ABRIL VERMELHO Anos atrás, li numa entrevista Sebastião Salgado, Salgadôô como dizem os franceses, declarar que o Movimento dos Sem Terra era o mais relevante fenômeno político do Brasil nos últimos vinte anos. Movimento que ele registrou, inclusive em Sergipe, num magistral ensaio fotográfico nos livros Trabalhadores e Terra: homens, mulheres e crianças portando foices e facões, quase um épico russo. Na época achei o comentário demasiadamente exagerado, mas diante dos acontecimentos recorrentes no Brasil…. não sei não. Sempre que assistimos ao boi mansismo do povo brasileiro, sua indiferença blasé, benevolência, e as vezes até admiração disfarçada com a corrupção, dá gosto assistir a um Brasil que reage e derruba cercas. Ufa! Finalmente alguém se posiciona indignado. Falo do episódio da invasão do Congresso, onde apesar das cenas de selvageria explícita, a gente se sente de certa forma representado…Afinal que seria da Revolução Francesa sem a queda da Bastilha? Esse ano eles voltam a se manifestar numa série de invasões de edifícios públicos no que se convencionou chamar de abril vermelho. Alguns afirmam que o movimento não tem mais razão de existir, uma vez que o governo está fazendo a reforma agrária. Mas se há controvérsias…eles não se deixam esquecer. Me espanta, no entanto, o tratamento dado ao movimento, especialmente pela grande mídia, que cobra civilidade de quem sempre foi tratado a bala!
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