Bons exemplos

 

  A política sempre foi um ambiente não muito saudável, onde embora transite pessoa de bem e cidadãos honestos, é um ambiente freqüentado na sua maioria por pessoas dispostas a fazer o jogo sujo, a praticar a traição, a não cumprir a palavra, a não honrar os compromissos assumidos em praça pública, a destratar aliados e perseguir adversários. E por conta desse comportamento existente no ambiente político, muitas pessoas se repugnam apenas ao ouvir o termo política, alguns chegam a imaginar que a política será sempre assim.

  Os dias atuais começam a mostrar que na política a mudança acontece de uma forma tão lenta que não consegue combater a incredulidade dos eleitores. Porém é preciso chamar a atenção para alguns comportamentos que começam a esboçar uma cinzenta claridade no final do túnel. Somente em Sergipe e nos preparativos para o pleito que se aproxima, alguns episódios causaram surpresa nos meios políticos e no seio da sociedade, principalmente dentro da parcela da população que se encontra mais envolvida com as questões eleitorais. Dentre eles pode-se citar três exemplos:

1- A posição de Benedito Figueiredo que na condição de presidente do PMDB, que embora respeitasse a necessidade que o deputado federal Jorge Alberto tinha em viabilizar a reeleição do seu mandato, não procurou em momento algum utilizar as conversações estabelecidas entre o parlamentar e o governador para trocar o seu posicionamento por vantagens ou benesses. Todas as vezes que Benedito concedia uma entrevista, o fazia de forma cautelosa, mas encontrava sempre um espaço necessário para deixar claro qual era o seu posicionamento e mostrava com todas as letras que ainda acalentava o sonho de presenciar a renovação política em Sergipe;

2 – A resistência de três experientes parlamentares que entre o apoio incondicional ao líder maior da agremiação partidária a qual eles pertencem e a manutenção da coerência perante o eleitor que o apoiou, eles escolheram a segunda opção sendo que dois deles aceitaram viabilizar as candidaturas numa coligação desconfortável, mas deixaram claro que não aceitam mudar o voto majoritário, já um deles não aceitando tal condição e desligou-se do partido. Foram Ulices Andrade, Jorge Araújo e Bosco Costa. Ou seja, acabou o tempo em que os candidatos proporcionais não poderiam discordar das decisões adotadas pelas cúpulas partidárias. Discordar publicamente porque internamente sempre houve essa discordância que permanecia abafada, mas que na maioria das vezes ela era expressada através dos candidatos que não possuindo força para peitar a cúpula, desistiam de suas candidaturas como forma de enfraquecer a legenda e logo após o pleito mudavam de sigla. Hoje alguns já peitam a cúpula, já discutem publicamente e não aceitam adotar um posicionamento que o seu eleitorado tenha dificuldade em compreender, até porque nos dias de hoje o eleitorado também já está adotando um novo comportamento. É ou não é uma pequena mudança?

3- O terceiro exemplo foi dado pelo senador Valadares (PSB) que estando aliado ao projeto de Marcelo Deda (PT) desde o início, onde abafou qualquer possibilidade de que a imprensa estimulasse uma possível candidatura dele para governador, ele teve que assistir calado a uma bem planejada e silenciosa estratégia estabelecida para retirar das suas mãos a indicação do candidato a vice-governador na chapa encabeçada pelo ex-prefeito Marcelo Deda (PT). Sendo que o anúncio da chapa majoritário foi adiado por três vezes numa demonstração de que na política as ingratidões e desconsiderações são praticadas na maioria das vezes com os aliados. Ou seja, o PT cambaleava a sua decisão entre um PSB que estava o tempo todo ao seu lado e o PMDB que 24 horas antes de definir a sua posição oficial não sabia ainda se ficaria com Deda ou com João. Mas  comportamento ressaltado nesse exemplo é exatamente o do senador que ao ser consultado sobre a possibilidade de abrir mão da indicação do vice, foi simplesmente taxativo:  “Não abro mão e não aceito mais discutir sobre esse assunto”. São comportamentos como esse que  leva  a acreditar que na política começam a surgir bons exemplos.

 

Contra fotos I

Um aliado do deputado federal Bosco Costa observou que a foto da convenção do PFL que foi publicada na primeira página do jornal “Correio de Sergipe” no último sábado revelou com clareza que Costa estava certíssimo em não aceitar participar de uma aliança cujo maior ingrediente seria o constrangimento. Ele destacou que na referida foto é visível que o deputado estadual Antonio Passos levanta o braço num simbolismo que representa “união” segurando a mão do ex-governador Albano Franco. Percebendo a indisposição do presidente da assembléia Legislativa de Sergipe, o suplente de deputado federal Ivan Paixão (PPS) que estava postado à sua direita também procurava encontrar a mão de Passos, que gesticulava como se quisesse dizer: “Sai pra lá cabra!”.

 

Contra fotos II

Já a foto publicada no “Jornal da Cidade”, mostrava que ao presenciar o cumprimento entre Albano Franco  e João Alves, o clima entre os presentes era de total apreensão. A expressão facial dos que foram alcançados pelas lentes do fotografo, transmitia a seguinte dúvida: “Será que o que eu estou vendo é mesmo verdade?”. Entre estas pessoas, o olhar indiferente da senadora Maria do Carmo.

 

 

PMDB/PT I

Das lideranças da oposição uma delas não compareceu a sede do PMDB quando Deda discursou no final da tarde da sexta-feira para os convencionais: Jackson Barreto, do PTB. Só para lembrar há poucos anos, Jackson e Benedito tiveram uma briga feia pelo comando do PMDB no Estado. Benedito venceu, mas Jackson o chamou de traidor e tudo mais. Parece que as arestas não foram quebradas…

 

PMDB/PT II

Um político foi decisivo nas conversações de bastidores para a conquista do PMDB para a coligação das oposições: o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB). Ele tinha o aval de Marcelo Deda para conversar com os peemedebistas por conta da experiência conquistada ao longo dos anos nos vários movimentos populares que participou. Discreto, como vem realizando o trabalho à frente da Prefeitura, Edvaldo participou de várias reuniões com Benedito Figueiredo e Jorge Alberto.

 

 

Chapéu de couro I

Ao final do 2° turno das eleições 2002, os aliados do então governador Albano Franco (PSDB) que votaram em Chico Rollemberg, na época PTN, para o governo estadual, foram na grande maioria esmagadora apoiar a candidatura de José Eduardo Dutra (PT), contra João Alves Filho (PFL). Entre eles,  Fabiano Oliveira, que  tinha sido eleito deputado estadual pelo PPS, depois de ter passado mais de 2 anos na Assembléia Legislativa, no lugar de Jorge Araújo, cuja coligação era o primeiro suplente.

 

Chapéu de Couro II

Questionado por um repórter em quem votaria para governador, Fabiano saiu com uma frase que ficou marcada: “Minha cabeça é muito grande e não cabe o chapéu de couro, que tem um formato pequeno”. Realmente o apelido carinhoso de Fabiano é “Cabeção”. Agora, indicado a candidato a vice de João Alves cabe uma pergunta: “Será que a cabeça de Fabiano diminuiu de tamanho, ou foi o chapéu de couro que cresceu e engordou?”.

 

PSC

E o candidato Marcelo Deda continua conversando com aliados do governador João Alves. Ele foi informado que tem um grupo descontente no PSC e já procurou os primeiros contatos. Do grupo fazem parte, entre outros, o candidato a deputado federal Zezinho Guimarães que está insatisfeito com as últimas declarações de José Carlos Machado contra uma aliança proporcional com o PSC.

 

 

Gato é um bicho I

Mais uma história da série “Na terra do rei Johnnie Player”, que relata os bastidores de campanhas eleitorais em Sergipe. Na sucessão estadual de 1986, o então governador João Alves Filho tinha que viajar à Brasília e antes firmou um acordo com os partidos aliados com Valadares para o governo do estado e Benedito Figueiredo, vice. Após conversas em Brasília com o aval de José Carlos Teixeira e Albano, ficou decidido que o candidato do acordão seria Chico Rollemberg.

 

Gato é um bicho II

Depois desta nova decisão, João Alves liga para uma autoridade do judiciário bastante influente naquele período na política sergipana. Jantando, a autoridade solta o garfo e diz ao governador num tom bastante ríspido e decisivo: “o homem é o homem, o gato é um bicho. Você deixou o acordo selado, cumpra sua palavra”. No outro dia João Alves voltou a Aracaju e anunciou oficialmente Valadares como candidato a governador, com o apoio, entre outros, de Jackson Barreto.

 

 

Apostas

As apostas eleitorais já começaram. Tem gente apostando alto que o deputado Mendonça Prado terá mais voto que Albano Franco para a Câmara dos Deputados. Com o acordão Albano perdeu os votos de Bosco Costa em Moita Bonita e região. Uma média de 10 mil votos. Além disso, outros tucanos já estão fazendo dobradinhas com candidatos do PT, PSB, PL e PTB. É o primeiro sintoma da síndrome de Jackson Barreto, quando o grande líder das esquerdas de então, perdeu a eleição para o Senado por conta de um acordão com Albano.

 

Frase do Dia

“O que teria levado Albano a sujeitar-se assim nessa posição vexatória, que poderá ser início da sua desgraça política que o povo indignado já antecipa?”, Luiz Eduardo Costa na coluna que escreve no Jornal do Dia aos domingos.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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