“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país. No curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein”. Oscar Niemeyer. Palácio do Catete, Rio de Janeiro, 1956. Juscelino Kubitschek comemora. O Congresso Nacional aprova o projeto de lei mencinando a construção de Brasília. Quatro anos depois, um feito histórico: Brasília estava pronta para desavença dos incrédulos e orgulho dos jucelinistas. Para uns, a novidade viria envolto de orgulho. O Brasil iria ser desbravado em seu interior e o cerrado passaria a ganhar mais vida. Para outros, Brasília somente serviria aos caprichos de JK e o Rio de Janeiro cairia no ostracismo. Hoje, ao completar 50 anos em 21 de abril de 2010, a Capital Federal continua não sendo unanimidade, mas é o centro do poder e começa a ser reduto de turistas ávidos por conferirem as obras de Niemeyer. Tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, cidade monumento, futurista, às vezes áspera, ao chegar à Brasília, o turista percebe que ela não é uma simples cidade. Amplos canteiros e largas avenidas dão as boas-vindas para quem chega de transporte aéreo. Próximo do aeroporto, o visitante se depara com um alinhavado de prédios baixos, sem cor, do mesmo padrão, enfrenta viadutos e boom… Na subida da avenida, depara-se com o Plano Piloto, típico cenário dos telejornais. Não tem como não lembrar, mas logo a mente se reporta a ele: Oscar Niemayer e suas obras cheias de curvas sinuosas, soltas, charmosas. É no Plano Piloto, em formato de avião, arquitetado por Lucio Costa e projetado por ele, que o turista tem a sensação de está em plena mostra das obras de Niemayer. Por todos os lados tem prédios públicos projetados por ele. Mas as curvas de suas obras ganham mais vida com o traçado das duas grandes vias, o Eixo Monumental (Leste e Oeste) e o Eixo Rodoviário (Norte e Sul), que se cruzam. No Monumental Leste estão os prédios-símbolos da cidade e são eles onde a sinuosidade de Niemayer está mais a vista: a catedral, a Esplanada dos Ministérios, o Palácio do Itamaraty e o Ministério da Justiça. Separando-os, fica o Congresso Nacional. Atrás dele, a Praça dos Três Poderes, com o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal. Na Explanada dos Ministérios concentram-se também o Museu Nacional (inaugurado em 2006) e a Biblioteca Pública, além do Teatro Nacional. No Oeste, ficam a torre de TV e o Memorial JK. A dica é percorrê-las sem nenhuma pressa, verificar com antecedências os horários de visitação e entrar, pois são as rampas, as escadas e as pontes de acesso que deixam ainda mais fascinantes as obras de Niemayer. É inegável que a amplidão arquitetônica do Plano Piloto valoriza ainda mais as curvas das obras. As grandes avenidas, os canteiros e os parques permitem ver de vários ângulos os monumentos e ao vê-los de relance, aparentam-se de forma marcante e simples, porém, não se engane, pois sobre esse simples olhar há um emaranhado de concreto armado, técnica que ainda não era utilizada na época e que estreou com larga escala no país com a construção de Brasília. A catedral com seus vitrais apresenta um rampa até o interior do templo, construída também com curvas que se encontram em sua base superior. A simetria das formas, os gramados e os pátios de concreto confirmam ainda mais a máxima de que a sinuosidade das obras de Niemeyer retrata um novo olhar para a arquitetura mundial. As cúpulas côncava e convexa do Congresso Nacional e suas duas torres de 28 andares representam bem essa arquitetura, arredondada, arrojada, mas simples de visualizar em vários ângulos. São as curvas do Alvorada , da rampa do Museu Nacional, do Palácio do Itamaraty e seus espelhos d’água que causam admiração nos turistas. O olhar mais detalhista ressalta um desenho quase que em terceira dimensão e a vista da passagem do Eixão (local onde as avenidas do Plano Piloto se encontram) provoca surpresa, mesmo que se tenha a sensação que ainda falta construir alguma coisa, principalmente calçadas e abrigos públicos, pois o sol de Brasília em determinadas épocas do ano é de rachar. A cidade possui poucas áreas verdes, o que faz da sensação térmica ainda mais intensa e o calor muito mais suscetível. Tem-se a sensação de falta de ar em determinados períodos do ano, devida a pouca umidade. Não é por menos que vários prédios públicos da capital possuem espelhos d’água. Vale a pena aguardar o entardecer e contemplar o pôr-do-sol do cerrado brasileiro visto do Eixão, quando aparece bem ao fundo do Congresso Nacional. O patriotismo une-se a obra e o cenário remete o pensamento ao questionamento de como seria o Planalto Central na atualidade se não fosse à mente visionária de JK. Questionamento a parte, resta apenas conferir o que Brasília tem de melhor. As obras de Oscar Niemeyer, traçados e curvas são uma delas. Dicas de Viagem ü Brasília possui largas avenidas e muitos metros de grama e pouca calçada, o que torna quase que inviável conhecê-la em sua totalidade a pé. O Plano Piloto pode ser percorrido, porém, ao deixá-lo, a dica é alugar um carro ou negociar com um dos taxistas. ü A sinalização de Brasília é confusa e no Plano Piloto tem indicações de endereços por siglas, como SHN- Setor Hoteleiro Norte ou SHS – Setor Hoteleiro Sul. Há o de hotéis o hospitalar, o de clubes esportivos, o bancário, o comercial, entre outros. E há as Superquadras, Norte e Sul (SQS), áreas mais residenciais, que ocupam a maior parte das Asas Sul e Norte. Um pouco complicado. ü Perto dos setores hoteleiros há um shopping, o Pátio Brasil, e o setor de Diversão Sul e Norte, mas estão precisando de reforma. Melhor escolher o shopping. ü Os recepcionistas de hotel lhe dirão que não é aconselhável caminhar pelo Eixão e redondezas da rodoviária, principalmente, à noite. ü Há uma feira popular de importados em Brasília que é considerada uma das mais completas do gênero no país. Curiosidade Foi a partir da década de 50 que Niemayer escreveu seu nome definitivamente na história com a construção dos primeiros prédios de Brasília (DF). O congresso, o Palácio da Alvorada, a Praça dos Três Poderes e a catedral, todos em 1958, depois o Itamaraty, em 1960, representam esse período. Sua marca correu o mundo e, em 1965, na França, projetou a sede do Partido Comunista Francês. Em 1968, outras obras expressivas se somaram como o Mondadori, em Milão, na Itália, e a Mesquita de Argel, na Argélia. No Brasil, em 1980, marcou todo o apreço pelo amigo e anfitrião dos tempos da construção de Brasília, Juscelino Kubitschek, com a construção do Memorial JK. Nove anos depois foi a vez do Memorial da América Latina, um marco em São Paulo aos laços latino-americanos. Até passar, em 1994, a ser também o arquiteto de espaços voltados à arte como o Museu de Arte Contemporânea (MAC), de Niterói (RJ), e novamente aos espaços democráticos como a sede da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), em Brasília, em 1998. Já em 2002, depois de registrar sua importância na arquitetura moderna brasileira do século 20, inicia o século 21 com um projeto de arquitetura de grande escala. A Catedral de Niterói é o primeiro de uma série de prédios. Registros A Mostra comemorando os 50 anos da inauguração de Brasília exposta no Museu Nacional, conta a história dos primeiros construtores, os candangos, da Belacap os primeiros prédios e as surpresas. Os visitantes poderão contemplar todo o processo de construção e, de forma, itinerante, ouvir sons e envolver-se com os autores do feito. Fotos: Silvio Oliveira Na Bagagem A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União investigam suposta fraude em que políticos associados a organizações não-governamentais são suspeitos de usar dinheiro do Ministério do Turismo para fazer festas. Levantamento feito pela Folha de São Paulo mostra que, entre as 50 ONGs que mais receberam recursos do Turismo para eventos entre 2007 e 2009, 26 têm relação com políticos e partidos. O Plano Aquarela 2020, atividade de marketing turístico internacional do Brasil no exterior desenvolvido pela Embratur em parceria com a Unesco, foi apresentando dia 20 de abril, no Hotel Mercuri Delemar em encontro com o trade turístico. Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a metodologia e os critérios utilizados no planejamento estratégico de promoção internacional do turismo brasileiro. A Emsetur promove visita técnica a reforma do Palácio Olímpio Campos, nesta sexta-feira (23) e logo em seguida leva um grupo ao município de Santana do São Francisco, para conhecer projetos estruturantes desenvolvidos pela Prefeita Municipal. A previsão é que o grupo conheça melhorias no desenvolvimento turístico do município, que é conhecido por Carrapicho e que tem 80% da sua economia, concentrada na produção do artesanato em barro. O Festival Brasil Sabor 2010 acontecerá no período de 15 de abril a 31 de julho de 2010, envolvendo restaurantes de todo o país em uma grande ação de promoção e valorização da gastronomia brasileira. Em Sergipe, 75 restaurantes de 41 municípios, além da capital, participam do festival capitaneado pela Abrasel.
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