Vista panorâmica da cidade do Cerro Monsserate. Um dos melhores passeios de Bogotá |
Em tempos de assinatura de acordo histórico de paz entre o Governo da Colômbia e as Farc, o Tô no Mundo traz um passeio turístico pela capital dos colombianos.
Por muito tempo Bogotá historiava um passado de tráfico de drogas e violência, e poucos queriam conhecê-la. A realidade vem se transformando e a cidade, outrora violenta, conseguiu reverter um legado negativo, transformando-se numa agradável surpresa.
Não é por acaso que a fama do crescimento econômico e mudança para melhor de Bogotá tem ultrapassado fronteiras. O centro histórico da Candelária, o Cerro Monserrate, o polo gastronômico de Usaquén, Zona T e Zona G, os diversos museus e a Catedral de Sal, em Zipaquirá, na povoação do Departamento de Cundinamarca, além da boa gastronomia e da hospitalidade de seu povo, têm ganhado os corações dos turistas brasileiros.
Candelária é o bairro do Centro Histórico. Ao fundo, Cordilheira dos Andes |
O Tô no Mundo traz dicas para aproveitá-la em dois dias. Mas já avisando: a cidade tem muito a oferecer.
O aeroporto internacional El Dourado é a porta principal de chegada à Bogotá. É considerado o primeiro aeroporto em movimento de cargas da América Latina e talvez por isso o transporte de passageiros não seja uma marca da boa qualidade no serviço. Mas nada que desanime chegar até a cidade, que dista dele cerca de 15km. Taxistas ou micro-ônibus estão disponíveis logo no desembarque. A dica é preferir o transporte oficial em carros brancos. O custo é bem acessível para os brasileiros.
Chivas são ônibus para transporte público |
A primeira impressão é de um trânsito caótico e pouco planejado. E isso se confirma durante a estadia na cidade. Aos poucos, o turista vai ganhando uma outra impressão de Bogotá: uma cidade hospitaleira e em crescente pujança econômica e desenvolvimento turístico.
Catedral Primada de Bogotá na Praça Bolivar |
Prédios de tijolinhos aparentes como em Londres ganham vez na paisagem. Restaurantes por todos os lados, mesmo que ainda na periferia do Distrito Capital de Bogotá (Bogotá DC), o que demostra que a cidade realmente é condicionada “a boa mesa”.
O friozinho devido à alta altitude (2.640 metros acima do nível do mar) toma conta do espaço. A capital fica em uma savana circundada pela Cordilheira dos Andes Oriental. É a 4ª mais populosa cidade da América do Sul, superada somente por São Paulo, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Sua altitude a coloca como a 3ª capital de maior altitude do mundo, atrás apenas de La Paz, na Bolívia, e de Quito, capital do Equador.
Cerro Monsserate |
É notório através de um giro panorâmico que a cidade passa por uma estruturação e melhoria econômica, com construção de prédios modernos e pujante presença de turistas. A alegria do bogotanos é uma atração à parte.
Em dois dias de visita o turista terá que priorizar os principais atrativos, como a visita aos Museus Botero e do Ouro, a subida até o Cerro Monserrate, flanar vendo os prédios históricos da Candelária e retirar um tempinho para conhecer a famosa e exuberante Catedral de Sal, construída no interior de minas de sal de Zipaquirá, a poucos 49km de distância de Bogotá.
Catedral de Sal em Zipaquirá |
O centro histórico denominado de Candelária é onde se concentram os principais prédios públicos, igrejas e museus. A Praça de Bolivar pode servir de ponto de referência. Não deixe de ver a Catedral Primada e os prédios públicos vizinhos a ela, como os palácios da Justiça e do Governo.
Catedral de Sal |
Em uma rua transversal ficam o Museu Botero e a Igreja da Candelária. Bem pertinho do museu está o Centro Cultural Gabriel Garcia Marques e a Casa da Moeda. Em cada esquina, o centro lhe proporciona lojas das famosas esmeradas colombianas, além de pedras preciosas e bijuterias com design da arte pré-colombiana.
A cada rua do bairro Candelária você terá uma surpresa nas fachadas dos prédios em bom estado de conservação. Pertinho dali também fica o Teatro Cólon e mais a frente o santuário de Nossa Senhora do Carmo, uma arte salesiana construída em vermelho e branco, além de vários outros prédios de imponentes fachadas históricas.
Praça Bolivar é o ponto central dos passeios ao Centro Histórico |
Não deixe de visitar também o Museu do Ouro, no outro extremo da praça seguindo um calçadão comercial.
Caso queira almoçar no local, o restaurante do próprio Museu Botero serve bons pratos. O pescado é uma boa pedida. Mas se preferir conhecer a gastronomia bogotana, entre em um dos tradicionais restaurantes regionais que passeiam pela culinária com pratos à base do abacate e do milho, como o tradicional prato típico Ajiaco Santafereño, um caldo de batata com guascas (erva colombiana), milho cozido, frango, abacate, creme de leite e alcaparras servidos à parte.
Lhamas e detalhes do Centro Histórico |
Caso queira um gosto mais exótico, no centro há vendedores de formigas assadas. Isso mesmo! Parecidas com as tanajuras brasileiras. Acompanhe o vai e vem dos turistas e o assedio dos vendedores na praça, que vendem milho para os pombos, fotos com lhamas, chapéus, “joias”, entre vários outros objetos.
Descanse observando as lojas de esmeraldas no centro. O ouro também é bem tradicionais na Colômbia.
Fora do centro histórico – No segundo dia, não deixe de conhecer um pouquinho das famosas Zona T, Zona G e redondeza do Parque 93. São nessas áreas onde ficam restaurantes internacionais e centros comerciais.
Museu Botero na Candelária |
Em Usaquén ficam os hotéis mais executivos. No domingo, a praça do bairro recebe uma feira de antiguidade. Também fica ao redor desta praça a igreja de Santa Barbara, e nas ruas paralelas, um polo gastronômico e etílico onde a noite adentra a madrugada até altas horas.
A dica é reservar um turno do dia para fazer a denominada maravilha do mundo moderno da Colômbia: a Catedral de Sal. Realmente é única. Construída no interior das minas de sal de Zipaquirá, na Savana de Bogotá, o santuário católico faz memória à Via Crucis de Jesus Cristo e é considerada de valor patrimonial, cultural, religioso e ambiental dos colombianos.
Museu Botero na Candelária |
A catedral subterrânea faz parte do complexo cultural Parque do Sal, espaço temático dedicado à mineração, à geologia e aos recursos naturais. O visitante percorrer túneis multicores com pequenas capelas até chegar a catedral a 180 metros abaixo do solo.
De volta a Bogotá, peça para o transporte lhe deixar na estação do teleférico do Cerro Monserrate. A subida é íngreme onde se tem uma vista panorâmica da cidade e da Cordilheira dos Andes. O passeio é imperdível.
Usaquén visto do terraço do Hotel Tryp |
Dicas de viagem
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O peso colombiano é a moeda local. 1 Real Brasileiro = 890,58 Pesos Colombianos em 16/9/2016. A dica é levar real e cambiar lá mesmo, mas deixe para trocar em casas oficiais no centro da cidade, pois há registros de grande circulação de notas falsas. Nas casas de cambio do centro, o funcionário carimba as notas para especificar que não é falsa. As taxas praticadas nos câmbios do aeroporto são mais altas que no centro da cidade.
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santuário do Carmo é uma obra dos salesianos O trânsito é complicado e engarrafado na cidade. Exige-se um teste de paciência para chegar a alguns locais da cidade, afastados do centro histórico.
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O serviço de taxi de Bogotá é uma boa opção. Os taxis amarelos são oficiais, tanto quanto os taxis brancos. A diferença é que os táxis brancos são exclusivos para turistas e executivos e não podem parar em qualquer lugar da cidade. Os táxis amarelos são mais em conta e param em qualquer chamada. Não difere muito do preço.
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Parque de Sal em Ziquipará, na Grande Bogotá Vale a pena ir a Catedral de Sal. O preço varia de transporte e quantidade de passageiros. Um transporte para quatro pessoas varia em torno de 220 mil pesos colombianos. Faça um roteiro que permita uma hora para ida, uma hora para volta e mais duas para conhecer com tranquilidade o templo.
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Na cidade de Zipaquirá, onde fica o Parque de Sal, há um centro histórico e a cidade é bem charmosa. Também há ônibus ligando o centro da cidade à Bogotá, mas não é recomendado para quem tem pouco tempo.
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Arepas servidas no café da manhã Os famosos Chivas são ônibus tradicionais em diversas cidades da Colômbia. São ônibus antigos, sempre cheios, que fazem as linhas diárias da cidade.
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Tome cuidado com pertences ao caminhar pelo centro antigo da cidade. Não é demais precaver-se em qualquer cidade.
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Caso não queira comprar com ambulantes, não receba nenhum objeto entregue por eles. O assédio para compra é grande, principalmente, na praça central do bairro Candelária.
Arequipe com doce de mora – Doce de leite com amoras |
Ajiaco – Prato bem tradicional a base de caldo de batata, frango, milho e abacate |
Gastroterapia
A gastronomia colombiana por si só já valeria um post. Sem sombra de dúvida o ajiaco é o prato típico colombiano e pode ser degustado em qualquer restaurante da cidade. O prato é um caldo de batata com milho inteiro, frango (desfiado ou não), servido com abacate, alcaparras e creme de leite.
Os patacones, pedacinhos fritos de banana da terra crocantes, são sempre servidos como acompanhamento de vários pratos. Essa é à base do patacón, típico e simples prato colombiano, que pode ser servido puro ou com patês de frango, guacamole, vinagrete, no café, almoço e jantar.
Os pantacones são chips de banana da terra |
Ajiaco acompanhado de suco de lulo |
As arepas são presença certa no café da manhã e costuma ser servidas como acompanhamento. Feito a partir da farinha de milho, a arepa tem formato circular e é achatada. A farinha é misturada com água, e sal, e às vezes é acrescentado leite e/ou ovos. Então a massa é feita em pequenas bolas e achatadas. Ela é consumida normalmente com queijo, manteiga ou outro alimento.
A changua é uma sopa servida no café da manhã à base de leite e ovo, com ervas, principalmente coentro.
Changua servida no café da manhã |
Não titubei em pedir o arequipe, doce de leite colombiano, ou os doces regionais, a exemplo do de mora (amora) ou tamarillo (tamarindo).
O oblea, talvez o mais vendido doce colombiano, é um sanduiche composto por dois biscoitos gigantes e finíssimos com recheios variados que podem ir do tradicional doce de leite (arequipe) até chips de chocolate, coco ralado, queijo e geleia de frutas. Esses são vendidos em qualquer esquina do centro histórico.
Fotos: Silvio Oliveira
Contato: silviooliveira@infonet.com.br
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