s, elas esquecem por instantes o árduo oficio. As ladainhas entoadas pelas lavadeiras de antigamente ficaram nos livros. Agora as canções sertanejas, de axé, arrocha e brega ganham voz na boca dessas ribeirinhas, geralmente de pele queimada do sol, rosto enrugado pela dura realidade da vida e mãos calejadas pelo árduo trabalho de “bater” a roupa na pedra.

 

Na cidade de Brejo Grande lavanderias são improvisadas dentro do rio. Elas não batem as roupas nas pedras à beira rio como fazem em Propriá, porém com um tacho e improvisadas cadeiras realizam a lavagem sem tanquinho.

 

Máquina de lavar nem cogita em ser um utensílio comum na casa dessas senhoras, o que mostra que a tecnologia, nesse sentido, não é para todos. Amaciantes, clareadores de roupa com bolinhas bioativas, sabão com dupla ação e perfumados são artigos de luxo. O segredo para ter roupas sempre branquinhas é secar ao sol e muita água. Um, dois, três enxágües. Pronto para quarar.

 

Muitas lavadeiras do Baixo São Francisco escolheram, a contragosto, lavar roupa como profissão. O estudo ficou para traz e o sustento da família é uma realidade. Então a “roupa de ganho” é a solução, ou seja, roupa de ganho é quando se cobra pelo trabalho.

 

R$ 30 a R$ 40 por semana é a promessa de continuar mantendo a tradição das lavadeiras e também quanto se ganha para sustentar a família. A trouxa é R$ 15, a depender do tamanho, e a dúzia é R$ 2. Feriado, domingo e dia santo, basta fazer sol que elas estão lá colorindo à beira rio.

 

Nos tempos das avós, lavar roupa à beira rio era sinônimo de encontrar amigas, cantarolar e dia de lazer. Hoje as lavadeiras mantêm o colorido das roupas à beira rio, com a presença das cantigas de FM’s, sem amaciantes e clareadores, mas com o tradicional bater das roupas na pedra.

 

Dicas de viagem

 

Conhecer a região do Baixo São Francisco é uma boa pedida. Há belas cidades na divisa dos estados de Sergipe e Alagoas, como Propriá (SE), Penedo (AL) e na Foz do São Francisco – Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE).

 

Além de observar as tradicionais lavadeiras, contemple o cotidiano dos ribeirinhos e as tradicionais embarcações do Velho Chico.

 

Ilha do Ouro, em Porto da Folha (SE) e Gararu (SE), também são boas pedidas para apreciar as tradições;

 

Pode-se hospedar no Hotel do Velho Chico, em Propriá. O hotel é considerado confortável, porém necessita de maiores cuidados. A vista panorâmica, a localização estratégica e o contato com a natureza compensam. Informações: (79) 3322 4394 ou (79) 3322 1734

 

Há passeios de um dia para a região de Propriá e da Foz do São Francisco. Consulte sua agência de viagem.

 

 

 

Na bagagem

 

O primeiro resort só para crianças do Brasil fica em Tatuí (SP). Com inúmeros roteiros que exploram a fantasia e o imaginário, Sítio do Coração Resort é o local preferido pra quem gosta de entretenimento educativo;

 

É hora de conhecer os Lençóis Maranhenses. Dois meses de chuva fez com que a região encha as lagoas em meio às dunas de areia, provocando um belo espetáculo natural;

 

Cientistas anunciaram no dia 19 de março a descoberta de quatro novas espécies no Peru: uma de planta e três de animais. Entre as novidades, três espécies são comprovadamente novas para a ciência — uma planta, dois besouros e um rato;

 

A empresa TAM aumentou em 10% os vôos domésticos nos meses de janeiro e fevereiro de 2009 se comparado ao mesmo período de 2008. Em contrapartida, diminuiu 25% a procura por vôos internacionais;

 

Bons ventos sopram para o turismo nacional. Em 2009 já se fala no aumento de 25% em locações de automóveis e 40% a mais de passageiros em cruzeiros.

 

 

 

Passaporte

 

Madrid à pé – 1º parte

 

Há várias maneiras de se conhecer Madrid, porém, como os principais pontos turísticos ficam na região denominada de Madrid antiga e o sistema de metrô é bastante moderno, a dica é caminhar pelas ruas milenares da cidade que não pára.

O ponto de partida é a Estação Príncipe Pio, uma antiga estação de trem reformada, onde hoje funciona um shopping moderno e uma plataforma de metrô. Há vários hotéis no Passeo de la Florida, avenida onde fica a Estação. Estamos no centro da capital, considerada a Madrid antiga.

 

Do Passeo de la Florida é seguir no sentido direito, por uma avenida enladeirada denominada Cuesta de San Vicente. A região é bastante arborizada possui diversos jardins e parques. A sua direita fica os Jardines Del Palacio Real e o Campo Del Moro. Entrar é uma pedida, pois caminhando pelos belos jardins chega-se ao Palacio Real, um dos principais pontos turísticos da capital espanhola.

 

A sua frente fica a Catedral de la Almudena, ou Catedral de Madrid. Vale à pena visitar, mas não se assuste quanto a modernidade da igreja. A catedral foi inaugurada em 1993, pelo papa João Paulo II, mas começou sua construção em 1879. Também fica nessa região a Plaza de Oriente, o Teatro Real e a Muralha Árabe. É bastante fácil caminhar pela cidade devido à proximidade das atrações e a boa sinalização. Até a próxima caminhada.

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