Para se ter uma ideia do tamanho da idolatria ao peão de boiadeiro, Barretos começou a ganhar fama de sertaneja nas décadas de 40 e 50, quando já realizava feiras de gados e encontros de peão que passavam pela cidade em “comitiva” vindo de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso em direção aos frigoríficos, porém, foi em 1955 que realizou a primeira Festa do Peão da América Latina, projetando a Barretos como o berço do rodeio brasileiro, porém é no Parque do Peão que “esportista do campo” é o principal reverenciado. Inaugurado em 1985 e projetado por Oscar Niemeyer, o Parque acomoda 35 mil pessoas sentadas na arena, ou seja, é uma boa pedida para quem quer conhececer o estilo country de Barretos, independente do período de festas.

As atrações principais do parque são os Ranchos Típicos, o Ponto de Pouso, o Berrantão e os ranchos Memorial e do Peãozinho, além da arena. Os Ranchos Típicos são propriedades particulares instaladas dentro do Parque, que apresentam projetos arquitetônicos originais e que reproduzem características de construções da região barretense. O Ponto de Pouso reproduz o ambiente usado pelos peões para o descanso e pernoite, com construções rústicas que recriam o clima sertanejo. No Ponto de Pouso da comitiva é servido o almoço, tendo como cardápio a “Queima do Alho”, culinária típica boiadeira.

O Rancho do Peãozinho é especialmente construído para a garotada, que mostra a cultura e o folclore sertanejo. É nesse espaço que acontecem atividades voltadas às crianças, tais como: oficinas de arte com pintura, desenho, artesanato e teatro. Dentro do Rancho do Peãozinho funciona também um projeto desenvolvido pela Unesp, onde os pequenos podem ver e tocar os animais da fazenda, como vaca, cavalo, pônei e carneiro, além de acompanhar toda a rotina. No ano de 2002 o Rancho do Peãozinho ganhou a atração de animais silvestres em habitat que simulam sua própria morada.

Se o Parque do Peão é um dos locais mais visitandos da cidade no período de festa ou não, não se pode deixar de falar sobre a Festa de Peão de Boiadeiro, que este ano entra na 54º edição e é hoje a maior, mais estruturada e mais inovadora do país, consistindo num rodeio de touros e cavalos, em estilo americano. A cerimônia oficial da Festa é um momento único, carregada de folclore, religiosidade e agradecimentos a Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Brasil.

Gente bonita, boa infraestrura e milhões de reais em premiações atraem cowboys de todo o país, também por sua vasta programação festiva. Este ano acontece no período de 20 a 30 de agosto, coincidindo com o aniversário da cidade, dia 25 do mesmo mês. Este ano a produção inovou e pela primeira vez na história, Barretos será palco da Copa do Mundo de Rodeio. O evento contará com a participação de cinco equipes (Brasil, Estados Unidos, Canadá, México e Austrália). As maiores potencias do esporte no mundo virão ao Brasil para tentar levar para casa um prêmio de U$ 100.000,00 (cem mil dólares), cerca de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), além do título de Melhor equipe do Mundo.

Como parte da programação da festa, a Queima do Alho mantém a tradição. Trata-se de um concurso culinário em que o vencedor é o cozinheiro que prepara a melhor refeição à moda dos tropeiros, no menor espaço de tempo. O prato é composto de arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne e churrasco. A comida é feita em fogão improvisado, bem próximo ao chão. O concurso é realizado sempre no segundo sábado da Festa, apenas para convidados e imprensa.

A catira também faz parte do folclore da Festa. Tipicamente brasileira, a catira tem suas raízes em Goiás, norte de Minas e interior de São Paulo. A coreografia é executada em sua maioria por homens – lavradores, boiadeiros e comerciários – e é formada por seis a dez componentes, mais uma dupla de violeiros, que tocam e cantam a moda. Durante a dança, os violeiros ficam frente a frente. Os demais participantes executam a coreografia em que realçam o bate-pé e o palmeado.

Em festa de peão que se preza não pode faltar o berrante, um instrumento feito de chifre de boi e detalhes em couro utilizado para aboiar, avisar a hora do almoço, toque de recolher, toque de perigo e orientar o sinueiro (boi que comanda a boiada). Hoje, embora nem tanto utilizado para esta finalidade, em Barretos acontece o concurso de berrante. Quem conseguir tirar um belo som é eleito o melhor berranteiro do país. O concurso é realizo no mesmo dia da Queima do Alho.

Tão importante quanto o concursos culinário e de berrantes, a Violeira Rose Abrão é um incentivo aos violeiros anônimos que se apresentam em diversos locais da Festa do Peão de Boiadeiro. A Violeira surgiu há 19 anos e hoje é considerado um dos principais festivais de Moda de Viola do país. Mas Barretos não vive somente da Festa de Peão. O “Projeto Country” vem ao encontro da máxima de que a cidade é a mais sertaneja do país e confirma a posição de pólo turístico da região, não só em época de rodeio. São várias festas e atividades rurais, como feiras de agronegócios, cursos e palestras, que atrai visitantes durante todo o ano.

O cenário é perfeito também para quem quer curtir um fim de semana típico do interior com badalação de cidade grande. Destacam-se na cidade, o marco histórico e geográfico, o museu artístico e cultural Ruy Menezes, a catedral do Divino Espírito Santos, Recinto Paulo Lima, a Região dos Lagos, a estação cultural e o Memorial do Peão. Está na hora de arrumar as malas e seguir viagem para o Brasil sertanejo.

Curiosidade

O Rodeio foi reconhecido como um esporte competitivo durante as primeiras décadas do século XX.Os campeonatos em Boston e na cidade de New York foram os primeiros do gênero e atraíram atenção em âmbito nacional para o novo esporte.Em 1869, a cidade de Colorado sediou a primeira prova de montarias em sela, no Deer Trail. Ranchos e fazendas, em ambientes parecidos com filmes de faroeste, serviam de cenários para provas espontâneas. Comum a todos os vaqueiros, tais “diversões” testavam habilidades típicas que testam a montaria e o laço. Entre 1890 e 1910, o rodeio surgiu como entretenimento público em vários eventos do Oeste dos EUA.

A história da criação da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos começou com o nascimento do Clube “Os Independentes” no dia 15 de julho de 1955, em conversa descontraída num bar. Vários rapazes da sociedade barretense resolveram então, fundar uma agremiação, logo batizada de “Os Independentes”, pois seus sócios deveriam ser solteiros e financeiramente auto-suficientes.

A questão civil atualmente não é exigida, e os integrantes não são mais excluídos quando se casam, mas a auto-suficiência permanece nos estatutos. Hoje faz parte do cenário mundial de festas do gênero e parte do Circuito Internacional de Rodeios.

Como chegar

Se for por via área, não há vôos diretos de Aracaju para o interior paulista. Partindo de São Paulo para a região, os principais aeroportos são os de São José do Rio Preto (96 km) e Ribeirão Preto (117 km). Se preferir chegar por via terrestre, Barretos é unida por duas rodovias estaduais: