Vista parcial do rio Paraguaçu e São Felix do muro da rodoviária Os trilhos do trem ainda cortam a cidade (Foto: Silvio Oliveira)

Ao desembarcar no terminal rodoviário de Cachoeira, cidade localizada no Recôncavo Baiano, a 120km de Salvador, o turista tem uma visão privilegiada do rio Paraguaçu, e observa de imediato o que lhe aguarda: muita história dos tempos aéreos do Brasil escravocrata. O patrimônio histórico se alia ao tempero dos pratos à base do coco e azeite de dendê, além do cheiro de alfazema dos terreiros de candomblé com as imagens seculares das igrejas católicas. As ruas de Cachoeira têm o que mostrar.

A cidade preserva um patrimônio histórico dos séculos XVIII e XIX, quando seu porto era utilizado para escoamento de grande parte da produção agrícola do Recôncavo Baiano, principalmente açúcar e fumo, produtos até hoje produzidos no município. Destacam-se o Paço Municipal, com sobrados tombados pelo Iphan, a Casa de Câmara e Cadeia Pública, além da Igreja e Convento da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, um ícone na história do município, datado de 1715, em estilo barroco. O interior da Igreja do Carmo é revestido de ouro e painéis de

Igreja e Convento do Carmo hoje abrigam uma pousada. Foto: Silvio Oliveira

azulejos portugueses, abrigando também imagens de madeira de Macau.

A significativa presença de africanos e afrodescendentes em interação com europeus de variadas nacionalidades faz de Cachoeira uma base de estudos do sincretismo religioso. Basta fazer uma visita ao casario e a igreja da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte.

Passear pelas ruas de Cachoeira é sentir o cheiro da cozinha tipicamente do tempo dos escravos, a base de mandioca, a exemplo da maniçoba e do bobó, apreciados nos restaurantes locais. É viajar pelas linhas de trem que cruzam a cidade, ou simplesmente deixar o tempo passar à beira-rio.

Não deixe de conhecer a Igreja da Matriz Nossa Senhora do Rosário com teto em estilo barroco, completamente adornado por afrescos. Sua sacristia é um patrimônio a parte. Vizinho a ela fica o casario onde nasceu

Casa do samba de roda: Patrimônio Imaterial da Bahia. Foto: Silvio Oliveira

à enfermeira Ana Néri. Há também a Casa de Samba da Dona Dalva e mais adiante a Santa Casa, construído no século 18, a Capela de Santa Bárbara e o Chafariz Imperial.

O edifício que abriga a Igreja Nossa Senhora da Ajuda foi construído em 1687 e trata-se da primeira igreja da cidade de Cachoeira. Construção de relevante importância arquitetônica, abriga as imagens de Nossa Senhora da Ajuda, São Francisco de Assis, São Benedito, Santa Luzia, São Caetano e São Pedro. Nesta Igreja encontra-se a Irmandade de Nossa Senhora D´Ajuda.

No entardecer, a dica é aguardar o pôr do sol à beira do Paraguaçu. Do outro lado do rio fica a cidade de São Fêlix, e unindo-as está a Ponte D. Pedro II, inaugurada em 7 de julho de 1865. Sua estrutura é composta de ferro e lastros de madeira importados da Inglaterra, sendo uma das principais obras de engenharia na América do Sul à época. Vizinho a ela, a antiga Estação Ferroviária em ruínas mostra que por ali passaram pessoas e história. A cidade é uma boa

Samba de roda da Dona Dalva: tradição. Foto Silvio Oliveira

surpresa.

Dicas de Viagem

• A cidade tem um bom custo/ benefício em hospedagem e alimentos. Depois do apogeu da cana de açucare fumo, a cidade entrou em declínio. Com a chegada da Universidade Federal do Recôncavo Baiano e da Universidade Adventista, a cidade tem atraído uma comunidade jovem de alunos, aquecendo o comércio local e movimentando o setor de moradia e alimentos.

• Há boas instalações, principalmente de pousadas e apart-hotéis, porém a sugestão é se hospedar na Pousada Convento do Carmo. As instalações precisam de reforma e melhoria dos serviços, porém, continua sendo uma boa pedida para quem quer curtir a história. A pousada possui um bom restaurante com agradável vista da piscina.

Detalhes do Convento do Carmo e imagens de Macau. Foto: Silvio Oliveira

• Caso tenha pouco tempo, pode-se fazer um bate e volta até a cidade, partindo de Feira de Santana, distante 47km, 120km de Salvador e mais de 340km de Aracaju. Há ônibus de uma em uma hora e o preço da passagem não chega a custar R$ 10. A passagem é comprada na hora do embarque na estação rodoviária de Feira de Santana. Para quem tem mais tempo, a dica é pernoitar para conhecer melhor a cidade.

• Não deixe de visitar o Centro Cultural da Irmandade da Boa Morte, aberto a partir das terças-feiras. Há uma exposição permanente de fotos. A história é recheada de segredos e misticismo que duram mais de 200 anos. A festa aconteceu de 13 a 15 de agosto, todos os anos. (Veja mais sobre a Irmandade na próxima semana).

• Há inúmeros ateliês na cidade, a exemplo do casarão Hansen Bahia, que deverão ser visitados. Hansen, alemão, pintor, escultor, escolheu a Bahia como sua “Nação”. Na Praça da Aclamação, o sobrado-sede do Iphan abriga obras de artistas baianos. Há também bons restaurantes no entorno.

• Não deixe de percorrer as ruas do centro da cidade e mercado municipal. As ruas da cidade transpiram baianidade e história.

• O samba de roda é o ritmo tradicional do Recôncavo Baiano e Patrimônio Imaterial do Brasil. No mês de março acontece a emancipação política da cidade e apresentações são quase que diária. (O samba de roda merece um post especial).

Moqueca baiana de siri catado caompanhada de pirão e vinagrete. Foto: Silvio Oliveira

Gastroterapia

No Recôncavo um dos pratos mais apreciado é a Maniçoba produzida à base da folha de mandioca cozida, com carne-seca, linguiça calabresa, amendoim torrado e camarão defumado, além de temperos e pimentas. Há variações nos ingredientes conforme a região, mas a unanimidade nas diversas cidades baianas é a tradicional moqueca.
A Moqueca de siri catado é encontrada nos diversos restaurantes de comida baiana, servida com salada vinagrete e arroz branco. O prato leva o azeite de dendê com leite de coco, perfumado com muito cheiro verde e especiarias.

Na Bagagem

Festival de Turismo das Cataratas

As inscrições para o 10° Festival de Turismo das Cataratas já estão abertas. O evento acontece entre os dias 17 a 19 de junho em Foz do Iguaçu (PR). Até o dia 10 de maio, o credenciamento tem valor especial para estudante e professor (R$ 35), e para hoteleiro e instituição (R$ 45). Após essa data, o preço será reajustado. Agente de viagem, operador de turismo, guia de turismo, imprensa e expositor são isentos da cobrança, mas devem fazer seu cadastro prévio on-line. Todos os inscritos precisam ficar atentos às instruções do regulamento no site do FIT .

Bistrô Senac  Cacique Chá

A memorável casa que abriga inúmeras histórias dos anos 50 em diante, o Cacique Chá foi reaberto e abriga um bistrô escola do SENAC, além de galeria de arte com as obras do artista Jenner Augusto. Vale a pena visitá-lo.  Fica na Praça Olímpio Campos, no centro de Aracaju.

Terminal Turístico de Pirambu

Uma infraestrutura agradável e que possa acolher turistas com conforto e segurança e a proposta de reforma e ampliação do novo terminal turístico que deverá ser construído na praia de Pirambu. A reunião entre dirigentes municipais e secretaria estadual de Turismo poderá ser a primeira iniciativa para o projeto sair do papel. Um projeto de visitação de tartarugas no Projeto tamar também está em pauta.

Fanpress em Sergipe

A Secretaria do Turismo de Sergipe se deu conta que de que trazer jornalistas especializados para conhecer as belezas de Sergipe é bem mais barato que investir em mídias a preço elevado. A expectativa é trazer mais de 350 agentes de turismo e 100 jornalistas ao logo de 2015. Os especialistas visitam in loco um local e escreve sobre ele. Resta captar os principais jornalistas do país e do exterior para que a mídia seja direcionada ao público-alvo correto.

BNTM 2015

A CTI Nordeste pretende realizar a maior bolsa de turismo do nordeste em Fortaleza (CE), no período de 22 a 26 de abril. A previsão da BNTM 2015 é receber 1,5 mil visitantes, entre operadores, agentes de viagens e representantes do trade, somando mais de 30 países e movimentando cerca de R$ 200 milhões em negócios.

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Contato: silviooliveira@infonet.com.br